Cientistas criam um "curativo vivo" de células-tronco para lesões no joelho
Revisado e aprovado por médico Nelton Abdon Ramos Rojas
A lesão do menisco é um dos problemas originários de lesões no joelho mais comuns em todo o mundo. Apenas na Europa e nos Estados Unidos são registrados mais de um milhão de casos a cada ano.
Trata-se de uma rotura ou lesão dos tecidos cartilaginosos do joelho, que funcionam como amortecedores da rótula, à qual conferem estabilidade.
O problema é bastante comum entre atletas, especialmente jogadores de futebol. A maioria dos casos só pode ser resolvida com a realização de uma cirurgia complexa.
Considerando que a região carece de irrigação sanguínea, a ferida não cicatriza com facilidade. Portanto, não chega a se curar por completo.
Portanto, os profissionais aconselham uma intervenção conhecida como “meniscectomia”, que consiste em extirpar totalmente o menisco. Embora possa ser bem sucedida, pode causar outros problemas futuros.
Surpreendentemente, há pouco tempo, pesquisadores da Universidade de Liverpool e Bristol, no Reino Unido, encontraram um novo método que pode curar a lesão sem a necessidade de recorrer à extirpação.
Trata-se de um “curativo vivo” feito com células-tronco do próprio paciente. Ao que parece, este tratamento pode estimular o crescimento celular da região afetada. Com isso, pode reparar a fratura ou lesão do tecido.
Meniscos “reparados” com um curativo de células-tronco
O estudo publicado na revista “Stem Cells Translational Medicine” mostra como um “curativo celular” pode estimular a recuperação dos meniscos afetados por lesões no joelho.
O curativo foi desenvolvido pela empresa spin-out Azellon, com financiamento da Innovate UK.
Foi testado pela primeira vez em cinco pacientes voluntários, com idades entre os 18 e os 24 anos, que sofreram uma lesão na região branca dos meniscos.
- Em primeiro lugar, os cientistas pegaram as células-tronco da medula óssea dos participantes e as cultivaram em placas de laboratório por duas semanas.
- Posteriormente, usaram as células maduras em uma estrutura membranosa. Em seguida, a implantaram no meio da lesão do menisco, costurando a cartilagem ao seu redor para cobri-lo e fixar bem.
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Qual foi o resultado? Para a surpresa dos pesquisadores, o método foi muito bem-sucedido e seus efeitos muito reconfortantes.
Todos os pacientes mostraram meniscos intactos 12 meses após o procedimento. Três deles tiveram uma recuperação total do joelho em um período de 24 meses.
Infelizmente, os outros dois pacientes tiveram que ser submetidos à cirurgia de extirpação total de meniscos, já que os sintomas originais reapareceram.
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São necessárias duas intervenções…
Ainda que se possa pensar que o desenvolvimento desse curativo novo evitará que os pacientes tenham que passar pela cirurgia, a verdade é que são necessárias duas intervenções para implantar o curativo.
A primeira para extrair as células-tronco da medula óssea e a outra para a implantação do curativo desenvolvido.
No entanto, Anthony Hollander, diretor da pesquisa, assegurou que estão trabalhando para fazer uma versão melhorada do tratamento. Para isso, estão utilizando células-tronco de doadores, para reduzir os custos e evitar as duas operações.
Por sua vez, o professor Ashley Blom, chefe de Cirurgia Ortopédica da Universidade de Bristol, acrescentou:
“O curativo celular oferece uma nova opção de tratamento que poderia beneficiar especialmente os pacientes mais jovens e os atletas, reduzindo a probabilidade de osteoartrite prematura após serem submetidos a uma meniscectomia”.
Resultados animadores para lesões no joelho
Apesar de ser um elemento que requer outros estudos, os resultados do “curativo celular” são muito interessantes. No futuro, representa uma alternativa muito importante ao procedimento para extirpar totalmente os meniscos no caso de lesões no joelho.
Por poder reparar o tecido lesionado, não seria necessário outros tipos de intervenções para recuperar a funcionalidade do joelho.
Além disso, como os tecidos se recuperam, diminuiria de maneira significativa o risco de transtornos crônicos. Por exemplo, a artrite, a artrose e a osteoartrite.
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