15 dicas que um médico deve considerar para evitar negligências

Muitos erros na assistência médica nascem de uma aplicação inadequada dos protocolos ou de problemas de comunicação, tanto em relação ao paciente quanto com os outros profissionais envolvidos no tratamento. Evitar negligências inclui solucionar esse tipo de situação.
15 dicas que um médico deve considerar para evitar negligências

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 09 agosto, 2022

Evitar negligências médicas é uma tarefa que cabe a todos os profissionais de saúde. Não é segredo que os processos judiciais motivados por elas vêm aumentando há vários anos nos países desenvolvidos. Este é um indicador de que esse assunto merece mais atenção.

Os processos judiciais associados a esse problema podem ter consequências graves para a carreira de um médico. Isso sem falar no ônus que implica para a o poder judiciário e para os próprios pacientes. Portanto, é fundamental evitar negligências no âmbito da saúde. Mas o que fazer para evitá-las? A seguir estão algumas dicas que vale a pena considerar.

Requisitos para o exercício profissional

Consulta médica.
Todos os profissionais de saúde devem ser qualificados e possuir a documentação pertinente.

Embora pareça óbvio, a verdade é que não é. Um médico em exercício deve ser certificado e ter todos os documentos em ordem. Isto deve ser devidamente corroborado pelas autoridades competentes. O mesmo se aplica a quem oferece serviços médicos alternativos ou complementares.

1. Competência e atualização: dois segredos para evitar negligências

Uma das melhores maneiras de evitar negligências é com um treinamento sólido e uma atualização constante dos conhecimentos. Os pacientes devem receber cuidados consistentes com o nível atual de conhecimento científico a respeito da condição que apresentam. A formação do profissional de saúde não termina com a obtenção do título.

2. Processar o histórico médico de forma adequada

O histórico médico é uma ferramenta muito útil, desde que esteja completo e seja consultado pelo médico antes do atendimento ao paciente. Idealmente ele deve conter os dados importantes de forma muito clara. Além disso, é inútil verificá-lo apenas de forma rápida durante a consulta. O histórico médico oferece uma base que deve ser levada em consideração.

3. Fazer um acompanhamento adequado

É importante manter um registro organizado e claro das consultas e exames solicitados. Isso deve ser devidamente documentado, pois é um dos elementos que reduz a possibilidade de um processo judicial. Além disso, com ele é possível monitorar a adesão do paciente ao tratamento.

4. Considere as evidências disponíveis

Uma medida eficaz para evitar negligências é tomar decisões médicas com base nas evidências disponíveis; ou seja, nos exames laboratoriais e físicos, além de outros dados fornecidos pelo paciente. Embora a medicina não seja uma ciência exata, estar atento a essas informações reduz a possibilidade de erros.

5. Identifique o paciente de forma precisa

O paciente deve estar identificado de maneira clara e sem margem para dúvidas antes da realização de qualquer procedimento, aplicação de medicamentos ou realização de exames laboratoriais. A própria OMS apontou que esta é uma das falhas que provoca grandes erros. Essa medida é ainda mais crucial para pacientes internados.

6. Encaminhe os pacientes corretamente

Uma das formas de evitar negligências é fazer com que cada médico reconheça as próprias limitações e encaminhe casos para outro especialista quando necessário. Da mesma forma, não convém forçar os meios técnicos disponíveis para chegar a um diagnóstico, se estes não forem os ideais.

7. Comunicação efetiva durante a transferência

Muitos dos erros surgem porque um mesmo paciente deve ser atendido por médicos diferentes, seja pela necessidade de uma abordagem multidisciplinar, seja pela mudança de plantão. Para que isso não gere dificuldades, é recomendável ajustar os protocolos de comunicação para que não haja espaço para imprecisões ou confusão.

8. Medicação segura

Os medicamentos devem ser administrados de forma segura. Em primeiro lugar com uma receita clara e específica que não gere dúvidas; em segundo monitorando interações medicamentosas de risco e garantindo que não haja excesso de medicação.

9. Segurança nos procedimentos cirúrgicos

Embora os procedimentos cirúrgicos não costumem gerar erros, eles não estão isentos de que isso aconteça. A sala cirúrgica deve estar preparada, com equipamentos de emergência e sangue compatível com o do paciente que receberá a intervenção. Além disso, é recomendável marcar o local da incisão antes de iniciar o procedimento, para que não hajam erros.

10. Redução no risco de infecção

Também parece óbvio, mas nunca é demais lembrar: o médico deve lavar muito bem as mãos com água e sabão ou antisséptico antes de examinar o paciente. Isso reduz o risco de infectar a pessoa com bactérias ou vírus que podem ser difíceis de tratar. Essa é uma forma básica de evitar negligências.

11. Redução no risco de queda

Isso é especialmente verdadeiro para pacientes hospitalizados. A primeira etapa é colocar corrimãos nos banheiros, quartos e corredores. A segunda é ter um cuidado especial com aqueles que tomam algum medicamento que provoque sonolência ou vertigem. Se for um paciente ambulatorial é necessário enfatizar os cuidados que devem ser tomados para evitar quedas.

12. Eventos adversos

Os eventos adversos devem ser relatados imediatamente, sem demora. Esses fatores que podem mudar completamente o tratamento e devem ser levados em consideração. Além disso, em caso de morte, acidente ou erro grave, esses se tornam elementos obrigatórios por lei para a realização das investigações correspondentes.

13. Comunicação ideal com o paciente

Paciente que exige atenção médica.
Ouvir o paciente com atenção ajuda a evitar negligências.

Uma boa comunicação com o paciente é uma das formas mais eficazes de evitar negligências. O médico deve garantir que o paciente compreenda a sua condição e as medidas a serem tomadas para o avanço do tratamento. Obviamente, é dever desse profissional ouvir com atenção para não negligenciar nenhuma informação relevante. A confiança mútua é um fator fundamental.

14. Promova uma cultura de segurança

Trata-se de fazer uma avaliação periódica da implementação e cumprimento dos protocolos de segurança com os pacientes. Se ocorrer um erro é essencial fazer o seguimento da cadeia de eventos que o originou. O objetivo é identificar onde, quando e por que as falhas ocorreram.

15. Resumo das 8 negligências médicas mais comuns

Se o que se quer é evitar negligências, nada melhor do que identificar quais são os aspectos ou áreas onde se concentram esse tipo de eventos. Os mencionados a seguir são os mais comuns:

Falta de perícia

Ocorre quando o profissional de saúde não tem conhecimento ou habilidade para tratar uma doença ou realizar algum procedimento. Esta é uma negligência médica que pode levar a consequências graves, inclusive um processo judicial. Esse problema é evitado agindo com maturidade e responsabilidade.

Falta de prudência

Ocorre quando o médico subestima ou desestima a relevância de uma condição, e também quando ele ignora ou não dá importância às possíveis complicações que podem surgir. Isso leva à não adoção de medidas preventivas ou de precaução adequadas. Evitar negligências desse tipo é essencial.

Erro em cirurgias

Uma intervenção cirúrgica exige o máximo de atenção e cuidado. Não é comum que aconteçam erros graves no contexto de uma cirurgia, mas quando eles ocorrem geralmente têm consequências muito graves. Portanto devem ser sempre mantidas a s mais altas medidas de segurança.

Falha no diagnóstico

Evitar negligências no diagnóstico é algo alcançado atendendo às evidências disponíveis. Devem ser utilizados todos os meios disponíveis, não apenas para formular o diagnóstico mas também para corroborá-lo. Um erro neste aspecto dá origem a uma cadeia de falhas que podem ser fatais em alguns casos.

Erros na prescrição

Em muitos casos as interações medicamentosas não são totalmente analisadas, e isso causa problemas para o paciente. Além disso é frequente que a supermedicação ocorra pelo fato de o profissional não abordar a condição do paciente de forma integral, mas setorizada. Também pode ocorrer que um erro na medicação piore o quadro que está sendo tratado.

Falta de consentimento informado

O paciente deve ser informado detalhadamente sobre os riscos de qualquer tratamento a ser feito, mesmo que se trate de um quadro de resfriado. Nos casos em que for necessário o paciente precisa assinar um Termo de Consentimento Informado. Isto significa que ele recebeu uma explicação sobre o conteúdo do que está assinando e que todas as dúvidas a respeito foram esclarecidas.

Infecções

Alguns procedimentos intra-hospitalares e ambulatoriais apresentam um risco de infecção, principalmente aqueles que envolvem o uso de agulhas, sondas ou cateteres. É preciso ter cuidado para que isso não aconteça, pois é motivo suficiente para a instauração de um processo judicial. Para evitar negligências desse tipo, é fundamental seguir os protocolos de higiene e assepsia.

Lesões durante o parto

Elas incluem quaisquer acontecimentos incomuns com a mãe ou o bebê durante o parto. O mais comum são danos à região pélvica, classificados como negligência médica.

Evitar a negligência é possível ao prestar atenção

Na maioria dos casos as negligências médicas são o resultado de uma má comunicação entre as partes ou do desrespeito aos protocolos estabelecidos. Esses são os dois fatores que mais frequentemente dão origem a erros que às vezes têm consequências muito graves.

Na medida em que o atendimento é padronizado, o risco de erros ou negligências é reduzido. Além disso deve ser enfatizada a importância de uma boa comunicação, tanto com o paciente quanto com o pessoal médico envolvido no atendimento dele.


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