Por que falamos enquanto dormimos?
Você já se perguntou porque falamos enquanto dormimos? Já lhe disseram alguma vez que, enquanto você dormia, começou a falar? Garantiram que, durante o sono, inclusive, você pode até conversar com as pessoas ao redor ou por telefone?
Quer saber por que falamos enquanto dormimos? Neste artigo, contaremos tudo.
Terei dito algo constrangedor?
Quando alguém que dormiu no mesmo quarto que nós diz a frase: “você fala dormindo”, a primeira reação que temos é a de: “Não é verdade”, e a segunda, “será que disse algo inapropriado?”
Talvez, em terceiro lugar, você queira saber por que o faz. A boa notícia é que há uma explicação científica para isso.
Falar enquanto se dorme não é algo extraordinário. Os discursos noturnos são inconscientes e, na maioria dos casos, tratam-se de simples declarações ou frases sem sentido que duram por alguns segundos.
Ainda que existam exceções de pessoas que podem falar muito tempo durante a noite.
Essa situação é mais comum do que pensamos, sobretudo nas crianças e adolescentes.
Depende de vários fatores, como, por exemplo, se tivemos um dia muito complicado, sentimos magoa ou não temos coragem de dizer o que sentimos.
No entanto, quando somos adultos ou idosos, e falamos enquanto dormirmos todas as noites (ou várias vezes seguidas) passa a ser considerado um transtorno do sono.
Isso pode se dever a uma exposição prolongada ao estresse, à tensão e ao cansaço, tanto físico quanto mental. Outros problemas relacionados são ranger os dentes e o sonambulismo.
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Sonilóquio: a síndrome de quando falamos enquanto dormimos
Este transtorno é outra mudança que se produz em nosso comportamento durante o sono.
Não é perigoso, não se considera um problema com consequências psicológicas nem médicas, e também não provoca inconvenientes em quem o sofre (com exceção de fazer uma declaração importante enquanto dorme).
Simplesmente, poderia ser considerado como uma característica própria de uma pessoa ao dormir.
O sonilóquio acontece em dois momentos do descanso. Primeiro, durante a fase MOR (Movimento Ocular Rápido, também conhecido como REM, na sigla em inglês) e, depois, na fase NO-MOR.
Na primeira, os neurônios trabalham de maneira muito parecida a quando estamos acordados. Por isso, o que acontece nessa etapa se conhece como “sonho paradoxal”, já que as experiências oníricas se desenvolvem com mais intensidade.
Por sua vez, na etapa REM, provoca-se uma ruptura no discurso do sono. Isso quer dizer que a boca, a garganta e as cordas vocais (que permaneciam inativas) “se ativam” e trabalham por alguns segundos.
É então quando aquelas palavras que estamos pronunciando no sono são ditas “em voz alta”.
Já quando falamos na etapa NO-REM, isso se deve aos sonhos transitórios.
Isso acontece porque nos encontramos semi-despertos e os mecanismos de vigília nos permitem falar.
A diferença do que acontece quando estamos 100% despertos é que as palavras ou frases que podemos dizer nessa fase não têm sentido.
O que fazer se falamos enquanto dormimos?
Se estamos dormindo com um parceiro ou compartilhamos o quarto com algum familiar; é provável que essas pessoas tentem decifrar o que queremos dizer ou entender nossas palavras.
No entanto, poderíamos dizer que isso é uma causa perdida. A razão? Não estamos conscientes do que dizemos!
O conteúdo do discurso é incerto em sua totalidade e dura poucos segundos. Podem ser palavras soltas, balbuciadas, ou coisas relacionadas com nossas experiências durante o dia (desse mesmo dia ou de dias passados).
É preciso então compreender que se trata de uma manifestação inconsciente. Não tem por que ter relação com nossos pensamentos ou sentimentos “despertos”, assim como acontece com os sonhos.
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Assim, tanto os que falam dormindo como quem os escuta não devem se preocupar nem dar muita atenção ao assunto.
Essas palavras são fragmentos de coisas que vivemos, talvez, nessa mesma jornada, ou talvez, há duas semanas, ou no ano anterior. Não sabemos em que momento o cérebro lhes faz ressurgir!
Considerações finais
O sonilóquio não é um problema grave nem requer tratamento psicológico. A única preocupação que podemos ter ao falar dormindo é se dissermos algo constrangedor, que nos comprometa ou nos ponha em problemas.
Se temos um parceiro com sono leve, talvez, isso pode gerar um inconveniente. No entanto, isso também aconteceria se roncássemos ou tivéssemos um pesadelo e o outro acordasse.
Da mesma forma, se o fenômeno aparece de forma abrupta depois dos 25 anos, e se repete várias vezes por semana, seria bom que consultássemos um especialista.
Pode se dever a algum medo, problema emocional ou muito estresse.
Entre os tratamentos mais usados para o sonilóquio grave ou crônico, podemos adotar hábitos relaxantes antes de ir para a cama, como:
- Tomar uma ducha morna
- Escutar música relaxante
- Ler um pouco
Se falamos enquanto dormimos é necessário evitar:
- O consumo de álcool ou de refrigerante
- O exercício após o entardecer
- Filmes ou noticiários que podem acelerar nossa atividade cerebral (por exemplo, se são de terror).
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