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Lesões fantasmas em crianças: por que é importante tratá-las?

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Às vezes, as crianças sofrem de dores que as impedem de continuar com suas atividades esportivas; mesmo quando não há dano físico real. Contaremos em que consistem as lesões fantasmas e como lidar com elas.
Lesões fantasmas em crianças: por que é importante tratá-las?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz

Última atualização: 23 agosto, 2022

A prática de exercício físico é benéfica para as crianças em vários aspectos. No entanto, quando um componente excessivamente competitivo está associado a ele, pode gerar estresse que leva ao que se conhece como lesões fantasmas. Estas nada mais são do que a manifestação de uma pressão psicológica que não pode ser enfrentada e se somatiza.

Muitas crianças relatam ter fortes dores de cabeça antes de ir para a escola quando sofrem bullying ou relatam uma grande dor de estômago antes de um exame importante. Essas dores e sintomas físicos para os quais nenhuma explicação orgânica pode ser encontrada, também ocorrem no caso de lesões fantasmas; só que o gatilho é a pressão derivada do esporte.

O que são lesões fantasmas em crianças?

Lesões fantasmas são dores corporais semelhantes às que uma lesão esportiva causaria, mas aparecem sem evidência física. Assim, as crianças podem sentir dores no tornozelo, braço ou perna (geralmente aparece nas extremidades) ou ter dificuldade de locomoção; mas o exame médico revela que não há lesão.

Essa dor fantasma geralmente se desenvolve em uma condição crônica que pode estar presente continuamente ou aparecer de forma intermitente (especialmente antes de jogos ou treinos). Causa grande desconforto e sofrimento às crianças e afeta sua vida em outras esferas, como social, familiar e pessoal.

É muito importante lembrar que a criança não está fingindo a lesão ou inventando nada. Ela realmente sente dor, sofre desconforto e a experimenta tão vividamente como se houvesse dano físico.

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Uma criança com uma lesão fantasma sente que a dor está realmente presente e o sofrimento é real.

Origem e causas das lesões fantasmas em crianças

Os primeiros casos de lesões fantasmas em crianças foram identificados na liga infantil de beisebol dos Estados Unidos. Essas crianças relataram dor semelhante à de uma lesão esportiva, além de uma série de sintomas incomuns e imprecisos.

Na realidade, estava ocorrendo uma síndrome ou transtorno de conversão, que em psicologia designa aquelas manifestações físicas que são o resultado de um conflito psicológico não resolvido. Em casos graves, esse distúrbio pode levar uma pessoa a até mesmo manifestar cegueira ou paralisia.

A origem do desconforto sem causa aparente é a pressão excessiva a que a criança é submetida em relação à prática esportiva. Uma competição acirrada, uma exigência muito alta do treinador ou expectativas muito altas dos pais podem levar a criança a uma situação insustentável.

Dessa forma, as lesões fantasmas parecem proporcionar um benefício secundário: a criança agora pode descansar ou evitar treinos e competições, uma vez que está lesionada. Obviamente, ninguém quer sentir dor ou ficar limitado, mas essa lesão oferece o ganho de poder escapar da pressão.

Novamente, vamos lembrar que tudo isso acontece em um nível inconsciente; a criança não está inventando ou gerando os sintomas. Sua dor é real, tem uma causa e precisa de ajuda.

Prevenção e tratamento

Em suma, a principal causa de lesões fantasmas em crianças é a pressão excessiva exercida sobre elas no esporte. É curioso ver que esse fenômeno ocorre com muito mais frequência nos esportes mais populares de cada região (como beisebol nos Estados Unidos ou futebol na Europa).

É que os pais, muitas vezes, esperam que os filhos possam ter uma carreira. Isso aumenta as expectativas e exigências que os pais colocam sobre elas e faz com que o esporte perca seu componente lúdico.

Assim, a principal chave para a prevenção é focar na atividade física como entretenimento, como forma de cuidar da saúde, estabelecer relacionamentos, divertir-se e crescer.

Se a lesão fantasma já apareceu, o primeiro passo será consultar um médico. Ele fará as perguntas pertinentes e solicitará os exames necessários para identificar a origem. Uma vez descartadas as etiologias físicas e orgânicas, e fique claro que não há lesão real, será hora de trabalhar no nível psicológico.

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Interpretar o esporte como um momento lúdico é fundamental para não pressionar as crianças.

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Portanto, a intervenção pretende reduzir a pressão emocional que a criança está vivenciando e mudará a interpretação em relação ao esporte. Será necessário um acompanhamento individualizado e uma boa orientação para a família.


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