Jovem empreendedor oferece limpeza solidária na casa de pessoas com depressão
O amazonense Guilherme Gomes, de 19 anos, conhecido nas redes sociais como “Diárias do Gui” virou fenômeno nas redes sociais por compartilhar seu trabalho como faxineiro na casa de pessoas acumuladoras. Com um ato simples como a limpeza, esse rapaz mudou a vida de muitas pessoas.
Em sua conta no Instagram, ele já soma quase 800 mil seguidores e compartilha com seu público sua rotina com ‘antes e depois’ de casas em que realiza os serviços.
O surgimento do empreendimento
No início da pandemia, o jovem passou por dificuldades financeiras e aceitou o convite de limpar a casa de uma prima. O serviço trouxe ótimos resultados e vários elogios. Desde então, o trabalho não parou mais.
“Nesse período veio uma prima morar perto da gente, aí ela tinha um apartamento próximo e ia precisar de alguém pra ajudar ela em casa, fazendo faxina, trabalhando três vezes por semana, eu aceitei, não tinha renda, não tinha trabalho. Eu fazia muito processo seletivo, mas não era chamado”, contou o empreendedor.
Depois de fazer três faxinas, ele criou a página no Instagram @diariasdogui e passou a divulgar seu trabalho. Não demorou muito para as reservas começarem a ser feitas pelos clientes e, então, a equipe da empresa foi montada.
Faxinas solidárias
Em entrevista para a Folha, Guilherme contou que a ideia surgiu quando ele percebeu que algumas casas onde fazia faxinas tinham objetos acumulados e higiene precária.
“Ao invés de julgar, abandonar o serviço ou fazer só pelo dinheiro, eu perguntava para o cliente se ele estava bem. Foi então que começaram a me relatar os problemas que envolviam perdas recentes, depressão e problemas financeiros. Algumas faxinas eu nem cobrava porque via o quanto estava difícil”, conta.
Algum tempo depois, Guilherme passou a divulgar as faxinas solidárias quando tinha o consentimento do cliente para, assim, expandir o seu trabalho e ajudar mais pessoas.
Através de doações dos seguidores, o jovem dá continuidade ao serviço e, com ele, se tornou um influenciador e defensor deste tema que, além da limpeza, envolve a saúde mental.
“Há uns quatro meses, quando comecei a divulgar, muita gente do país me procurou. E comecei a falar e mostrar que a depressão, por exemplo, não é frescura, é um assunto sério e que merece atenção, principalmente do poder público. Vejo que eu faço um trabalho que poderia ser realizado por governantes, mas não é o que acontece”, diz.
Aprender com a vida
Segundo Guilherme, o grande aprendizado é a vida. O jovem diz ter sido possível compreender muitas coisas através da limpeza. Ele buscou razões no comportamento de alguns idosos e entendeu que tirar algo de um acumulador pode causar grandes transtornos.
“Pra mim e pra você pode ser lixo, mas para aquela pessoa pode ser algo que a conforta. Pessoas em depressão profunda se apegam a coisas, objetos e roupas que remetem a quem já não está mais lá na casa.”
“Muitas pessoas não se dão conta de que estão doentes. Quem está fora percebe mais facilmente que algo não está normal”. Guilherme explica que muitas vezes nem são essas pessoas que entram em contato, mas seus familiares.
Sua técnica de trabalho é limpar os locais de acumuladores em pleno acordo com eles. É fazer com que entendam o que pode ser necessário e útil e descartar o restante.
“O segredo é ter paciência, não estressar o acumulador e, com cuidado, mostrar que a pessoa não precisa daquelas coisas.”
Guilherme sabe que a limpeza proporciona bem-estar para as pessoas, mas que ela não será a solução para a depressão. Assim, ele busca mostrar a necessidade de contato com psicólogos e órgãos de saúde que possam prestar a assistência necessária.
“Depende da pessoa buscar ajuda. Se ela se negar a isso, faço só a minha parte, mas busco orientar.”
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