Transplante de pulmão: tudo que você precisa saber
O transplante de pulmão é um procedimento cirúrgico no qual um ou ambos os pulmões doentes são substituídos por outros saudáveis, fornecidos por um doador falecido. É uma cirurgia complexa que melhora significativamente a qualidade de vida de uma pessoa.
Os primeiros transplantes pulmonares bem-sucedidos foram realizados na década de 1960 pelo Dr. James Hardy e depois pelo profissional Denton A. Cooley em 1968. A paciente inicial era uma menina de dois meses com insuficiência cardíaca congestiva e pneumonia recorrente.
Realiza-se esse tipo de procedimento quando uma pessoa tem uma doença pulmonar terminal ou uma patologia grave que se mostrou resistente aos tratamentos convencionais. O candidato a transplante de pulmão deve cumprir alguns requisitos para que seja escolhido para o procedimento.
Por que o transplante de pulmão é realizado?
Normalmente, somente se realiza um transplante de pulmão quando todos os tratamentos disponíveis para corrigir a insuficiência pulmonar não produziram resultados. Em geral, indica-se este procedimento para pessoas com menos de 75 anos de idade que tenham uma patologia grave nos pulmões.
Algumas das doenças que podem levar a um transplante desse tipo são as seguintes:
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
- Fibrose cística.
- Hipertensão pulmonar.
- Fibrose pulmonar.
- Bronquiectasia.
- Sarcoidose.
Indicações
Os candidatos ao transplante de pulmão devem atender a determinados requisitos, conforme já mencionamos. Somente se preencherem certas condições serão escolhidos para o procedimento. Entre os critérios que serão considerados, estão os seguintes:
- Idade: estabelece-se que o máximo deve ser de 75 anos, embora acima de 55 seja considerado de maior risco.
- Índice de massa corporal: não deve ser superior a 35.
- Risco de morte: é recomendado para pacientes que têm 50% de risco de morte nos dois anos seguintes se o transplante não for realizado.
- Alta chance de sobrevivência após o transplante: com base no seu estado geral de saúde.
- Comprometimento: o receptor do transplante deve assumir o compromisso de não fumar novamente, de não usar psicofármacos e de participar de um programa de reabilitação pulmonar.
Por outro lado, excluem-se aqueles que têm uma infecção ativa, e também aqueles que tiveram câncer nos últimos dois anos ou têm um problema sério de saúde em outro órgão. Da mesma forma, aqueles que estão desnutridos ou que não contam com uma rede de apoio que garanta a adesão ao tratamento pós-transplante não são escolhidos.
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Riscos do transplante de pulmão
O transplante pulmonar é uma cirurgia complexa e apresenta riscos consideráveis. Os mais importantes são a rejeição e a infecção. O primeiro ocorre quando o sistema imunológico do paciente ataca o pulmão ou os pulmões transplantados.
Para que isso não ocorra, são administrados ao paciente transplantado medicamentos anti-rejeição, que podem causar efeitos colaterais, como ganho de peso, problemas estomacais e crescimento de pelos faciais.
Esses medicamentos também tornam a pessoa mais propensa a desenvolver outras doenças, como diabetes, osteoporose, insuficiência renal e pressão alta.
Portanto, após um transplante desse tipo, o paciente deve manter rigorosas medidas de higiene e evitar o contato com multidões ou doentes. Por fim, outro possível risco é a formação de coágulos sanguíneos após a cirurgia, devido ao aumento da coagulação do sangue.
Como é o procedimento?
O processo de realização de um transplante de pulmão começa muito antes da cirurgia. Depois que um paciente foi avaliado e os profissionais consideram que ele preenche os requisitos para o procedimento, a próxima etapa é entrar na lista de espera até que haja um doador.
Enquanto o candidato ao transplante aguarda a doação, ele deve seguir as indicações médicas quanto ao seu estilo de vida. Quando um pulmão está disponível para o procedimento, avalia-se a compatibilidade com o paciente. Se for adequada, então realiza-se o transplante.
Preparação
Uma pessoa em lista de espera para o transplante de pulmão deve estar preparada para atender ao chamado dos médicos assim que ele ocorrer. É melhor ter uma mala pronta com itens pessoais e os medicamentos que toma regularmente.
Quando o candidato chega ao hospital, ele passa por uma série de exames para verificar a compatibilidade. Avalia-se também a sua saúde geral. Se houver dúvidas sobre isso, o procedimento pode ser cancelado. Se tudo estiver em ordem, a cirurgia ocorrerá quase imediatamente.
Intervenção cirúrgica
Para a realização da cirurgia de transplante de pulmão, utiliza-se anestesia geral. Se um único pulmão for substituído, a intervenção dura entre quatro e oito horas; se os dois pulmões forem transplantados, o procedimento pode demorar de seis a doze horas.
O procedimento a seguir é o seguinte:
- Primeiramente, ativa-se um sistema de circulação extracorpórea.
- Quando apenas um pulmão deve ser substituído, realiza-se um corte na lateral do tórax. Se forem ambos, realiza-se o corte abaixo do tórax e dos dois lados.
- Um ou ambos os pulmões são removidos e os vasos sanguíneos e vias aéreas dos novos órgãos são fixados ao corpo do paciente.
- Inserem-se sondas para drenar o ar, fluido e sangue do tórax. Essas sondas ficarão lá por vários dias, até que os novos pulmões se expandam normalmente.
- Assim que os pulmões estiverem funcionando, retira-se o sistema de circulação extracorpórea.
Pós-operatório
O paciente operado deve permanecer no hospital por um período de 7 a 21 dias. O mais comum é que permaneça vários dias na unidade de terapia intensiva (UTI) após a cirurgia. No entanto, cada centro médico possui seus próprios protocolos.
As primeiras 24 a 48 horas são cruciais. Durante este período, os profissionais observam o paciente meticulosamente para avaliar, principalmente, o funcionamento dos pulmões, do coração, dos rins e do seu estado mental. Da mesma forma, verifica-se que não haja sangramento ou hemorragia agregada.
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Recuperação
O mais comum é que, em princípio, o período de recuperação se estenda por seis meses. Durante os três primeiros, realiza-se um acompanhamento rigoroso para avaliar o funcionamento dos pulmões e prevenir quaisquer complicações.
Nesta primeira fase, é necessário ir com frequência ao hospital para fazer exames que incluem radiografias, biópsias, exames laboratoriais e eletrocardiogramas. Também há um controle da reação aos medicamentos.
Após essa fase, o paciente deve adequar a sua vida à nova situação. Isso inclui tomar imunossupressores e frequentar regularmente terapias e consultas. O primeiro ano após o transplante de pulmão é o mais crítico. Depois, todos os riscos começam a diminuir.
O mais comum é que haja consultas semanais durante os primeiros três meses; depois, consultas trimestrais durante um ano. A partir daí, uma visita anual pelos próximos 5 a 10 anos.
Qual é o tempo de sobrevivência após um transplante de pulmão?
De acordo com os dados disponíveis, a expectativa de vida média após um transplante de pulmão é de 5,8 anos. Isso pode variar dependendo da doença anterior da pessoa. Aqueles com fibrose cística sobrevivem 8 ou mais anos após a cirurgia.
Pacientes com pneumonia intersticial idiopática sobrevivem em média 4,8 anos. 32% das pessoas que realizaram esse procedimento vivem 10 anos ou mais.
Entretanto, o maior risco de morte ocorre durante os primeiros 12 meses; por esse motivo, é necessário reforçar os controles médicos nesse período.
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