Mulher com transtorno de identidade de integridade corporal tenta se amputar e deseja ser paraplégica
Apesar de não ter nenhum problema nas pernas, a americana Chloe Jennings-White, cientista pesquisadora, de 63 anos optou por viver a vida de uma portadora de deficiência física. Chloe tenta há anos arrecadar dinheiro para pagar um médico que a torne paraplégica. Ela sofre da rara desordem de identidade da integridade corporal.
Desde a infância, a americana tentou por diversas vezes se ferir o suficiente para paralisar permanentemente seus membros inferiores, mas nunca conseguiu.
Transtorno de identidade de integridade corporal
O transtorno de identidade de integridade corporal é um distúrbio psicológico no qual o indivíduo saudável imagina que possui alguma deficiência.
A pessoa com esse problema tem a sensação de que um ou mais de seus membros não pertencem ao próprio corpo. Contudo, ainda não é um transtorno reconhecido pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Os primeiros sinais do transtorno de identidade e integridade corporal surgem logo na infância, quando a pessoa ainda está se desenvolvendo e se descobrindo.
Os médicos ainda não conseguiram definir uma causa especifica para esse tipo de transtorno. Acontece que o cérebro dessas pessoas não identifica a presença dos membros e dessa forma passa a rejeitar a presença deles. Em alguns casos, essas pessoas passam a praticar esportes radicais, visando sofrer de um acidente que leve à amputação.
O transtorno de identidade de integridade corporal é acompanhado da vontade de amputar membros do corpo que não apresentam doenças. A pessoa passa ainda a sentir a obsessão por ter outras deficiências. Esse transtorno faz com que alguns portadores acabem se machucando voluntariamente, realizando cortes ou mesmo perfurações em diferentes membros.
Pode parecer cruel que uma pessoa fisicamente saudável tenha o desejo de ser deficiente física, mas é preciso compreender que não é uma escolha da pessoa se sentir assim.
O caso de Chloe
Quando tinha apenas 4 anos de idade, Chloe viu sua tia Olive usando joelheiras para tratar da saúde das pernas. Depois disso, a menina passou a usar bandagens secretamente por anos, e somente agora, depois dos 60 anos, decidiu falar sobre sua condição.
Ao longo da vida, por várias vezes Chloe se colocou em situações de risco para sofrer um acidente e precisar usar cadeira de rodas.
Com apenas 9 anos de idade, ela saltou de um palco com sua bicicleta de propósito para se machucar. De fato, ela caiu sobre o pescoço, mas não bastou para resultar em uma deficiência física.
No entanto, ela não parou de tentar até que um acidente realmente aconteceu, embora ela tenha se recuperado depois.
Chloe sabia, desde criança, que havia algo diferente em seu modo de pensar. Agora ela está até disposta a pagar um cirurgião para ajudá-la a perder o movimento das pernas.
Aliás, é só para tentar sofrer um acidente grave que Chloe anda de esqui, sem usar equipamentos de segurança.
Há alguns anos, Chloe foi andar de esqui e conseguiu sofrer um acidente que exigiu o uso de joelheiras e causou uma lesão nas costas. Ela conta que se sente aliviada quando está impossibilitada de caminhar. Por isso, ela ainda deseja um acidente mais grave, como um atropelamento.
“Eu esquio muito rápido e tento fazer as manobras mais perigosas. Qualquer atividade é uma oportunidade de ficar paraplégica e me alivia da ansiedade causada pela minha doença. Meus amigos e minha família se preocupam comigo quando vou esquiar, porque sabem que fico agressiva e sabem que no fundo faço isso para ficar paralisada”, ela contou.
“Algo em meu cérebro me diz que minhas pernas não devem funcionar. Ter qualquer sensação nelas parece errado.” Por causa de sua condição, Chloe tem recebido insultos e até ameaças de pessoas que não entendem a sua doença.
Em 2008, o psiquiatra Michael First a diagnosticou e recomendou o uso de uma cadeira de rodas para trazer alívio emocional, mesmo podendo caminhar normalmente.
“A cadeira me alivia psicologicamente, não fisicamente. Eu sei que é difícil para outras pessoas entenderem, mas é o que eu sinto. Não posso transformar minha casa em uma casa adequada para pessoas com deficiência, mas uso a cadeira o máximo que posso”.
No entanto, Chloe ainda busca uma forma de ficar paraplégica, inclusive já buscou médicos que aceitassem cortar seus nervos ciáticos, mas ainda não conseguiu encontrar algum que aceitasse fazer tal procedimento.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.