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O que é dramaterapia e quais os benefícios dela?

6 minutos
Através de diferentes recursos expressivos, a dramaterapia facilita a encenação de uma situação com o objetivo de encontrar uma solução ou manifestar um incômodo.
O que é dramaterapia e quais os benefícios dela?
Maria Fatima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fatima Seppi Vinuales

Última atualização: 29 março, 2023

A terapia de drama, também chamada de “dramaterapia”, é uma forma de terapia psicológica que permite mudanças no comportamento e aspectos da personalidade, a fim de melhorar o bem-estar mental das pessoas. Pode ser aplicado tanto individualmente quanto em grupo.

Em particular, permite abordar diferentes situações, através de vários recursos teatrais, em que o corpo é o principal meio expressivo. Abrange movimentos corporais, improvisações, dramatizações, dança, entre outros. Pretende-se, dessa forma, reforçar o autoconhecimento, a autoconfiança e a autoestima.

Como é realizada? Que outros benefícios ela traz? Por não ser tão conhecida quanto outras formas de terapia psicológica, surgem várias dúvidas a respeito. A seguir, contaremos em detalhes em que consiste e como pode ser implementada.

Veja: Terapia fotodinâmica: em que consiste?

Como é feita a dramaterapia?

A dramaterapia, criada por J. Levy Moreno no ano de 1920, é um tipo de terapia que utiliza diversos recursos para levar a pessoa a expressar seu desconforto emocional, resolver seus conflitos ou se envolver em um processo de mudança.

Utiliza diversas técnicas, mas quase tudo acontece em torno de pessoas que representam ou encenam uma situação, por orientação ou guia do terapeuta. Embora sua aplicação seja geralmente mais frequente em terapia de grupo, também pode ser praticada individualmente.

No primeiro caso, além do diretor, são necessários os eus auxiliares (personagens secundários que colaboram com a cena), um palco (um local seguro para se expressar com confiança) e o paciente ou ator principal.

Geralmente é feita nas seguintes etapas:

  • Aquecimento. Nessa fase, o terapeuta deve criar o clima emocional adequado para que as pessoas se sintam confortáveis e possam se expressar.
  • Dramatização. Essa etapa seria o clímax da representação, pois aqui a pessoa designada como protagonista deve representar o papel atribuído. Ela o fará representando a situação como quiser, seja por meio de gestos, expressão oral, etc. Se for um trabalho em grupo, os demais personagens irão colaborar no desenvolvimento da cena para que ela fique bem vívida.
  • Eco grupal ou sharing. Nessa parte, eles compartilham como o protagonista se sentiu. Os demais participantes também devem expressar como se sentiram e devem contribuir com sua visão sobre a representação do protagonista.
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A dramaterapia pode ser aplicada individualmente ou em grupo. Além disso, é implementado com vários tipos de técnicas.

Princípios básicos da dramaterapia

Como princípios elementares da dramaterapia pode-se citar a espontaneidade e a filosofia do momento ou “o aqui e agora”.

  • Moreno aborda a espontaneidade de um ponto de vista criativo, das soluções que podem advir da capacidade de expressar sentimentos, em vez de deixá-los presos.
  • Quanto à filosofia do momento, refere-se ao trabalho aqui e agora; não importa quantos elementos do passado ou do futuro possam ser tornados presentes, trabalha-se em um dado momento e tempo.

Agora, embora a dramaterapia tenha como principal recurso a atuação, é importante ressaltar que não é a mesma coisa e que não é necessária experiência prévia. Diferencia-se por suas finalidades terapêuticas, pois busca algo mais do que a encenação.

Veja: O que é a Gestalt-terapia?

Algumas pessoas usam dramaterapia e psicodrama como sinônimos, pois têm alguns aspectos em comum. No entanto, elas têm uma diferença em termos de sua abordagem. Enquanto a primeira aborda um problema ou situação de forma indireta e não real, o psicodrama se baseia em situações concretas e reais e se refere ao protagonista da cena.

Benefícios da dramaterapia

Além de facilitar a expressão das emoções e a espontaneidade – além do fato de haver uma situação projetada – a dramaterapia apresenta outros pontos a favor. No espaço seguinte, os abordamos um por um.

1. O paciente se torna um protagonista ativo

Como muitas outras terapias, a dramaterapia considera o papel proativo da pessoa, comprometida com a mudança. Na verdade, nesse caso fica mais explícito, pois da forma que ele escolher fazer, o paciente estará expressando seu desconforto ou sua preocupação.

2. Facilita a catarse

Muitas pessoas têm dificuldade em expressar suas emoções e sentimentos quando são “elas mesmas”. No entanto, quando sentem que se distanciam do problema e podem assumir outro papel, acham mais fácil fazê-lo.

3. Adquirir um novo olhar sobre os fatos e novas habilidades

Quando ocorre em um ambiente de grupo e outros expressam sua visão dos fatos, é possível abordar uma situação por outro ângulo. Isso nos permite ampliar o olhar, pensar em soluções criativas e levar em conta detalhes que havíamos omitido.

Na mesma linha, também podemos nos livrar de “velhos papéis” cristalizados, que são impedimentos para a adaptação e para respostas mais funcionais e menos rígidas.

Quais atividades podem ser feitas na dramaterapia?

Na dramaterapia podem ser colocadas em prática diferentes técnicas que favorecem a livre expressão dos envolvidos. Os mais comuns são os mencionados abaixo.

1. Mímica

Como o próprio nome indica, a mímica utiliza a mimese, ou seja, a representação por meio de gestos ou movimentos. A linguagem não verbal ou corporal torna-se importante e é uma técnica muito útil para quem tem dificuldade em se expressar com palavras.

2. Role playing

Também conhecido como “interpretação de papéis”. Aqui o slogan é que cada pessoa que participa incorpora um determinado papel.

3. Dublagem

Outro membro do grupo representa o protagonista e age como se fosse ele. Assim, ele expressa o que pensa, sente e pensa. Essa técnica — do tipo espelho — é usada para ver a si mesmo. É esclarecedor sobre os nossos próprios comportamentos e a forma como somos vistos pelos outros.

4. Inversão de papéis

Essa técnica visa entender a outra pessoa, colocando-se na sua própria pele. Em outras palavras, trata-se de “colocar-se em sua pele”. A indicação para o desenvolvimento da cena tem a ver com a representação do outro, como ele pensa, o que poderia estar sentindo, etc.

5. Solilóquio

Nesse caso, o protagonista compartilha com o público tudo o que está acontecendo com ele, seus pensamentos e emoções. Você pode fazer isso conversando com o diretor (o terapeuta), como se estivesse falando consigo mesmo ou com um outro imaginário.

6. Máscaras

Muitas vezes as pessoas se libertam quando podem ser o que não são. Nesse caso, às vezes basta introduzir uma variante como as máscaras para que possam representar uma situação.

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As máscaras facilitam a expressão das emoções naqueles que são introvertidos ou tímidos.
Cada uma das técnicas mencionadas pode ser aplicada desde a infância. É possível incorporar elementos como fantoches, figurinos, entre outros.

Uma terapia para todos

A dramaterapia é compatível com outras linhas teóricas; contribuições da psicoterapia sistêmica, cognitiva, Gestalt, etc. podem ser utilizadas. A chave para potencializar seu uso é o terapeuta planejar o que fazer com base no que o paciente precisa e, claro, ensiná-lo a dominar as técnicas.

Essa forma de terapia pode ser uma alternativa muito útil para trabalhar um tema específico, ou para desenvolver algumas habilidades expressivas e emocionais, principalmente em pessoas muito tímidas ou introvertidas.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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