Logo image
Logo image

Cirurgia para aumentar a estatura: é perigosa?

6 minutos
A cirurgia para aumentar a estatura é um procedimento de alongamento progressivo das extremidades. É um processo lento, que pode causar dor e desconforto.
Cirurgia para aumentar a estatura: é perigosa?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Escrito por Leonardo Biolatto
Última atualização: 01 março, 2023

A cirurgia de aumento de estatura é um tratamento cirúrgico realizado para alongar as extremidades. Mas, apesar do que se possa pensar pelo nome, ter alguns centímetros a menos não é o principal motivo para fazê-la.

Em geral, a cirurgia para aumentar a estatura costuma ser indicada para pessoas com assimetrias nas extremidades. Isso pode originar inúmeros problemas de artuculação, associados a lombalgias, dores crônicas no joelho e no quadril, entre outros.

No entanto, tampouco é negligenciável a tendência a usar o método como cirurgia estética. Homens entre 20 e 40 anos parecem ser os mais interessados no procedimento, mesmo sendo saudáveis e sem registrar doenças ósseas.

Deve-se estar ciente de que é um processo de recuperação lento e geralmente muito doloroso; além disso, a técnica é complexa e pode envolver certos riscos. Neste artigo explicamos tudo o que você precisa saber sobre isso.

Cirurgia para aumentar a altura: o que é e por que é feita

É conhecida como técnica de alongamento ou alongamento ósseo, a cirurgia para aumentar a estatura. Esse é um procedimento cirúrgico aplicado aos ossos das extremidades.

Embora também permita que pessoas com baixa estatura patológica aumentem a estatura, seu principal objetivo é corrigir problemas como deformidades ou discrepâncias ósseas (diferenças de comprimento entre os membros), bem como perdas ósseas devido a traumatismos ou tumores.

Em geral, além dos problemas mencionados, esse procedimento é recomendado nos seguintes casos:

  • Displasia esquelética: é uma doença causada por diferentes defeitos congênitos, onde há uma alteração no crescimento ósseo. É por isso que geralmente são pessoas com extremidades deformados e baixa estatura.
  • Osteogênese imperfeita: Um transtorno genético no qual os ossos são mais frágeis do que o normal. Isso significa que, em caso de algum traumatismo, se fraturam com facilidade.
  • Além disso, a cirurgia para aumentar a estatura pode ser usada para tratar a acondroplasia.

O alongamento ósseo pode ser realizado em crianças e adultos. No entanto, é fundamental que o paciente esteja saudável, sem infecções ou doenças metabólicas.

Veja: Injeção de hormônio do crescimento: o que é e quando é usada?

Como é feito o procedimento de alongamento ósseo?

Essa técnica permite o alongamento ou estiramento das extremidades. Dispositivos de extensão internos são frequentemente usados para isso.

São uma espécie de haste extensível, com um sistema de engrenagens que é colocado dentro do osso (pode ser a tíbia ou o fêmur). Por outro lado, um fixador externo é colocado no membro em que está sendo feito o alongamento ósseo. Para fazer isso, agulhas ou parafusos são usados na pele e nos músculos.

Da mesma forma, adiciona-se à pele um dispositivo que permite controlar a extensão da haste, para alongar lenta e gradualmente o membro. É importante que, diariamente, o fixador seja progressivamente alongado.

Esses dispositivos são mantidos por muito tempo, dependendo de quantos centímetros se deseja estender. O normal é que sejam 3 meses, no mínimo.

Os passos a seguir durante a cirurgia são os seguintes:

  1. O membro é anestesiado ou anestesia geral é usada. Assim, quando a incisão é feita na pele, o paciente não sente dor.
  2. O dispositivo de alongamento é colocado e o osso a ser alongado é cortado. Isso cria um espaço no qual a nova massa óssea crescerá.
  3. Parafusos são usados para fixar o dispositivo e ele é adaptado ao controle remoto que é acionado por ímãs.
  4. Finalmente, a ferida é fechada com suturas.
Some figure
Esse procedimento cirúrgico é complexo, pois se trata de estimular a formação de novo tecido ósseo.

Cuidados pós-operatórios

A cirurgia para aumentar a estatura envolve dor e espasmos musculares. Durante todo o processo de recuperação, serão necessários analgésicos poderosos para aliviar a dor.

Tanto o paciente quanto seus cuidadores devem conhecer todo o protocolo de cuidados relacionado aos aparelhos e feridas. Isso é fundamental tanto para evitar infecções quanto para falhas nos mecanismos, que podem comprometer o sucesso do procedimento.

Além disso, durante o período de recuperação, enquanto os ossos estão se alongando, você não conseguirá andar normalmente. A extremidade ou extremidades que estão sendo alongadas ficarão praticamente inutilizáveis.

É essencial evitar aplicar peso sobre eles.

A pessoa não poderá exercer suas atividades, devendo depender de outra. Muitas vezes, a ajuda é necessária para qualquer tarefa diária, como vestir-se ou tomar banho. Por isso, é recomendável contar com um bom apoio psicológico para enfrentar essa situação.

É extremamente importante seguir as instruções de como usar o aparelho de alongamento. Embora ele geralmente costumar estar programado para cada pessoa especificamente.

Também é necessário enfatizar que as visitas ao médico serão frequentes. Nelas, o mais seguro é que sejam feitas radiografias para verificar o estado dos ossos.

Por fim, ao final da fase de recuperação, será indispensável realizar fisioterapia, exercícios de alongamento e fortalecimento, inclusive reeducação motora, para voltar a usar os membros.

Resultados da cirurgia para aumentar a estatura

Some figure
A reabilitação é um passo inevitável na recuperação, uma vez que a imobilização é prolongada.

Após a cirurgia para aumentar a estatura é preciso passar por um longo processo e ter muita paciência. Não é um procedimento com resultado imediato, mas pode durar até 3 meses de pós-operatório.

No entanto, o alongamento ósseo não é perfeito. Na verdade, cada osso tem um alongamento máximo. A tíbia pode alongar cerca de 4 centímetros e, no caso do fêmur, pode chegar a 6 centímetros.

Possíveis riscos

Se decidir fazê-lo, é fundamental consultar um especialista nessa técnica. Qualquer falha pode prejudicar seriamente a saúde.

Embora seja bastante segura, a cirurgia para aumentar a estatura também traz riscos. Uma deles é a embolia gordurosa, ou seja, certas partículas gordurosas que compõem o osso podem se soltar e bloquear um vaso sanguíneo.

Esse é um risco que se assume em qualquer cirurgia ortopédica. Outras complicações semelhantes são trombose venosa profunda e embolia pulmonar.

Por outro lado, após a cirurgia para aumentar a estatura, também pode ocorrer consolidação óssea prematura. Nesse caso, o tecido ósseo se fecha precocemente, impossibilitando a continuação do alongamento.

Falha de consolidação também pode ocorrer. Ao contrário do que acabamos de explicar, é possível que isso não aconteça no espaço onde o novo osso deve crescer. Está associada a baixos níveis de vitamina D e tabagismo.

Veja: Até que idade os homens e as mulheres crescem?

Considerações sobre a cirurgia para aumentar a estatura

Alguns informes internacionais advertem sobre o uso excessivo dessa cirurgia com fins estéticos. A falta de conformidade com o aspecto leva a uma busca persistente de mudanças que poderiam resultar perigosas.

Antes de realizar uma cirurgia para aumentar a estatura, é fundamental levar em consideração alguns aspectos. Antes de tudo, é importante estar ciente de que essa técnica causa dor, desconforto e incapacidade.

Também é um processo lento, que exige paciência. Você deve ter em conta que terá que passar dias no hospital. Em seguida, vai exigir um longo período de inatividade.

Se for uma criança, é muito provável que tenha que deixar a escola nesse período. Dessa forma, o ideal é tentar que prossiga com sua formação em casa e  que não descuide dos estudos. Nesse sentido, geralmente é recomendável solicitar ajuda de um cuidador especial.

Nem todo mundo pode se submeter a esse procedimento cirúrgico. É preciso ter muita vontade e disciplina, pois seguir as orientações do médico será fundamental para obter um bom resultado e evitar complicações.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bahney, C. S., Zondervan, R. L., Allison, P., Theologis, A., Ashley, J. W., Ahn, J., … & Hankenson, K. D. (2019). Cellular biology of fracture healing. Journal of Orthopaedic Research®37(1), 35-50. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/jor.24170
  • Barinov, A. S., Vorobyev, A. A., Shtatov, V. V., Barinova, E. A., Nikolenko, V. N., Barinov, A. N., & Sinelnikov, M. Y. (2020). Excessive Aesthetic Lower Limb Elongation Management. Plastic and Reconstructive Surgery Global Open8(4). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7209867/
  • de Pablos, J. (2015). Dismetrías de los miembros inferiores. MBA Inst13(3). http://www.mbainstitute.eu/recursos/boletines/12mk075-boletin-mba-institute-bo13-150ppp.pdf
  • de Pablos, J., Herranz, P. G., Arbeloa-Gutiérrez, L., & Stefano, E. (2022). Alargamiento óseo con clavos magnéticos. Experiencia en pacientes menores de 18 años. Revista Española de Cirugía Ortopédica y Traumatología66(5), 355-363. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1888441521000989
  • Gutiérrez-Díez, M. P., Molina Gutiérrez, M. A., Prieto Tato, L., Parra García, J. I., & Bueno Sánchez, A. M. (2013). Osteogénesis imperfecta: nuevas perspectivas. Rev Esp Endocrinol Pediatr4(160), 75-85. https://idim.com.ar/blog/wp-content/uploads/2014/10/OI-Nuevas-perspectivas-Gutierrez-Diez-2013.pdf
  • Hasler, C. C., & Krieg, A. H. (2012). Current concepts of leg lengthening. Journal of children’s orthopaedics6(2), 89-104. https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1007/s11832-012-0391-5
  • Ochoa, H. C. (2008). Planificación de una elongación ósea. Orthotips AMOT4(3), 181-184. https://www.medigraphic.com/pdfs/orthotips/ot-2008/ot083f.pdf
  • Talbot, D., & Mahlberg, J. (2021). Exploration of height dissatisfaction, muscle dissatisfaction, body ideals, and eating disorder symptoms in men. Journal of American College Health, 1-6. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07448481.2021.1877143
  • Villanueva, A. N. R., Fernández, L. S., Piqueras, L. C., Lahoz, P. L., Albarova, J. G., & Muñoz, A. D. A. (2017). La elongación ósea como tratamiento de la acondroplasia, un dilema ético. Beneficiencia vs. No maleficiencia. Boletín de la Sociedad de Pediatría de Aragón, La Rioja y Soria47(2), 59-59. https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6393721.pdf
  • Yanes Calderón, M., Amor Oruña, M. T., Mesa Suárez, M., & Varona Herrera, G. (2018). Displasia esquelética. Revista Cubana de Obstetricia y Ginecología44(1), 1-6. http://scielo.sld.cu/scielo.php?pid=S0138-600X2018000100012&script=sci_arttext&tlng=en

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.