Padre se assume como pessoa não binária após reler livro da Bíblia: “Deus me guiou”
Bingo Allison, de 36 anos, tornou-se o primeiro padre não binário do Reino Unido. Ele foi nomeado pela Catedral de Liverpool, ligada à Igreja Anglicana, em setembro de 2020, mas só agora revelou por que decidiu se reconhecer como um membro da comunidade LGBTQIA+.
A Igreja Anglicana da Inglaterra nomeou para a função de pastor, pela primeira vez, uma pessoa transgênero não binária. Em entrevista ao Liverpool Echo, o padre em questão afirma ter conhecido cristãos gays “incríveis”, mas que no passado, por ter tido uma criação muito conservadora, aprendeu que a homossexualidade era “pecado”.
Bingo Allison relata que, relendo o capítulo 1, versículo 27, do livro de Gênesis, que fala da “masculinidade para a feminilidade” em oposição a homens e mulheres, ele começou a mudar sua percepção sobre a própria identidade de gênero.
“Eu estava rezando no meio da noite quando percebi que talvez precisasse virar minha vida ‘de cabeça para baixo’. […] Senti corretamente que Deus estava me guiando para esta nova verdade sobre mim mesmo”, relatou o padre Bingo Allison.
Em 2016, Bingo Allison tinha 29 anos, era um homem casado com uma mulher e pai de três filhos e já atuava como padre na cidade de Liverpool, na Inglaterra, quando se declarou uma pessoa não binária.
Quando Bingo revelou para a família o seu “despertar” para uma nova identidade de gênero, sua esposa encarou a novidade com espanto.
“Foi difícil para minha esposa começar a entender, obviamente. Você se casa com o que pensa ser um cara hétero e, de repente, as coisas são mais complicadas do que isso. Mas eu gostaria de acreditar que você se casa com a pessoa que se torna quem ela é”, justificou.
Além disso, Bingo contou também que sempre teve conversas com os filhos sobre pessoas transgênero e travestis, então a mudança de gênero do pai não foi algo tão impactante para eles.
“Sou casado, tenho três filhos e foi muito importante assumir para eles, dar algum tempo para que eles me entendessem antes de eu emergir no mundo. Meus filhos são pequenos e, quando você é pequeno, aceita a maioria das coisas e eles são adoráveis em relação a isso. Nós os ensinamos sobre pessoas trans antes de eu me assumir, então não era uma coisa completamente estranha para eles”, lembrou.
O religioso disse que se sentiu bem ao “sair do armário”. Antes, Alisson vivia em conflito com os “valores conservadores”.
Agora, Alisson dedica-se a estabelecer pontes com a comunidade LGBTQIA+. “Eu tento me envolver, não apenas no meu trabalho religioso, mas fora dele, com os grupos locais de jovens LGBT seculares”, disse. “Uma das maiores coisas é apenas ser uma representação visual na minha comunidade e ir às escolas, fazer assembleias e fazer uma grande diferença ao normalizar isso para as crianças.”
Informações: Observatório G, Conti Outra.
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