Como detectar a toxoplasmose ocular?
Escrito e verificado por a médica Elisa Martin Cano
A toxoplasmose ocular é uma doença causada por um parasita chamado Toxoplasma gondii. É uma infecção muito comum, afetando quase 500 milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, nem todos os infectados desenvolvem essa patologia específica nos olhos.
Aqueles que expressam sintomas ou consequências da toxoplasmose são pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou que adquiriram a infecção antes do nascimento, ainda no útero. No entanto, a forma ocular dessa doença pode ser difícil de detectar, e muitas vezes evolui para visão turva ou até para a cegueira.
O que é a toxoplasmose?
Para entender a toxoplasmose ocular, vamos primeiro explicar como essa infecção do parasita ocorre. O toxoplasma gondii é um parasita que tende a se multiplicar e se alojar em gatos. Dessa forma, quando o gato defeca, expele seus ovos nas fezes.
Esta é uma das formas de contágio. No entanto, a maioria das pessoas fica infectada porque ele também costuma estar presente nos alimentos. Por exemplo, em vegetais, frutas e carne. Quando um produto não cozido contaminado é ingerido, a infecção pode ser adquirida. Esse parasita também pode estar na água ou no leite.
Outra forma de contrair a infecção é durante a gravidez. Quando uma mulher grávida entra em contato com o toxoplasma, ele pode atravessar a placenta e chegar ao bebê.
Este último caso é o que se associa com mais frequência à toxoplasmose ocular. Dependendo da época da gravidez em que ocorre o contato, os danos que aparecem no feto serão mais ou menos graves. No primeiro trimestre, está associada a um maior risco de malformações e complicações.
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Como ocorre a toxoplasmose ocular?
Na maioria das vezes, a infecção começa sendo assintomática. Porém, uma reativação pode ocorrer após um certo tempo do contato, o que levaria a uma primeira lesão no olho que produz uma cicatriz, que geralmente passa despercebida.
À medida que a infecção é reativada, os sintomas específicos da toxoplasmose ocular começam a aparecer. Isso acontece porque o parasita se aloja na retina, que é a parte do olho que permite a interpretação das imagens e o sentido da visão. A retina fica inflamada (esse processo é chamado de retinite) e a visão fica comprometida.
Um estudo da Sociedad Española de Oftalmología afirma que a toxoplasmose ocular recorrente é a mais comum. Porém, também pode surgir em relação à AIDS ou em tratamento contínuo com corticosteroides ou imunossupressores.
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Como a toxoplasmose ocular é detectada?
O diagnóstico da toxoplasmose ocular pode ser muito complexo. Deve ser feito de forma clínica, ou seja, observando as lesões no olho. Isso porque os testes disponíveis só podem confirmar se houve ou não contato com o parasita.
Por exemplo, as sorologias, que permitem ver se existem anticorpos contra essa infecção, só indicam se em algum momento essa pessoa foi infectada. Mas, como mencionamos antes, muitos estiveram em contato com o parasita mas não necessariamente desenvolveram a toxoplasmose ocular.
O que o oftalmologista observa diretamente é uma lesão focal da retina junto com uma cicatriz que também atinge a coroide. A coroide é outra membrana que faz parte do olho.
Os exames de laboratório podem ajudar a orientar o diagnóstico, mas não o confirmam. É importante, então, realizar um exame oftalmológico minucioso. Entretanto, é importante que um profissional especializado no assunto o realize para que os mínimos sinais de presença não sejam eliminados.
Como tratamos a toxoplasmose ocular?
A toxoplasmose ocular causa visão turva, dor nos olhos e sensibilidade à luz. Em alguns casos, pode até causar cegueira. Infelizmente, não existe um tratamento que permita reverter as lesões.
O tratamento ajuda a prevenir a extensão dos danos à retina e prevenir novas recorrências, impedindo que o parasita se replique e se espalhe. Além disso, essa abordagem é combinada com antiparasitários, como a pirimetamina e a sulfadiazina.
Além disso, o profissional pode adicionar a metilprednisona, que é um corticosteroide que ajuda a reduzir a inflamação. Da mesma forma, suplementos de ácido fólico são prescritos para evitar os efeitos colaterais da pirimetamina.
Prevenir para não aumentar o dano
A forma mais eficaz de evitar a toxoplasmose ocular são as medidas de prevenção contra esse parasita. Os médicos recomendam cozinhar todos os alimentos para evitar o contágio. Além disso, no caso das gestantes, é dada uma grande ênfase aos cuidados especiais com os gatos.
Da mesma forma, devemos ter em mente que na presença de qualquer sintoma, o primeiro passo é ir ao oftalmologista. Detectar as lesões rapidamente pode ajudar a prevenir que o dano se propague e diminuir as suas consequências.
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