Micra: o menor marca-passo do mundo, implantado sem cirurgia
Escrito e verificado por o médico José Gerardo Rosciano Paganelli
Um marca-passo, até pouco tempo atrás, era implantado por meio de uma cirurgia delicada com o coração aberto. Com o tempo, o tamanho destes maquinários foi reduzindo, tudo com a finalidade de controlar e regular o ritmo cardíaco do paciente.
Foi no final de 2013 que a empresa “Medtronic” mostrou ao mundo algo novo. Algo sofisticado e revolucionário para o campo da medicina.
Era o Micra, o menor marca-passo do mundo que, além disso, podia ser implantado sem necessidade de uma intervenção cirúrgica.
Algo maravilhoso que desejamos compartilhar com você.
Micra, batendo com a vida
Ainda que este dispositivo tenha sido apresentado em 2013, como já sabemos, os tempos de aprovação, comercialização e distribuição de qualquer técnica ou novo fármaco são lentos.
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- Micra recebeu a marca de conformidade “CE” em 2015. Sendo assim, somente há alguns meses, foi quando começou sua comercialização e distribuição dentro de todo o território da União Europeia.
- Depois de rigorosos testes foi demonstrada sua grande eficácia e confiança frente aos marca-passos tradicionais. Foi algo revolucionário que, desde então, só traz esperanças e bons resultados.
- Por sua vez, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou o Micra em meados de 2016.
As implantações realizadas até o momento também são muito positivas e, segundo nos indicam, este marca-passo é coberto pela maioria dos seguros médicos.
Características do menor marca-passo do mundo
O marca-passo “Micra” tem medidas de 24 mm. É similar a uma moeda de um euro. Entre os anos 2014 e 2015 passou por todas as provas experimentais em um exame global onde foi confirmado, efetivamente, seu sistema tecnológico inovador.
As características deste marca-passo são as seguintes:
- É uma cápsula, sem cabos e sem bateria subcutânea.
- Para implantá-lo não é preciso passar por cirurgia.
- É instalado no coração do paciente por meio de uma tecnologia transcateter. É aplicado através de uma injeção na veia da virilha do paciente para que, deste modo, o dispositivo se aloje no ventrículo direito.
- Ainda, este novo marca-passo permanece enganchado no próprio coração por meio de pequenos dentes ou pequenas pontas. Não precisa de cabos.
- Depois disso, começa a emitir impulsos eletrônicos para manter o coração batendo, ajustando-se à própria atividade do paciente.
- Não é preciso aplicar nada debaixo da pele. Ou seja, ninguém notará que o paciente está de marca-passo, porque não é visível. Esta cápsula fica firmemente “instalada” no próprio coração.
- Não precisa de mais nada, sem cortes, sem feridas para suturar, sem passar vários dias hospitalizado.
Uma grande mudança na era das cardiopatias
Esta nova tecnologia não é apenas um avanço a nível clínico. É também importantíssimo a nível psicológico, porque toda cirurgia causa um impacto muito grande aos pacientes.
- Este dispositivo é aplicado de forma simples e não deixa nenhuma cicatriz. Aliás, se em algum momento ocorrer algum problema, pode ser “recolocado” de forma muito simples.
- Por outro lado, como dizem os especialistas, o Micra permite uma fixação completamente estável. O mais importante de tudo isso é que, diferente dos marca-passos tradicionais, não danifica o tecido cardíaco em nenhum momento.
- Então, estamos diante de um avanço para tratar os transtornos cardíacos, onde médicos e doentes dispõem de uma ferramenta mais simples e igualmente segura.
Aspectos negativos para considerar
O marca-passo Micra é uma revolução neste momento do mundo clínico e das cardiopatias. E apesar disso, os médicos indicam que é só o começo.
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Espera-se que, em alguns anos, este sistema vá avançando para dar uma resposta melhor em todos os casos. Além disso, também há esperanças de que, pouco a pouco, a durabilidade deste mecanismo seja maior.
No momento o Micra apresenta as seguintes limitações:
- Tem uma durabilidade de 10 anos, mas depois desse tempo, o dispositivo deve ser trocado.
- Outro detalhe que devemos considerar é que este marca-passo não pode ser implantado em qualquer pessoa. Um exemplo são os pacientes muito obesos, porque nesses casos existem graves limitações que podem não dar o resultado esperado. Precisa de mais avanços.
- Ainda, outro detalhe que não podemos esquecer é que o Micra não pode ser aplicado em pacientes que já tenham marca-passo tradicional.
Estas pessoas não poderiam se beneficiar desta tecnologia, portanto, teriam que continuar com os mecanismos tradicionais. Entretanto, os marca-passos utilizados atualmente para controlar o ritmo cardíaco são igualmente eficazes.
Esperamos que a ciência continue avançando para dar uma resposta simples e eficaz para problemas tão graves como as cardiopatias.
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