Hemorragia subdural ou subaracnóidea
Escrito e verificado por médico Nelton Abdon Ramos Rojas
A dura-máter e a aracnoide são duas das três meninges presentes no ser humano. As meninges são as estruturas que envolvem o sistema nervoso central. Uma hemorragia subdural ou subaracnóidea se refere a uma hemorragia que ocorre abaixo de cada uma dessas duas meninges.
As meninges
O encéfalo e a medula espinhal estão protegidos pelo crânio e pela coluna vertebral, mas também contam com outro sistema de proteção: as meninges, também envolvidas no desenvolvimento nervoso.
Como explica o Dicionário de câncer do NIH: “As meninges são as três camadas de tecido que envolvem o cérebro e a medula espinhal”. Contamos com três dessas camadas que, de fora para dentro, são:
- Dura-máter.
- Aracnoide.
- Pia-máter.
A mais externa e grossa, a dura-máter, se separa do osso pelo espaço epidural. No crânio, esse espaço é virtual, ou seja, não existe porque a dura-máter está aderida ao osso. No entanto, ele existe na medula espinhal e está preenchido por veias e gordura.
Abaixo da dura-máter, está a aracnoide, separada pelo espaço subdural. Esse espaço também é virtual e só se torna real quando ocorre uma hemorragia e o sangue separa as duas meninges.
A aracnoide envia à pia-máter uma série de prolongações que percorrem o espaço subaracnóideo. O espaço subaracnóideo está ocupado pelo líquido cefalorraquidiano responsável, entre outras coisas, por amortecer as mudanças de pressão devido a batidas ou movimentos bruscos.
Por fim, a pia-máter está intimamente aderida ao tecido nervoso, acompanhando-o inclusive em seus sulcos. Ainda está sob investigação a possibilidade de que o acompanhe também até o interior do tecido.
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Hemorragia subdural ou subaracnóidea
Em uma hemorragia subdural ou subaracnóidea, a primeira circunstância é a saída de sangue dos vasos sanguíneos, que fica armazenado nos espaços entre as meninges. Isso causa danos no tecido encefálico, gerando, assim, diversos quadros clínicos.
No entanto, em função de a hemorragia ser subdural ou subaracnóidea, os desencadeadores, o decorrer da patologia e sua sintomatologia serão distintos.
Hemorragia subdural
A hemorragia subdural é definida como o armazenamento de sangue no espaço virtual entre a dura-máter e a aracnoide. Esse sangue costuma ser de origem venosa e costuma corresponder a causas traumáticas. No entanto, existem três tipos de hematoma subdural em função do tempo que demorar para se tornar aparente:
- Agudo.
- Subagudo.
- Crônico.
Hematoma subdural agudo
É o que se torna aparente mais rapidamente. Geralmente, deve-se a um traumatismo intenso que lesiona as veias que vão desde o córtex cerebral até as meninges.
Portanto, quem o sofre costuma entrar imediatamente em coma. Além disso, costumam aparecer sintomas de quando alguma parte específica do cérebro para de funcionar. Alguns exemplos são:
- Hemiparesia: impotência parcial para o movimento por lesão da área que rege a motricidade.
- Midríase: aumento anômalo do diâmetro da pupila por lesão da área que controla o músculo da íris.
Hematoma subdural subagudo
Tem uma evolução um pouco mais lenta e costuma ser menos grave. Isso se deve ao fato de que a quantidade de sangue liberada é menor e os mecanismos de coagulação conseguem frear o sangramento. Sua causa também costuma ser de natureza traumática.
Em primeiro lugar, costuma-se perder a consciência, que depois é recuperada. Logo em seguida, durante vários dias a pessoa vai sentir uma obnubilação progressiva, além de sinais de focalidade.
Hematoma subdural crônico
É consequência de múltiplos traumatismos leves ao longo do tempo. Estes dão origem a pequenas liberações de sangue que, ao não ser reabsorvido, acabam causando um hematoma subdural de dimensões consideráveis. É relativamente frequente em idosos.
O sintoma precoce costuma ser a cefaleia ou a dor de cabeça, associada a alterações da afetividade e do comportamento. A deterioração é progressiva, com tendência ao sono, pensamento desacelerado e outros sintomas.
Hemorragia subaracnóidea
A hemorragia subaracnóidea é definida como o acúmulo de sangue entre a aracnoide e a pia-máter. O sangue costuma ser de origem arterial e pode corresponder a diversas causas. A mais frequente é a ruptura de um aneurisma, mas também pode ser causada por malformações vasculares.
Os aneurismas podem se manifestar com cefaleias ou crises epilépticas antes de sua ruptura. Até em um terço dos casos, o fator desencadeador da ruptura do aneurisma é um esforço físico com componente emocional ou uma exposição prolongada ao sol.
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Uma vez que se rompem, começa a hemorragia subaracnóidea. Por exemplo, o mais frequente é que ocorra em pessoas que têm entre 40 e 60 anos. Por outro lado, o início da sintomatologia é brusco e ocorrem:
- Vômitos.
- Obnubilação.
- Cefaleia muito intensa.
- Fotofobia (intolerância à luz por causa de dor ou incômodos).
Aproximadamente 48 horas depois, costuma surgir a síndrome meníngea, causada pela irritação das meninges. Assim, aos sintomas anteriores, acrescenta-se uma rigidez na nuca. Podem ocorrer também déficits focais, como paralisia dos movimentos oculares.
As hemorragias subaracnóideas causam sequelas até em 60% dos casos. Além disso, 40% dos sobreviventes desenvolvem algum tipo de dependência.
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