Cibercondria: o que é e como lidar com essa situação?

A cibercondria ou hipocondria virtual é o transtorno obsessivo que envolve buscar respostas para problemas de saúde na Internet. Pode ser considerada um tipo de transtorno de ansiedade.
Cibercondria: o que é e como lidar com essa situação?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 27 maio, 2022

A cibercondria é um transtorno de ansiedade descrito há muito pouco tempo. No entanto, vem se tornando cada vez mais comum com o crescimento da conectividade à Internet.

Muitos de nós vivemos em constante conexão por meio de e-mails, aplicativos de celular, e agora com a Internet das coisas, como televisores, eletrodomésticos, carros, etc. Esse acesso nunca existiu antes na história humana.

A era da hiperconectividade traz consigo a era da dispersão do conhecimento. Digitando uma pergunta em um navegador ou aplicativo, obtemos inúmeras respostas, algumas mais confiáveis ​​do que outras.

Quando se trata de questões relacionadas à saúde humana, a confiabilidade é importante. As respostas que os motores de busca fornecem podem misturar informações corretas e informações incorretas. Isso também vai depender da nossa capacidade de pesquisar e discernir entre tantas informações.

Chegamos assim à cibercondria, definida como um comportamento obsessivo de preocupação com o estado de saúde que se expressa nas buscas na Internet. Essas pesquisas têm como objetivo fornecer uma resposta rápida e eficaz ao que a pessoa já presume que ela possui.

Os números são óbvios. Em países de língua espanhola, as pesquisas relatam que oito em cada dez pessoas pesquisam tópicos de saúde na Internet. Desse grupo, seis em cada dez procuram doenças e sintomas que sentem.

A Internet é uma ferramenta maravilhosa, e a área de saúde se beneficia muito com a tecnologia da informação. No entanto, existe o risco de uma exposição excessiva a essas informações que algumas pessoas não conseguem controlar.

O diagnóstico de cibercondria

De acordo com os manuais de saúde mental, a cibercondria é um transtorno de ansiedade, assim como a hipocondria. No entanto, essa única definição não é suficiente para o diagnóstico.

Há profissionais que defendem que a cibercondria não existe, sendo apenas uma variante da hipocondria. Em última análise, o distúrbio subjacente é a ansiedade e se encaixa nos termos da ansiedade extrema com a saúde.

Observou-se também a associação entre a cibercondria e personalidades com baixa autoestima. Os usuários de Internet em geral, que a consomem compulsivamente, tendem a apresentar traços de baixa autoestima.

No entanto, o que seria um uso abusivo da internet? Vejamos as características:

  • Passar muito tempo do dia conectado.
  • Incapacidade de cortar a conexão de internet por livre e espontânea vontade.
  • Usar a internet de uma forma que altere aspectos da vida diária.

Essas características configuram, em primeira instância, um uso patológico da Internet. Se isso se mantiver ao longo do tempo e for exacerbado, diminuindo a qualidade de vida, torna-se um vício em Internet.

A cibercondria, por outro lado, é compatível com os transtornos obsessivo-compulsivos. Pesquisar algo excessivamente na Internet é um mecanismo de defesa para controlar pensamentos negativos recorrentes. Na saúde, é como se uma doença grave fosse evitada magicamente.

Mulher preocupada com a saúde
A cibercondria é considerada uma forma de hipocondria. Além disso, é compatível com transtornos obsessivo-compulsivos.

Os riscos da cibercondria

A cibercondria provoca consequências que afetam a qualidade de vida. Entre essas consequências, temos:

  • Ansiedade: geralmente, o estado de ansiedade não termina com a busca na Internet e se perpetua.
  • Despesas médicas: uma pesquisa na Internet pode sugerir exames complementares caros e desnecessários. O paciente presta mais atenção ao site do que ao profissional médico, que pode sugerir outro exame ou não.
  • Phubbing: este termo define o fato de ignorar a pessoa que está ao lado para dar mais atenção ao smartphone ou tablet.
  • Desigualdade social: o acesso à Internet é desigual no mundo, e o acesso à saúde também. Combinando as duas desigualdades, pode ocorrer que grupos de baixa renda consultem temas de saúde em serviços gratuitos de Internet para não pagar uma consulta médica, uma conduta que pode trazer riscos.
Ansiedade relacionada à saúde
Pessoas com cibercondria entram em um estado de ansiedade que não termina com a busca na Internet.

Tratamentos

A própria pessoa afetada pela cibercondria deve tomar a iniciativa de mudar a sua atitude e forma de vida. Embora isso seja difícil, existem passos que só podem ser dados por quem sofre com isso, de mãos dadas com o seu ambiente.

Entre essas etapas iniciais está a premissa lógica de agendar uma consulta médica em vez de embarcar em pesquisas intermináveis ​​na Internet. O profissional saberá guiar o processo de diagnóstico melhor do que um buscador.

Isso não significa parar de pesquisar tópicos médicos na Internet. O que você precisa fazer é aprimorar seu objetivo de pesquisa, contando com fontes confiáveis.

Uma maneira é preferir artigos com endosso médico ou de instituições de saúde reconhecidas.

Também é uma boa prática não prestar atenção excessiva às bulas virtuais dos medicamentos. As informações ali presentes sobre os efeitos adversos tendem a ser excessivas por motivos legais de laboratório.

E se, mesmo tomando medidas gerais, a cibercondria se instalar, é necessário iniciar o tratamento psicológico. A terapia cognitivo-comportamental é uma das modalidades de abordagem mais utilizadas para esses transtornos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Armstrong, L., Phillips, J. G., & Saling, L. L. (2000). Potential determinants of heavier internet usage. International journal of human-computer studies, 53(4), 537-550.
  • Rubio, Gonzalo Casino. “Cibercondría.” Jano: Medicina y humanidades 67.1544 (2004): 48.
  • Baumgartner, S. E., & Hartmann, T. (2011). The role of health anxiety in online health information search. Cyberpsychology, Behavior and Social Networking, 14(10), 613-618.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.