Esquistossomose: o que é e como se contrai

A esquistossomose é uma doença parasitária muito comum no mundo. Está associada a regiões geográficas tropicais, de baixos recursos e com dificuldade na acessibilidade à água potável. Neste artigo, vamos contar algumas informações sobre a doença.
Esquistossomose: o que é e como se contrai
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 maio, 2022

A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma . Também é conhecida com o nome de ‘bilharzíaze’. Por outro lado, na classificação biológica, o parasita em questão é um trematódeo, um tipo de verme.

Os dados mundiais sobre a distribuição da doença são chamativos. Principalmente, localiza-se na África, no Brasil e na Ásia. Os países que declararam transmissão da doença dentro de seus territórios são setenta e oito. Duzentos milhões de pessoas estão infectadas e oitocentos milhões com possibilidade de contágio.

Em suma, os últimos dados realmente confiáveis do cálculo de mortes causadas pela patologia é de 2000. Naquela época, a Organização Mundial da Saúde estimou em duzentas mil mortes anuais. Por outro lado, considera-se que esse número diminuiu devido ao uso massivo dos antiparasitários.

Esquistossomose: doença parasitária

O parasita em questão é o único de sua família biológica capaz de penetrar na pele. Esse é seu recurso para infectar. A esquistossomose, como doença parasitária, precisa de hóspedes. E os hóspedes em que se alojam são dois: o ser humano e o caracol de água doce.

No ciclo de contágio, o caracol de água doce funciona como um hóspede intermediário. Dentro do animal, o Schistosoma passa por parte de seu crescimento para, depois, nadar e se alojar no ser humano.

Se tivéssemos que resumir seu ciclo de vida em poucas palavras, poderíamos descrevê-lo nas seguintes etapas:

  • Dentro de um ser humano previamente infectado, os ovos do parasita saem pelas fezes ou pela urina e chegam aos cursos de água.
  • Na água, os ovos liberam o parasita em um estágio denominado ‘miracídio’.
  • Os miracídios penetram na pele do caracol de água doce.
  • O parasita, dentro do caracol, cresce e chega a um estágio chamado ‘cercária’.
  • As cercarias abandonam o corpo do caracol e nadam em cursos de água doce até encontrar algum ser humano. Nesse momento, penetram em sua pele.
  • Dentro do ser humano, o Schistosoma chega aos vasos sanguíneos e migra para o fígado. No fígado, amadurece para se tornar um parasita adulto.
  • Os adultos, dentro da corrente sanguínea humana, se distribuem e reproduzem colocando ovos. Eles podem reiniciar o ciclo quando o humano elimina os ovos pelas fezes ou pela urina, ou podem se alojar em diferentes órgãos provocando quadros clínicos.
esquistossomose

Os sintomas da esquistossomose

O primeiro sinal da esquistossomose, como doença parasitária, é a lesão produzida no local por onde o Schistosoma entrou. Nessa região da pele, costumam aparecer uma erupção com mudança de coloração. A erupção, em alguns casos, pode aparecer até uma semana depois da penetração.

O que acontece a seguir é conhecido como Síndrome de Katayama. Trata-se da reação do corpo perante os ovos dos adultos parasitas que se reproduziram dentro do ser humano. Sintomas:

  • Febre.
  • Sensação de mal-estar geral.
  • Mialgias: dores musculares.
  • Fadiga.
  • Diarreia.
  • Hematúria: sangue na urina.

A partir de então, a infecção pode se tornar crônica, passando a formas persistentes da parasitose. As formas crônicas mais comuns da doença são:

  • Gastrointestinal: os ovos se instalam na parede do intestino. Há diarreia alternada com constipação e sangue nas fezes. Nas formas graves, pode causar a obstrução do trânsito intestinal.
  • Hepática: os ovos ficam no fígado, provocando sua inflamação e aumento de tamanho. Portanto, podem causar a obstrução dos vasos sanguíneos hepáticos, levando à hipertensão portal.
  • Geniturinária: os ovos são depositados nas vias urinárias e aparece sangue na urina. Por exemplo, se evoluir, é possível que se chegue a um estado de síndrome nefrótica, em que o rim elimina as proteínas. A forma mais letal é a insuficiência renal, quando o órgão não consegue mais realizar sua função.

Você também pode se interessar por: Relação entre as doenças de garganta e o intestino

Tratamento para a esquistossomose

Uma vez diagnosticada a doença parasitária, o medicamento de escolha para a esquistossomose é um antiparasitário. Chega-se ao diagnóstico por meio de um exame microscópico das fezes ou da urina.

No microscópio, é possível facilmente detectar os ovos do Schistosoma, que possuem uma forma característica. Porém, em alguns casos, os ovos não são visíveis até, pelo menos, dois meses depois da penetração da pele por parte do parasita.

esquistossomose

O antiparasitário praziquantel é o medicamento de escolha, e estudos científicos corroboram seu uso. A Organização Mundial da Saúde o distribui gratuitamente.

Foram propostas alternativas, com ivermectina, por exemplo, mas até agora nenhum estudo científico demonstrou maior eficácia.

Como a infecção está associada a atividades vinculadas aos cursos de água doce, sobretudo quando a permanência nesses locais é maior que trinta minutos, sem dúvida alguma, as recomendações preventivas são direcionadas a isso.

Por exemplo, nas regiões em que a doença é endêmica, como acontece na África ou em algumas partes do Brasil, devem ser tomadas precauções nos cursos de água, onde as pessoas nadam, tomam banho, praticam a pesca ou lavam roupas. Também é importante o controle sobre as águas doces que são utilizadas na agricultura.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Gray DJ, Allen G, Yue-Sheng, McManus DP. Esquistosomiasis: diagnóstico y manejo clinic. BMJ 2011;342:2651-2651
  • King CH, Dangerfield-Cha M. The unacknowledged impact of chronic schistosomiasis. Chronic Illness 2008;4:65-79
  • Doenhoff MJ, Cioli D, Utzinger J. Praziquantel: mechanisms of action, resistance and new derivatives for schistosomiasis. Curr Opin Infect Dis 2008;21:659-67.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.