Como a gravidez ectópica evolui?

É importante conhecer os sintomas iniciais da gravidez ectópica, para consultar em tempo hábil. Aqui, explicamos como ele evolui e como estar alerta para detectá-lo cedo.
Como a gravidez ectópica evolui?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 maio, 2022

A gravidez ectópica é uma patologia que precisa de diagnóstico e tratamento oportunos para evitar que a vida da mulher seja colocada em risco. Se levarmos em consideração todas as gestações que ocorrem no mundo, aproximadamente 1 a 2% delas são ectópicas.

Ou seja, de cada 100 mulheres grávidas, 1 ou 2 sofrem da forma extrauterina da gravidez. No grupo de mulheres que apresentam gravidez ectópica, 99% se desenvolve nas trompas de falópio, sendo o local mais frequente de nidificação patológica da gravidez.

O que é gravidez a ectópica?

Basicamente, uma gravidez ectópica é qualquer gravidez que se desenvolva fora do útero da mulher. Além disso, também pode ser chamada de gravidez extrauterina.

Ectópico é uma palavra que deriva do grego e é composta de duas partes: ektos, que significa fora, e topos, que significa lugar.

Infelizmente, a frequência da patologia vem aumentando no mundo há algumas décadas. Os fatores que influenciam isso não estão claros. Suspeita-se principalmente do aumento de infecções sexualmente transmissíveis que, como veremos mais adiante, constituem um fator de risco.

Causas da gravidez ectópica

A gravidez ectópica pode ter causas anatômicas e funcionais.

Em termos gerais, podemos separar as causas da gravidez ectópica em dois grupos: por causas anatômicas e por causas funcionais.

1. Causas anatômicas

Entre estas, o maior problema é a passabilidade das trompas de Falópio. Essa estrutura anatômica da mulher deve ser capaz de deixar o óvulo fertilizado, formado pelo óvulo e pelo espermatozoide, transitar livremente.

As trompas de Falópio podem ser bloqueadas por pólipos ou aderências formadas devido a infecções anteriores. Além disso, as doenças sexualmente transmissíveis são uma origem comum de aderências.

2. Causas funcionais

Em vez de alterar a anatomia das trompas de Falópio, o que pode ser alterado é sua mobilidade. Essa mobilidade da qual falamos é uma função que acompanha o caminho do óvulo fertilizado para alcançar o útero.

As trompas de Falópio podem ter fraqueza muscular ou, mais comumente, déficit de cílios. Os cílios são pequenas estruturas do órgão que se movem microscopicamente para arrastar o óvulo fertilizado. Por isso, se houver menos cílios, há menos mobilidade.

Fatores de risco

Existem grupos de mulheres com maior probabilidade de ter uma gravidez ectópica do que outras. Esses grupos apresentam algum fator de risco, ou seja, uma condição anterior que as torna mais suscetíveis a atingir a situação em que a gravidez se desenvolve fora do útero.

Os fatores de risco mais importantes são:

  • Doença inflamatória pélvica (DIP): este é o maior fator de risco, segundo estudos científicos sobre gravidez ectópica. As mulheres que tiveram IDP e tiveram um teste de gravidez positivo devem consultar o médico o mais rápido possível, para que um ultrassom determine a localização da gravidez.
  • Gravidezes ectópicas anteriores: a mulher que já teve uma gravidez extrauterina tem mais chances de voltar a apresentar o problema.
  • Ter feito abortos.
  • Usar o DIU como método contraceptivo.
  • Ter sido submetida a procedimentos cirúrgicos no abdômen ou na pelve.
  • Ter um histórico de doenças como endometriose ou tuberculose.

Como a gravidez ectópica evolui

Evolução da gravidez ectópica

Todas as gestações começam fora do útero, quando um espermatozoide fertiliza um óvulo. Essa fertilização ocorre nas trompas de Falópio, especificamente na área infundibular, que é a região mais distante do útero e mais próxima do ovário.

Os primeiros dias do óvulo fertilizado ocorrem lá e depois ele migra pelos tubos em busca de implantação ou nidificação, que é o processo pelo qual o óvulo fertilizado adere ao útero. Assim, normalmente, entre 7-8 dias após a fertilização, o óvulo deve começar a implantação. Ou seja, uma semana após a formação, o óvulo deve entrar no útero para permanecer lá.

Na gravidez ectópica, a nidificação ou implantação ocorre fora do útero. A localização mais frequente é a trompa de Falópio, mas também pode se desenvolver no ovário ou na cavidade abdominal da mulher.

A grande maioria das gravidezes ectópicas não é viável, porque apenas o útero está condicionado a receber o óvulo e a proteger o embrião, alimentando-o. O resultado usual de gestações extrauterinas é o aborto espontâneo, que pode se manifestar sem sintomas, e a mulher pode nunca saber disso; ou tornar-se aparente com sangramento vaginal e dor na parte baixa do abdômen.

Em uma baixa porcentagem de casos, isso não se resolve. A gestação cresce fora do útero, às vezes completando um trimestre inteiro. Essa é a variante mais perigosa. Por outro lado, as gestações ectópicas localizadas na trompa de Falópio, quando em crescimento, podem romper as trompas, causando sangramento interno do abdômen que exigirá intervenção cirúrgica imediata.

Considerações finais

Detectada a tempo, a gravidez ectópica é interrompida antes que complicações graves apareçam.

É por isso que a consulta médica é essencial durante o primeiro trimestre da gravidez, além da realização de um ultrassom obstétrico para determinar a localização do embrião no corpo da mulher.

Por fim, diante de qualquer sangramento vaginal ou dor abdominal na parte baixa persistente, a consulta médica oportuna também se torna essencial.


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