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Pedocin: a praia italiana que separa homens e mulheres com um muro

4 minutos
Há mais de um século, as entradas são separadas para homens e mulheres.
Pedocin: a praia italiana que separa homens e mulheres com um muro
Última atualização: 04 abril, 2023

La Lanterna ou Pedocin, como é mais conhecida, é uma praia do nordeste da Itália, na cidade de Trieste, que resiste ao avanço dos tempos: separa homens e mulheres nas areias (e até na água) por um muro.

Ela começou a ser frequentada por banhistas na primeira metade do século XIX, ainda sob o domínio austríaco, quando o Imperador Francisco 1º passou a estimular a construção de estruturas de suporte aos balneários.

A sua abertura oficial é datada em 1890 pelo turismo da Itália, embora haja quem considere a inauguração das casas de banho ao seu redor, em 1903 e com chuveiros para os turistas, como o nascimento da histórica praia.

No entanto, seu nome tem uma inspiração mais antiga: a tal “lanterna”, um farol hoje extinto na sua costa e que foi erguido em 1832.

O apelido “Pedocin” chegou anos depois e teria diversas interpretações: em uma gíria local, significaria “pequenos mexilhões” — já que a espécie era cultivada ali — ou “piolhinhos”, em uma possível referência às areias estreitas e lotadas ou à prática dos soldados de Francisco 1º de fecharem a praia das 14h às 16h para se lavarem.

Segundo o jornal italiano Il Post, alguns acreditam que o termo é uma corruptela de “ciodin”, como são chamados os pequenos ganchos para pendurar roupas em sua entrada.

Mudanças ao longo do tempo

Pedocin nem sempre teve um muro como atualmente. No entanto, a praia era dividida desde a inauguração de suas casas de banho em 1903 por uma cerca, ainda de acordo com o Il Post.

A ideia era estabelecer ambientes familiares e evitar grandes deslocamentos para conhecer a costa, o que rapidamente a tornou popular. Nos anos 1930, a cerca deu lugar ao muro de alvenaria.

Já no fim da década, em 1938, a praia começou a cobrar um bilhete de entrada para que fosse possível arcar com os custos de manutenção de chuveiros, banheiros e limpeza.

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Imagem: Divulgação/Turismo de Friuli Venezia Giulia

Durante a Segunda Guerra, de acordo com Sindicato Balneário da Itália, o jornal Il Piccolo di Trieste iniciou uma espécie de batalha pública para que os custos da ida à praia não pesassem no bolso das famílias mais pobres, sugerindo para isso até sua reunificação. Até hoje, a entrada permanece simbólica, para não espantar os turistas.

O preço é tradicionalmente baixo. O custo da entrada é de 1 euro.

Em 1959, o muro foi demolido, mas por pouco tempo, apenas por uma questão de logística: antes Pedocin era dividida igualitariamente, mas a área feminina sempre foi mais lotada que a masculina por poder receber também crianças de até 12 anos junto com as mães.

Pedocin: “L’Ultima Spiaggia”

Algum tempo depois, o muro foi reconstruído para permitir mais conforto para os frequentadores na areia e segue firme e forte com mais de 3 metros de altura até  hoje. Segundo a Secretaria de Turismo de Trieste, diversas autoridades sugeriram derrubar o muro de vez ao longo dos anos, mas sem sucesso.

Enquanto construções semelhantes foram extintas no restante da Europa, a divisão de Pedocin sempre foi apoiada pela população, que impediu a mudança. Em 2009, uma reforma restaurou suas casas de banho no estilo do início do século, o que tornou a praia muito atraente.

De acordo com o Il Post, o motivo pelo qual os moradores de Triestes são tão apegados ao muro não tem a ver com discriminação ou puritanismo. O muro é visto como um instrumento de liberdade, que permite que as banhistas fiquem confortáveis para fazer topless na areia ou se divertir com as amigas sem se preocupar com a observação do sexo oposto.

Tudo isso é muito curioso, tanto que, em 2016, a praia de La Lanterna se tornou tema de um documentário grego exibido no Festival de Cinema de Cannes chamado L’Ultima Spiaggia que retrata as relações e comportamentos dos frequentadores desta que é, como o nome do filme sugere, “a última praia” dividida.

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Divisão entre banhistas em Pedocin também é feita na água por meio de boias. Imagem: picture alliance/picture alliance via Getty Image.

Tradição

Para manter a regra em funcionamento, homens e mulheres desfrutam até de entradas separadas e só se encontram para bater papo sobre as boias na água.

“Pular a cerca” em Trieste só é permitido em casos excepcionais, quando enfermeiras precisam acompanhar pacientes idosos, por exemplo, ou quando médicos invadem a área do outro sexo para tratar um paciente.

A sua estrutura conta com outros confortos: além dos tradicionais chuveiros e vestiários, há uma área para “refrescos” na porção feminina durante a alta temporada. Também há barreiras flutuantes, para a segurança dos banhistas e painéis antipoluição que garantem que a água da praia esteja sempre limpa.

Normalmente, a praia fecha em alguns dias nas estações frias do ano e em outros tem entrada gratuita. No entanto, em 2023 foi reaberta antecipadamente e já voltou a receber visitantes todos os dias da semana sempre das 9h às 17h.

La Lanterna ou Pedocin, como é mais conhecida, é uma praia do nordeste da Itália, na cidade de Trieste, que resiste ao avanço dos tempos: separa homens e mulheres nas areias (e até na água) por um muro.

Ela começou a ser frequentada por banhistas na primeira metade do século XIX, ainda sob o domínio austríaco, quando o Imperador Francisco 1º passou a estimular a construção de estruturas de suporte aos balneários.

A sua abertura oficial é datada em 1890 pelo turismo da Itália, embora haja quem considere a inauguração das casas de banho ao seu redor, em 1903 e com chuveiros para os turistas, como o nascimento da histórica praia.

No entanto, seu nome tem uma inspiração mais antiga: a tal “lanterna”, um farol hoje extinto na sua costa e que foi erguido em 1832.

O apelido “Pedocin” chegou anos depois e teria diversas interpretações: em uma gíria local, significaria “pequenos mexilhões” — já que a espécie era cultivada ali — ou “piolhinhos”, em uma possível referência às areias estreitas e lotadas ou à prática dos soldados de Francisco 1º de fecharem a praia das 14h às 16h para se lavarem.

Segundo o jornal italiano Il Post, alguns acreditam que o termo é uma corruptela de “ciodin”, como são chamados os pequenos ganchos para pendurar roupas em sua entrada.

Mudanças ao longo do tempo

Pedocin nem sempre teve um muro como atualmente. No entanto, a praia era dividida desde a inauguração de suas casas de banho em 1903 por uma cerca, ainda de acordo com o Il Post.

A ideia era estabelecer ambientes familiares e evitar grandes deslocamentos para conhecer a costa, o que rapidamente a tornou popular. Nos anos 1930, a cerca deu lugar ao muro de alvenaria.

Já no fim da década, em 1938, a praia começou a cobrar um bilhete de entrada para que fosse possível arcar com os custos de manutenção de chuveiros, banheiros e limpeza.

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Imagem: Divulgação/Turismo de Friuli Venezia Giulia

Durante a Segunda Guerra, de acordo com Sindicato Balneário da Itália, o jornal Il Piccolo di Trieste iniciou uma espécie de batalha pública para que os custos da ida à praia não pesassem no bolso das famílias mais pobres, sugerindo para isso até sua reunificação. Até hoje, a entrada permanece simbólica, para não espantar os turistas.

O preço é tradicionalmente baixo. O custo da entrada é de 1 euro.

Em 1959, o muro foi demolido, mas por pouco tempo, apenas por uma questão de logística: antes Pedocin era dividida igualitariamente, mas a área feminina sempre foi mais lotada que a masculina por poder receber também crianças de até 12 anos junto com as mães.

Pedocin: “L’Ultima Spiaggia”

Algum tempo depois, o muro foi reconstruído para permitir mais conforto para os frequentadores na areia e segue firme e forte com mais de 3 metros de altura até  hoje. Segundo a Secretaria de Turismo de Trieste, diversas autoridades sugeriram derrubar o muro de vez ao longo dos anos, mas sem sucesso.

Enquanto construções semelhantes foram extintas no restante da Europa, a divisão de Pedocin sempre foi apoiada pela população, que impediu a mudança. Em 2009, uma reforma restaurou suas casas de banho no estilo do início do século, o que tornou a praia muito atraente.

De acordo com o Il Post, o motivo pelo qual os moradores de Triestes são tão apegados ao muro não tem a ver com discriminação ou puritanismo. O muro é visto como um instrumento de liberdade, que permite que as banhistas fiquem confortáveis para fazer topless na areia ou se divertir com as amigas sem se preocupar com a observação do sexo oposto.

Tudo isso é muito curioso, tanto que, em 2016, a praia de La Lanterna se tornou tema de um documentário grego exibido no Festival de Cinema de Cannes chamado L’Ultima Spiaggia que retrata as relações e comportamentos dos frequentadores desta que é, como o nome do filme sugere, “a última praia” dividida.

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Divisão entre banhistas em Pedocin também é feita na água por meio de boias. Imagem: picture alliance/picture alliance via Getty Image.

Tradição

Para manter a regra em funcionamento, homens e mulheres desfrutam até de entradas separadas e só se encontram para bater papo sobre as boias na água.

“Pular a cerca” em Trieste só é permitido em casos excepcionais, quando enfermeiras precisam acompanhar pacientes idosos, por exemplo, ou quando médicos invadem a área do outro sexo para tratar um paciente.

A sua estrutura conta com outros confortos: além dos tradicionais chuveiros e vestiários, há uma área para “refrescos” na porção feminina durante a alta temporada. Também há barreiras flutuantes, para a segurança dos banhistas e painéis antipoluição que garantem que a água da praia esteja sempre limpa.

Normalmente, a praia fecha em alguns dias nas estações frias do ano e em outros tem entrada gratuita. No entanto, em 2023 foi reaberta antecipadamente e já voltou a receber visitantes todos os dias da semana sempre das 9h às 17h.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.