Paracetamol
Revisado e aprovado por o biotecnólogo Alejandro Duarte
Um dos medicamentos mais conhecidos, prescritos e consumidos em todo o mundo é o paracetamol. Pertence ao grupo dos medicamentos chamados analgésicos e antipiréticos. É usado principalmente para combater o desconforto moderado e a febre. Embora também seja consumido para aliviar dores de cabeça. Seu metabolismo é hepático, agora: o que mais precisamos saber sobre isso?
Em breve, comentaremos com mais detalhes sobre seu mecanismo de ação, efeitos no organismo, farmacocinética, metabolismo, efeitos adversos, interações e outros aspectos de interesse.
1. Mecanismo de ação
O paracetamol tem efeitos analgésicos e antipiréticos. Vamos ver a seguir como isso é possível.
Efeito analgésico
O paracetamol atua inibindo a síntese das prostaglandinas. Essas moléculas são as responsáveis, junto com outras, pela sensação de dor. Ao bloquear sua síntese, o fármaco aumenta o limiar de percepção da dor. Em outras palavras, reduz a dor.
Efeito antipirético
A febre libera citocinas: IL-1β, IL-6, IFNα e β e TNfα, que aumentam a síntese de PGE2 a nível periventricular na zona preóptica do hipotálamo, o que aumenta o AMPc e eleva a temperatura corporal. Portanto, ao inibir a síntese de prostaglandinas a este nível, o paracetamol consegue reduzir a temperatura corporal, e com isso a febre.
A razão pela qual o paracetamol não é anti-inflamatório mas sim analgésico e antipirético é que somente inibe a COX 3, localizada a nível central. Assim, a inibição da síntese de prostaglandinas não acontece a nível periférico e não pode agir como anti-inflamatório.
2. Farmacocinética
O paracetamol é um fármaco que é bem absorvido por via oral, que á principal via de administração. No entanto, o inconveniente desta via é que sofre efeito de primeira passagem hepática. Isso significa que existe uma perda de uma fração da quantidade inicial de fármaco antes de chegar à circulação geral que o distribui para o organismo.
Se administrado por via retal, evita-se o efeito de primeira passagem e é uma boa opção. Também existem preparados intravenosos, os mais eficazes, porém os menos usados pelos problemas inerentes a esta via de administração (necessita-se de pessoal médico qualificado, além de ser incômodo para o paciente).
É interessante saber que o paracetamol:
- É um ácido fraco com um PKa=9,5 devido ao seu grupo hidroxila aromático.
- Seu grau de ligação a proteínas plasmáticas é baixo, menor que 10%.
- A biodisponibilidade é elevada, próxima ao 100%, exceto se administrado por via oral, que é de cerca de 75-85%, pelo efeito de primeira passagem.
- O volume de distribuição é de aproximadamente 0,9-1 l/kg.
- A dose terapêutica oscila entre 10-15 mg/kg a cada 4-6 horas.
- Seu tempo de meia-vida é de 2-4 horas, aumentando em crianças, idosos e pacientes com disfunção hepática.
3. Metabolismo do paracetamol
O metabolismo do paracetamol acontece no fígado na enzima citocromo P450. Mais de 95% do fármaco é metabolizado por esta via e o resto é eliminado por via urinária sem biotransformação.
Dentro do metabolismo hepático, o fármaco pode sofrer duas transformações, a glucoronidação e conjugação com sulfato.
Apenas 5% dos produtos conjugados de paracetamol apresentam toxicidade quando transformados pela CYP 450. Surge então um metabólito tóxico do medicamento, o NAPQI (N-acetil-p-benzoquinona imina), que é a causa da hepatotoxicidade característica desse medicamento.
Além disso, quando as doses de paracetamol são terapêuticas, a quantidade de NAPQI produzida é depurada perfeitamente mediante sua conjugação com glutationa e eliminado através da urina.
No entanto, o problema aparece quando os depósitos de glutationa estão reduzidos a 70% ou mais e o NAPQI não pode ser conjugado.
O metabólito produzirá uma ligação covalente com a bicamada lipídica dos hepatócitos produzindo necrose hepática centrolobular.
Para combater a intoxicação por este medicamento podem ser realizados os seguintes passos:
- Lavagem gástrica.
- Carvão ativado.
- N-acetilcisteína para neutralizar o NAPQI.
4. Efeitos adversos
Assim como todos os medicamentos, em alguns casos o paracetamol pode causar efeitos adversos:
Comuns:
- Dificuldade para respirar.
- Dificuldade para engolir.
- Inflamação com coceira na pele.
- Inchaço da face, língua ou garganta.
Raros:
- Edema.
- Febre.
- Dores de cabeça.
- Diarreia.
- Tontura.
- Alergias.
- Náuseas.
- Vômitos.
- Sangramentos.
- Confusão.
- Visão alterada.
- Mal estar geral.
- Dor abdominal.
- Overdose e intoxicação.
- Função hepática alterada com icterícia.
Se você reconhecer algum desses efeitos adversos, deve parar de tomar o medicamento e consultar um médico imediatamente.
5. Interações
O paracetamol é um fármaco metabolizado pelo fígado. Assim, suas interações com outras substâncias irão favorecer (indução) ou impedir (inibir) sua correta assimilação. Isso oferece dois resultados:
- Que sua metabolização seja inibida e seus conjugados tóxicos aumentem. Isso pode provocar uma intoxicação.
- Que seja metabolizado mais rápido que o normal (indução) e então a dose tem que ser aumentada para ser eficaz.
Como exemplo do primeiro, o consumo de álcool e a administração de isoniazida aumentam consideravelmente a hepatotoxicidade. Estas são algumas das possíveis interações com diferentes medicamentos:
- Aumenta o efeito dos anticoagulantes orais.
- Diminui o efeito dos diuréticos de alça, lamotrigina, zidovudina.
- Pode aumentar a toxicidade do cloranfenicol.
- Aumenta sua absorção com metoclopramida e domperidona.
- Diminui seus níveis plasmáticos com os estrógenos.
- O efeito é diminuído por anticolinérgicos e colestiramina.
6. Indicações do paracetamol
Este medicamento é indicado em caso de:
- Febre.
- Dor leve e moderada.
- Pacientes com gota que tomam probenecida.
- Em caso de estar em tratamento com anticoagulantes orais.
- Em pacientes menores de idade com risco de sofrer a Síndrome de Reye.
- Úlcera gástrica e gastrite. Para evitar o consumo de ibuprofeno, que danifica mais facilmente o estômago.
O paracetamol pode ser obtido nas farmácias sem receita médica. No entanto, não hesite em consultar o seu médico ou farmacêutico para lhe dizer se este é o medicamento mais adequado para você.
Um dos medicamentos mais conhecidos, prescritos e consumidos em todo o mundo é o paracetamol. Pertence ao grupo dos medicamentos chamados analgésicos e antipiréticos. É usado principalmente para combater o desconforto moderado e a febre. Embora também seja consumido para aliviar dores de cabeça. Seu metabolismo é hepático, agora: o que mais precisamos saber sobre isso?
Em breve, comentaremos com mais detalhes sobre seu mecanismo de ação, efeitos no organismo, farmacocinética, metabolismo, efeitos adversos, interações e outros aspectos de interesse.
1. Mecanismo de ação
O paracetamol tem efeitos analgésicos e antipiréticos. Vamos ver a seguir como isso é possível.
Efeito analgésico
O paracetamol atua inibindo a síntese das prostaglandinas. Essas moléculas são as responsáveis, junto com outras, pela sensação de dor. Ao bloquear sua síntese, o fármaco aumenta o limiar de percepção da dor. Em outras palavras, reduz a dor.
Efeito antipirético
A febre libera citocinas: IL-1β, IL-6, IFNα e β e TNfα, que aumentam a síntese de PGE2 a nível periventricular na zona preóptica do hipotálamo, o que aumenta o AMPc e eleva a temperatura corporal. Portanto, ao inibir a síntese de prostaglandinas a este nível, o paracetamol consegue reduzir a temperatura corporal, e com isso a febre.
A razão pela qual o paracetamol não é anti-inflamatório mas sim analgésico e antipirético é que somente inibe a COX 3, localizada a nível central. Assim, a inibição da síntese de prostaglandinas não acontece a nível periférico e não pode agir como anti-inflamatório.
2. Farmacocinética
O paracetamol é um fármaco que é bem absorvido por via oral, que á principal via de administração. No entanto, o inconveniente desta via é que sofre efeito de primeira passagem hepática. Isso significa que existe uma perda de uma fração da quantidade inicial de fármaco antes de chegar à circulação geral que o distribui para o organismo.
Se administrado por via retal, evita-se o efeito de primeira passagem e é uma boa opção. Também existem preparados intravenosos, os mais eficazes, porém os menos usados pelos problemas inerentes a esta via de administração (necessita-se de pessoal médico qualificado, além de ser incômodo para o paciente).
É interessante saber que o paracetamol:
- É um ácido fraco com um PKa=9,5 devido ao seu grupo hidroxila aromático.
- Seu grau de ligação a proteínas plasmáticas é baixo, menor que 10%.
- A biodisponibilidade é elevada, próxima ao 100%, exceto se administrado por via oral, que é de cerca de 75-85%, pelo efeito de primeira passagem.
- O volume de distribuição é de aproximadamente 0,9-1 l/kg.
- A dose terapêutica oscila entre 10-15 mg/kg a cada 4-6 horas.
- Seu tempo de meia-vida é de 2-4 horas, aumentando em crianças, idosos e pacientes com disfunção hepática.
3. Metabolismo do paracetamol
O metabolismo do paracetamol acontece no fígado na enzima citocromo P450. Mais de 95% do fármaco é metabolizado por esta via e o resto é eliminado por via urinária sem biotransformação.
Dentro do metabolismo hepático, o fármaco pode sofrer duas transformações, a glucoronidação e conjugação com sulfato.
Apenas 5% dos produtos conjugados de paracetamol apresentam toxicidade quando transformados pela CYP 450. Surge então um metabólito tóxico do medicamento, o NAPQI (N-acetil-p-benzoquinona imina), que é a causa da hepatotoxicidade característica desse medicamento.
Além disso, quando as doses de paracetamol são terapêuticas, a quantidade de NAPQI produzida é depurada perfeitamente mediante sua conjugação com glutationa e eliminado através da urina.
No entanto, o problema aparece quando os depósitos de glutationa estão reduzidos a 70% ou mais e o NAPQI não pode ser conjugado.
O metabólito produzirá uma ligação covalente com a bicamada lipídica dos hepatócitos produzindo necrose hepática centrolobular.
Para combater a intoxicação por este medicamento podem ser realizados os seguintes passos:
- Lavagem gástrica.
- Carvão ativado.
- N-acetilcisteína para neutralizar o NAPQI.
4. Efeitos adversos
Assim como todos os medicamentos, em alguns casos o paracetamol pode causar efeitos adversos:
Comuns:
- Dificuldade para respirar.
- Dificuldade para engolir.
- Inflamação com coceira na pele.
- Inchaço da face, língua ou garganta.
Raros:
- Edema.
- Febre.
- Dores de cabeça.
- Diarreia.
- Tontura.
- Alergias.
- Náuseas.
- Vômitos.
- Sangramentos.
- Confusão.
- Visão alterada.
- Mal estar geral.
- Dor abdominal.
- Overdose e intoxicação.
- Função hepática alterada com icterícia.
Se você reconhecer algum desses efeitos adversos, deve parar de tomar o medicamento e consultar um médico imediatamente.
5. Interações
O paracetamol é um fármaco metabolizado pelo fígado. Assim, suas interações com outras substâncias irão favorecer (indução) ou impedir (inibir) sua correta assimilação. Isso oferece dois resultados:
- Que sua metabolização seja inibida e seus conjugados tóxicos aumentem. Isso pode provocar uma intoxicação.
- Que seja metabolizado mais rápido que o normal (indução) e então a dose tem que ser aumentada para ser eficaz.
Como exemplo do primeiro, o consumo de álcool e a administração de isoniazida aumentam consideravelmente a hepatotoxicidade. Estas são algumas das possíveis interações com diferentes medicamentos:
- Aumenta o efeito dos anticoagulantes orais.
- Diminui o efeito dos diuréticos de alça, lamotrigina, zidovudina.
- Pode aumentar a toxicidade do cloranfenicol.
- Aumenta sua absorção com metoclopramida e domperidona.
- Diminui seus níveis plasmáticos com os estrógenos.
- O efeito é diminuído por anticolinérgicos e colestiramina.
6. Indicações do paracetamol
Este medicamento é indicado em caso de:
- Febre.
- Dor leve e moderada.
- Pacientes com gota que tomam probenecida.
- Em caso de estar em tratamento com anticoagulantes orais.
- Em pacientes menores de idade com risco de sofrer a Síndrome de Reye.
- Úlcera gástrica e gastrite. Para evitar o consumo de ibuprofeno, que danifica mais facilmente o estômago.
O paracetamol pode ser obtido nas farmácias sem receita médica. No entanto, não hesite em consultar o seu médico ou farmacêutico para lhe dizer se este é o medicamento mais adequado para você.
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- Graham, G. G., & Scott, K. F. (2005). Mechanism of action of paracetamol. American Journal of Therapeutics. https://doi.org/10.1097/00045391-200501000-00008
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- Farré, M., Abanades, S., Álvarez, Y., Barral, D., & Roset, P. N. (2004). Paracetamol. DOLOR. https://doi.org/10.1136/pgmj.56.657.459
- Graham, G. G., Davies, M. J., Day, R. O., Mohamudally, A., & Scott, K. F. (2013). The modern pharmacology of paracetamol: Therapeutic actions, mechanism of action, metabolism, toxicity and recent pharmacological findings. Inflammopharmacology. https://doi.org/10.1007/s10787-013-0172-x
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