O que é a hidrocele e qual é o seu tratamento?

A hidrocele pode cursar tanto de forma quase assintomática quanto causar dor, desconforto e hipersensibilidade. Vamos explicar o porquê.
O que é a hidrocele e qual é o seu tratamento?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 20 agosto, 2022

A palavra hidrocele vem do grego hydros, que significa ‘água’, e cele, que se traduz como ‘cisto’ ou ‘tumor’. Consiste em um acúmulo de líquido no escroto. Mais especificamente, em uma fina camada de revestimento que cobre o testículo, chamada túnica vaginal.

Na verdade, a hidrocele é uma situação muito comum. Acomete principalmente os recém-nascidos, embora também possa aparecer em qualquer idade.

Ainda que em muitos casos a hidrocele seja algo temporário e benigno, há uma porcentagem de pacientes na qual é necessário estabelecer um tratamento. Por esse motivo, neste artigo, vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre essa patologia, por que ela ocorre e como é o seu tratamento.

O que é a hidrocele?

Antes de explicar em que consiste a hidrocele, é importante primeiramente conhecermos a anatomia dos testículos. Os testículos são os órgãos genitais masculinos. Eles são responsáveis pela produção de espermatozoides e de hormônios sexuais, como a testosterona.

Os testículos ficam alojados no escroto ou bolsa escrotal, abaixo do pênis. Eles são compostos de diferentes camadas de tecido. De fato, são cobertos por duas camadas de tecido conjuntivo chamadas túnica albugínea e túnica vaginal.

A túnica vaginal, por sua vez, possui duas camadas, uma visceral e outra parietal. O que acontece na hidrocele é o acúmulo de líquidos entre essas duas camadas. Por esse motivo, ocorre um inchaço ou um aumento de tamanho no escroto.

Tipos de hidrocele

Conforme explica um artigo da Clínica Cleveland, a hidrocele pode ser de diferentes tipos: comunicante ou não comunicante. A comunicante é aquela que ocorre como resultado do fechamento incompleto da túnica vaginal ou do anel inguinal.

Isso faz com que exista uma comunicação entre a cavidade peritoneal e o escroto. A túnica vaginal é incapaz de reabsorver todo esse líquido e, por isso, ele se acumula.

É comum que esteja acompanhada por uma hérnia inguinal. Ou seja, que uma parte do intestino ou de outro órgão abdominal se projete através de um ponto frágil na área.

Por outro lado, na hidrocele não comunicante, o anel inguinal está fechado. Neste caso, o líquido fica retido dentro da túnica vaginal e não pode ser reabsorvido. Geralmente desaparece por conta própria.

Além desses dois tipos, também é importante destacar que a hidrocele pode ser congênita ou adquirida. A diferença é que, na congênita, as crianças já nascem com essa condição.

neonato com hidrocele
As hidroceles congênitas são detectadas ao nascimento e a maioria é benigna; por isso, desaparecem com o crescimento.

Quais sintomas podem aparecer?

A hidrocele nem sempre produz sintomas. Conforme apontam os especialistas da Clínica Mayo, muitas vezes o único sinal é o inchaço nos testículos. Geralmente a protuberância é indolor, lisa e com pouca sensibilidade.

No entanto, quando a hidrocele é grande e produz tensão nos tecidos, pode haver dor. Além disso, é comum que, na hidrocele comunicante, o tamanho do inchaço varie ao longo do dia.

Em adultos, há desconforto por causa do próprio aumento do peso testicular. Embora na maioria dos bebês isso seja algo transitório e benigno, é sempre importante consultar um médico.

Quando consultar um médico?

Sempre que houver um aumento anormal do tamanho dos testículos, é aconselhável consultar um especialista, principalmente se isso ocorrer após um traumatismo. O ideal é identificar a causa específica e descartar a presença de condições graves.

Por sua vez, também é necessário consultar um médico se a hidrocele não desaparecer após o primeiro ano de vida ou se aumentar de tamanho. Além disso, a presença de dor ou desconforto nos testículos por causa da hidrocele sempre deve ser um sinal de alarme.

O que causa a hidrocele?

A hidrocele pode estar presente desde o nascimento ou surgir posteriormente. A congênita pode ocorrer por causa de uma falha no fechamento da túnica vaginal. Também pode surgir como resultado da acumulação excessiva de líquido antes do fechamento.

Em crianças mais velhas, adolescentes ou adultos, a hidrocele adquirida pode ter múltiplas causas. Por exemplo, quando há uma lesão (traumatismo) ou um processo inflamatório dentro do escroto. A principal razão para isso são as infecções. Mais especificamente, as doenças sexualmente transmissíveis.

Fatores de risco

Foram identificados diversos fatores que aumentam o risco de ter hidrocele. No caso dos recém-nascidos, parece que o nascimento prematuro é a circunstância mais associada ao seu aparecimento.

A probabilidade de sofrer um traumatismo genital, como ocorre na prática de determinados esportes, também é considerada um fator de risco. Por exemplo, ao andar a cavalo. As infecções sexualmente transmissíveis são fatores determinantes no mesmo sentido.

Exames diagnósticos

Para diagnosticar a hidrocele , é essencial que o médico realize um exame físico minucioso. Assim, ele precisará verificar se os testículos parecem inchados ou sensíveis. Além disso, também precisará procurar se há líquido excessivo.

Para isso, utiliza-se a técnica de transiluminação. Consiste em iluminar o escroto com uma luz potente para observar o líquido transparente ao seu redor.

Além disso, geralmente também são realizados exames de sangue e urina. Por meio desses exames, o médico poderá deduzir se há ou não uma infecção subjacente. O ultrassom é outro exame útil e simples para revelar hérnias ou tumores.

Tratamentos disponíveis para a hidrocele

O tratamento da hidrocele depende da sua causa e da situação do paciente. É sempre importante que ela seja estudada, pois existem patologias mais graves que é preciso descartar e que podem seguir um curso semelhante.

Em crianças, na maioria das vezes, não se estabelece nenhum tratamento específico. Ela geralmente desaparece por conta própria dentro de um ano. No entanto, se não for reabsorvida depois desse período, considera-se uma intervenção.

Quando a hidrocele permanece entre os doze e dezoito meses de vida, suspeita-se que ela seja comunicante. Por isso, geralmente se recorre a uma cirurgia para fechar a falha na parede abdominal.

A cirurgia, conforme explica uma publicação da Stanford Children’s Health, recebe o nome de hidrocelectomia. Consiste em extrair o líquido por meio de uma pequena incisão no escroto ou no abdômen. É possível realizar a hidrocelectomia através de 2 procedimentos diferentes:

  • Punção: consiste em um pequeno corte para drenar o líquido e, portanto, o risco de infecção e hematocele é muito baixo. Trata-se de um procedimento ideal para hidroceles pequenas e de paredes finas.
  • Excisão e eversão: é o procedimento de escolha para hidroceles grandes e de paredes espessas. Consiste na remoção quase completa da túnica vaginal e na eversão da bolsa na parte posterior do testículo afetado.
Cirurgia Pediátrica para Hidrocele.
A cirurgia é reservada para os casos associados a uma hérnia inguinal ou condições que não se resolvem por conta própria.

Recuperação e prognóstico da hidrocele

A hidrocele geralmente não é um problema grave nem está associada a sérias complicações para a saúde. No entanto, devemos ter em mente que ela pode ser perigosa para parte das pessoas. Especialmente se houver uma associação com uma hérnia inguinal, uma infecção ou um tumor.

As infecções e tumores podem afetar a fertilidade masculina. Por outro lado, é importante mencionar que a recuperação após a hidrocelectomia pode ser desconfortável. Muitas vezes, deixa-se um cateter no escroto, o que é incômodo.

Além disso, uma vez que se trata de um procedimento invasivo, a hidrocelectomia pode trazer múltiplas complicações. Felizmente, a incidência dessas complicações é baixa e, entre as mais frequentes, estão as seguintes:

  • Coágulos de sangue.
  • Infecções.
  • Lesão escrotal.
  • Inflamação contínua.
  • Dor crônica.
  • Perda do testículo.

A prevenção é fundamental

Por esta razão, no caso dos adultos, é preciso tentar prevenir o aparecimento desta patologia. A ideia é reduzir ao máximo o risco de infecções. Por exemplo, através da utilização de métodos de proteção de barreira.

Além disso, também é recomendável evitar traumatismos nos testículos. Os esportes de contato ou a equitação são fatores de risco.


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