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Por que o estresse aumenta o apetite?

5 minutos
Muitas pessoas comem demais quando estão estressadas. Seu principal argumento é que a comida os acalma e os faz se sentir melhor. Neste artigo analisamos os motivos.
Por que o estresse aumenta o apetite?
Montse Armero

Escrito e verificado por a psicóloga Montse Armero

Última atualização: 29 outubro, 2022

O estresse afeta uma grande porcentagem da população hoje. A sobrecarga de trabalho, a quantidade de superestimulação a que somos submetidos ou a difícil conciliação entre família e trabalho fazem com que milhões de pessoas no mundo sofram desta doença.

De forma evolutiva, estamos adaptados a ter momentos específicos de estresse porque é algo que facilitou nossa sobrevivência como espécie.

Viver um momento estressante não é o mesmo que viver estressado. A primeira é normal, inesperada e gerada pelo ambiente, enquanto a segunda, vivendo sob estresse, é tóxica, procurada e gerada por nós mesmos porque se tornou um hábito e não sabemos viver de outra forma.

Bernardo Stamateas – Emoções Tóxicas

Do estresse pontual ao estresse crônico

O estresse mantido diariamente torna-se crônico e afeta a saúde de várias maneiras:

  • Piora a hipertensão e as alergias.
  • Aumenta a dor.
  • Gera ansiedade, insônia ou depressão.

Um dos fatores mais afetados quando sofremos estresse é o apetite. Assim, há pessoas que, diante do estresse, dificilmente conseguem comer e, por outro lado, outras não conseguem parar de comer.

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Veja: O mantra Tara Verde para aliviar o estresse

Relação entre alimentação não saudável e estresse

Muitos de nós, quando estamos estressados, não apenas tendemos a comer mais, mas também o tipo de alimento que acalma nossa ansiedade tende a ser inadequado.

Um estudo publicado em 2006 na revista Physiology and Behavior mostrou que pessoas sob estresse tendem a escolher alimentos não saudáveis e ricos em gordura, como chocolate M&M’s, em vez de alimentos saudáveis e com baixo teor de gordura, como uvas.

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Comportamentos arriscados, mas muitas vezes prazerosos, são formas de lidar com o estresse. É por isso que há uma predileção por junk food.

Outro experimento dos mesmos autores mostrou que mais mulheres do que homens aumentaram significativamente a ingestão de alimentos quando estavam estressadas, principalmente se já seguiam algum tipo de dieta hipocalórica para perder peso.

Em muitas ocasiões, esse tipo de comportamento responde ao que conhecemos como fome emocional. Esta é caracterizada por ser um tipo de fome que nos leva a comer compulsivamente alimentos altamente palatáveis para acalmar sensações e emoções desconfortáveis, como estresse, tristeza, raiva ou solidão.

Que fatores fisiológicos influenciam o aumento do apetite?

De acordo com um estudo publicado em 2007 na revista Psychoneuroendocrinology, o excesso de cortisol leva ao consumo de alimentos não saudáveis. Este é um dos hormônios mais secretados quando estamos estressados.

Outro estudo publicado em 2009 pela revista Trends in Endocrinology and Metabolism mostra como o estresse induz a secreção de glicocorticóides, que aumentam a motivação para comer, e a secreção de insulina, que promove a ingestão de alimentos ultraprocessados e a obesidade.

Assim, uma dieta rica em açúcares e gorduras não saudáveis reduz a resposta ao estresse. O efeito negativo é que reforça o hábito de comer de forma inadequada. Por isso, especialistas ressaltam a importância de ensinar técnicas aos pacientes para que aprendam a identificar suas sensações e modificar suas respostas alimentares excessivas.

Veja: Mulheres são mais propensas ao estresse

O que podemos fazer para reduzir nosso apetite quando estamos estressados?

Aqui estão algumas dicas que podem nos ajudar a reduzir os desejos de comida causados pelo estresse:

  • Aprenda a ouvir o que o corpo nos diz: devemos saber distinguir se a fome que sentimos é real ou emocional para agir de acordo.
  • Coma alimentos reais e saciantes: se comermos alimentos reais suficientes e atendermos às nossas necessidades diárias de carboidratos, proteínas e gorduras, será muito mais fácil se sentir satisfeito.
  • Evite ter alimentos não saudáveis em casa: a melhor maneira de evitar a compulsão por alimentos ultraprocessados é não ter acesso a eles.
  • Substitua alimentos inadequados por lanches saudáveis: se nos sentimos excessivamente estressados e não podemos evitar comer, pelo menos consumimos alimentos que nos fornecem nutrientes para o corpo.
  • Substitua a compulsão alimentar por outro comportamento: a compulsão alimentar pode se tornar um hábito e os hábitos podem ser mudados. Assim, em vez de comer, podemos tentar dar um passeio, ligar para um amigo ou passar tempo com nossos animais de estimação.
  • Analise o que acontece: comer em excesso ainda é a resposta para não sentir emoções desconfortáveis. Reconhecê-las será uma das soluções para o nosso problema.
  • Abrir espaço para o nosso desconforto: sentir o que precisa ser tratado será outro dos passos essenciais para superar nosso estresse.
  • Pense a longo prazo: quando comemos demais, é fácil focar apenas no momento presente. Por isso, é importante pensar nas consequências de nossas ações.
  • Seja racional: quando estamos muito estressados, muitas vezes somos sobrecarregados pelas emoções. Por essa razão, é fundamental que o pensamento racional entre em jogo para regular nosso comportamento.
  • Pratique a aceitação: estar permanentemente estressado nos coloca em uma situação de constante luta entre o que está acontecendo e o que gostaríamos que fosse. Para resolver qualquer problema, nada como aceitar a situação em que nos encontramos.

Recomendações finais para controlar o apetite diante do estresse

Apetite excessivo, ganho de peso e obesidade devido ao estresse são a consequência do problema, não a causa. Por isso, é importante não apenas tentar se alimentar melhor, mas, sobretudo, investigar o que nos leva a manter esse tipo de comportamento ao longo do tempo.

Somente se formos capazes de entender o que nos causa estresse crônico, podemos começar a resolver nossos comportamentos alimentares inadequados. Caso não encontremos uma resposta ou não saibamos administrar esse estresse, o mais adequado é pedir ajuda a um profissional de saúde mental.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Armero, M. (2019). Aprendiendo a vivir. Uno Editorial.
  • Duhigg, C. (2012). El poder de los hábitos. Editorial Urano.
  • Dallman, M. F. (2010). Stress-induced obesity and the emotional nervous system. Trends in Endocrinology & Metabolism, Vol.21, (3), 159-165. doi: https://doi.org/10.1016/j.tem.2009.10.004
  • Newman, E., O’Connor, D.B. & Conner, M. (2007). Daily hassles and eating behaviour: The role of cortisol reactivity status. Psychoneuroendocrinology, Vol. 32, (2), 125-132. doi: https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2006.11.006
  • Zellner, D.A., Loaiza, S., González, Z., Pita, J., Morales, J., Pecora, D., Wolf, A. (2006). Food selection changes under stress. Physiology & Behavior, Vol. 87, (4), 789-793. doi: https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2006.01.01

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.