Por que as crianças querem chamar a atenção?

Quando as crianças querem chamar a atenção, os adultos devem ser capazes de ajudá-las a restabelecer a calma. Como fazer isso? Aqui revelamos algumas dicas.
Por que as crianças querem chamar a atenção?
Maria Fatima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fatima Seppi Vinuales.

Última atualização: 19 março, 2023

«É puro capricho», «deixa-o chorar, já vai passar»… Certamente já ouvimos ou utilizamos essas frases inúmeras vezes para explicar situações em que as crianças querem chamar a atenção. Talvez em nossa criação ou na das pessoas ao nosso redor.

No entanto, diferentes disciplinas estão focadas em transformar a forma como entendemos as crianças. Procura-se passar de preconceitos centrados no adulto para uma educação respeitosa ou disciplina positiva para parar de pensar na infância a partir nossos próprios termos, dar-lhe voz e entendê-la.

Dessa forma, chorar nem sempre é um capricho e não vai acontecer só porque sim. É uma das principais formas que os pequenos têm para se comunicar, principalmente nos primeiros anos. Portanto, você deve tentar descobrir o que eles precisam.

Por que as crianças querem chamar a atenção?

Em geral, as crianças não estão procurando atenção “porque sim”. Com suas performances elas procuram nos dizer algo. Para entendê-las, é necessário não apenas aproximar-se e conversar, mas também pensar nas possíveis situações que estão vivenciando; uma mudança, a mudança de escola, a perda de um ente querido, entre outros.

Por outro lado, as novas abordagens sobre a criação procuram deixar de falar das birras como uma forma pejorativa ou com uma conotação negativa, para pensar em termos de uma explosão emocional ou de um sentimento que precisa de ser expresso. Estas são algumas coordenadas que nos podem ajudar a ajudá-lo.

É importante ter em mente que uma criança que está fazendo ‘birras’ está tentando nos dizer algo. Às vezes, essa é a única maneira que ela encontra, já que seu cérebro ainda está se desenvolvendo.

Diante de tal situação, o pequeno fica emocionalmente desregulado e os adultos devem acompanhá-lo para acalmá-lo. Em um segundo momento, será necessário trabalhar habilidades pedagógicas para que possam se expressar e se comunicar de outra forma.

Também deve-se entender que não se trata apenas de acalmá-lo, mas de ajudá-lo a entender qual é a emoção subjacente que desencadeou seu desconforto. A gestão das emoções é algo muito necessário, e trabalhá-la desde a infância traz grandes vantagens.

Quando é necessário intervir de forma diferente?

É importante esclarecer que uma educação respeitosa não significa ausência de limites, nem satisfazer todos os seus gostos. O oposto. Entender que por trás de uma birra ou choro inconsolável existe ‘algo mais’ não significa que agressões, pancadas, falta de respeito ou educação devam ser toleradas.

Nesse ponto, é conveniente estabelecer limites claros e consistentes (para que os pais não se contradigam), constantes (aplica-se sempre na mesma situação; não puna hoje o que se recompensa amanhã) e com calma (sem qualquer tipo de violência).

Muitas pessoas dedicadas ao acompanhamento na criação sugerem que pensemos da seguinte forma: choro (ou birra) é apenas a ponta do iceberg. É apenas o que você vê, mas há mais por baixo.

Dicas para agir diante de uma criança que se comporta mal para chamar a atenção

Para ajudar uma criança a recuperar a calma ou encontrar outras formas de pedir o que quer sem ter que se jogar no chão para gritar, deve-se considerar que ela ainda não tem meios para se autorregular. Como adultos, desempenhamos esse papel. Portanto, as dicas a seguir devem ser colocadas em prática.

Responder com respeito e empatia

As crianças querem atenção porque não sabem fazer de outra maneira.
A comunicação entre pais e filhos é importante para reduzir progressivamente as birras.

Diante de um comportamento indesejado, devemos responder pelo exemplo, por mais difícil que seja para nós. Se respondermos aos gritos com mais gritos, o que estamos fazendo é reforçar esse comportamento, em vez de desencorajá-lo.

Perguntar, não supor

Em crianças com certo manejo da linguagem temos a possibilidade de orientar com perguntas. Isso é uma vantagem, pois é uma estratégia útil para ajudá-las a se acalmar, interpretando o que sentem.

Não assuma que ela ficou com raiva de uma determinada coisa, pergunte o que ela precisa para se sentir melhor. Com essas informações será mais fácil tomar uma decisão.

Permitir que expressem suas emoções

É importante validar como elas se sentem, mesmo que pareça sem importância para nós, como adultos. Elas devem ser continuamente encorajadas a se expressar.

Ajude-as a refletir

Mandá-la para o quarto e voltar quando ela se acalmar é contraproducente, pois passa a mensagem de que ela só é amada quando se comporta bem. Em vez disso, Siegel e Payne recomendam ‘agrupamento’, que é exatamente o oposto.

Implica aproximar-se —às vezes através do contato corporal— para refletir sobre o que está acontecendo. Aqui você não apenas faz uma pausa, mas também estabelece as bases para o desenvolvimento das funções executivas, que reduzem a impulsividade.

Educar na paciência

As crianças querem atenção, mas devem ser controladas
Reservar o tempo necessário para passar os melhores ensinamentos aos filhos é essencial para o crescimento deles.

Às vezes, nos encontramos em situações em que a criança deseja receber atenção imediatamente. Você tem que entender que para elas o tempo é vivido de uma forma muito diferente da nossa, mas também tem que trabalhar a sua tolerância à frustração.

A educação deve ser encorajada na paciência e que eles nem sempre conseguem o que querem quando querem. Nesse momento, trata-se de pensar em alternativas e negociar, mas sobretudo ajudá-las a compreender. Por exemplo:

  • “Você não pode ter isto, mas pode ter isto outro.”
  • “Agora não posso brincar com você porque estou trabalhando, mas depois posso.”

Não existe uma receita universal

Nem sempre conseguiremos aplicar a mesma medida. Você tem que sintonizar e ter empatia com o momento. Porém, o que se repete são os princípios e valores que colocamos em nossas ações, como o amor e o respeito.

Assim, enquanto em alguns casos um abraço será melhor, outras vezes a melhor resposta será um ‘não’ e, em circunstâncias excepcionais, é melhor ceder.

Reconhecer de onde educamos

Ao abordar qualquer situação na infância, devemos questionar de onde agimos e quais são nossos pressupostos em relação aos comportamentos. Às vezes, acreditamos que o mau comportamento é um capricho ou “uma vontade de ir contra nós”, em vez de interpretar que há uma mensagem implícita de desconforto ou uma dificuldade presente.

Por outro lado, você deve ter em mente o ciclo de vida dessa criança; existem comportamentos esperados para uma determinada idade, influenciados ou determinados pelo desenvolvimento em curso. Desta forma, conhecer e consultar especialistas pode também ajudar-nos a saber quais são as melhores ferramentas a implementar.

Em última análise, para fornecer respostas sensíveis e empáticas, o tempo de qualidade é fundamental. Só partilhando e conhecendo a criança é que conseguiremos perceber o que ela precisa para adaptar a nossa resposta.


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  • Siegel y Payne Bryson (2015), Disciplina sin lágrimas: una guía imprescindible para orientar y alimentar el desarrollo mental de tu hijo., Penguin Random House Grupo Editorial España.

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