Os cigarros mentolados podem ser mais prejudiciais do que os normais

Muitas pessoas preferem fumar cigarros mentolados por considerarem que eles têm uma menor concentração de nicotina. No entanto, a ciência derrubou esse mito.
Os cigarros mentolados podem ser mais prejudiciais do que os normais

Última atualização: 11 agosto, 2022

Embora os cigarros mentolados tenham representado uma saída para quem buscava minimizar os efeitos adversos do tabaco, a ciência provou que eles podem ser mais prejudiciais do que os cigarros normais. Neste artigo, vamos nos concentrar exatamente em algumas das pesquisas que sustentam essa hipótese.

Antes de nos aprofundarmos nesse tema, destacamos que os esforços para reduzir o consumo de cigarro parecem ter surtido efeito. De acordo com o Relatório Global da Organização Mundial da Saúde sobre as tendências da prevalência do consumo de cigarro entre os anos 2000 e 2025, o número total de fumantes no mundo diminuiu em 60 milhões de pessoas entre 2000 e 2018.

A nicotina que ele contém é a causa do vício e, de acordo com um relatório investigativo do National Institute on Drug Abuse, a liberação de endorfinas produzida ao consumi-la leva as pessoas a quererem mais.

Em um primeiro momento a substância eleva os níveis de dopamina, mas com o tempo acaba alterando os circuitos ligados ao aprendizado, ao estresse e ao autocontrole.

Uso do mentol em cigarros

A primeira marca comercial que adicionou mentol aos seus cigarros foi a Spud® na década de 1920. A promessa de vendas da maioria das empresas é frescor e sabor na boca após o consumo.

Soma-se a isso a tendência de consumo de cigarros mentolados pela população jovem. Segundo o Comitê Nacional de Prevenção do Tabagismo (CNTP) da Espanha, a hipótese indica que o agradável sabor gerado pelo mentol facilitaria a iniciação nessa população.

Entre os motivos pelos quais há maior preferência está a facilidade com que a fumaça entra e menos irritação. Por outro lado, existe uma falsa crença na comunidade que viu, por décadas, o uso do mentol como algo benéfico.

Um artigo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontou que os fumantes afro-americanos e membros de outras minorias étnicas são o foco da propaganda de cigarros mentolados, reforçando o consumo entre eles.

Por que os cigarros mentolados são mais perigosos?

Embora, à primeira vista, os fumantes de cigarros mentolados sintam que é mais fácil fumá-los, existem processos fisiológicos que eles desconhecem e aumentam os danos. Embora refresquem a garganta, esse reflexo que cobre o ressecamento faz com que os fumantes inalem a fumaça de forma mais profunda e a retenham por mais tempo, conforme explicado pela American Cancer Society.

Por outro lado, estudos indicam que essa sensação ocorre porque o mentol atua como um anestésico para o trato respiratório. Isso provoca menos mal-estar nos fumantes, mas significaria um aumento no número de cigarros diários, agravando e acelerando os efeitos adversos.

Bitucas de cigarro
O consumo de cigarros diminuiu no mundo, mas ainda é uma das principais causas de doenças mortais no planeta.

Mentol nos cigarros eletrônicos

Não há dúvida de que o mentol presente nos cigarros tradicionais causa sérios danos à saúde, mas não tanto quanto o causado pelo mentol usado nos cigarros eletrônicos. Além da origem desses tipos de produtos, os danos que causam se devem à presença de outras substâncias nocivas.

Estudos indicam que foram evidenciadas graves lesões pulmonares associadas ao uso de cigarros eletrônicos e vaping, como o chamado surto EVALI. Essa doença se caracteriza por sintomas semelhantes aos da pneumonia (tosse, febre e dificuldade para respirar).

A razão? Aparentemente, seria a presença de tetrahidrocanabinol, ou THC, e acetato de vitamina E.

Pulegona

Por outro lado, e não menos importante, temos o composto que confere o sabor mentolado aos cigarros. De acordo com um estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças detectaram altas quantidades de pulegona nos líquidos consumidos em cigarros eletrônicos mentolados.

Esta substância é um dos componentes dos extratos de óleo de menta, hortelã e poejo. O problema com seu consumo é que ele foi relatado como um potente cancerígeno, de acordo com testes feitos em roedores.

Tamanho é o seu impacto que, em 2018, a Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA, na sua sigla original) proibiu seu uso como aditivo alimentar. Devido aos vários alertas emitidos sobre seus riscos à saúde, as empresas de tabaco dos Estados Unidos começaram a minimizar os níveis de pulegone usados.

Por fim, é importante ressaltar que há pesquisas em andamento com o objetivo de estabelecer os riscos associados à inalação dessa substância e de outras presentes nos cigarros eletrônicos. Até o momento, sugere-se que o risco é maior em relação ao consumo tradicional.

O cigarro como causa de câncer

Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde, o hábito de fumar causa a morte de 8 milhões de pessoas por ano, das quais mais de 40% estão associadas a doenças como câncer de pulmão, DPOC e tuberculose.

Por sua vez, o Instituto Nacional do Câncer destaca que o tabaco é a principal causa de câncer e morte por essa doença no mundo. Os responsáveis ​​por isso são os compostos químicos que possui e que podem causar danos ao DNA.

Os tipos mais comuns de câncer que se desenvolvem a partir dessa causa são de pulmão, de laringe, de boca, de esôfago, de garganta, de bexiga, de fígado, de rim, de cólon e de colo do útero. É importante observar que o tabaco também afeta aqueles que o consomem de forma indireta.

Mais de 4000 compostos químicos de origem desconhecida foram identificados na fumaça desse produto. Cerca de 250 deles foram classificados como nocivos, entre os quais existem 50 cancerígenos.

Pessoa fumando cigarro
A fumaça do tabaco contém um grande número de substâncias nocivas que causam câncer e doenças crônicas graves, como a DPOC.

Parar de fumar é possível!

Independentemente de fumar cigarros mentolados ou tradicionais, quando você quiser parar, é possível que surja a síndrome de abstinência. Como já mencionamos, a nicotina é uma das principais substâncias que causam dependência.

Abandonar esse hábito evitará o desenvolvimento de doenças graves, como o câncer. Além disso, você também evitará que sua família ou amigos próximos sejam afetados pelos efeitos colaterais da fumaça no ambiente.

Para facilitar o processo de abandono, pode ser necessário procurar ajuda profissional e contar com o apoio de um médico. Se esse for o seu caso, não tenha medo ou vergonha. Sua vida vale a pena.


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