Hiperlactação ou superprodução de leite materno: o que você precisa saber

A hiperlactação dificulta o processo de amamentação do bebê e pode provocar problemas de saúde na mãe e no filho. Explicaremos por que isso ocorre e como tratá-la.
Hiperlactação ou superprodução de leite materno: o que você precisa saber
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 23 agosto, 2022

A amamentação é um dos maiores presentes que você pode dar ao seu bebê. Com ela não apenas é garantida uma nutrição ideal, mas é favorecida a criação de um forte vínculo emocional entre mãe e filho. No entanto, estabelecer e manter a amamentação nem sempre é fácil; neste processo podem surgir várias dificuldades (como a hiperlactação) que se não forem atendidas de maneira adequada podem levar ao abandono deste hábito.

A maioria das mulheres grávidas e mães de primeira viagem vez teme não ter leite materno suficiente para atender às necessidades dos seus bebês. Portanto, à primeira vista a superprodução pode não parecer um problema.

No entanto a hiperlactação é uma condição que provoca desconforto nas mulheres e crianças, e pode levar a alguns problemas de saúde. Para que nada prejudique essa linda experiência, falaremos mais sobre este assunto e mostraremos como lidar com essa situação.

O que é a hiperlactação e por que ela acontece?

O que é "alimentação dos sonhos" e como aplicá-la corretamente?
A hiperlactação implica uma superprodução de leite que pode, em última análise, dificultar a amamentação.

A produção excessiva de leite materno é chamada de hiperlactação. As mulheres que sofrem com ela têm um fluxo de leite rápido, constante e abundante que gera diversos transtornos. Para entender por que esse excesso de oferta acontece é importante lembrar como funciona o processo de estabelecimento da lactação.

É normal que a produção de leite seja maior durante as primeiras quatro ou seis semanas após o parto. Durante esse período o corpo aprenderá de quanto alimento o bebê precisa e se ajustará à demanda dele. Enquanto isso a criança ganhará prática e fluência na sucção, de forma que eventualmente ambas estarão sincronizadas. No entanto, algumas mulheres continuam tendo uma abundância de leite após esse período.

A hiperlactação pode ter várias causas. Algumas mulheres têm uma produção excessiva de leite de forma natural, devido a uma predisposição congênita. Outras podem ser excessivamente sensíveis à estimulação e liberar prolactina demais no sangue. No entanto, em outros casos alguns fatores controláveis contribuem, por exemplo o uso de práticas inadequadas de amamentação.

Sintomas de hiperlactação

Para definir se você sofre de hiperlactação é possível observar uma série de sintomas que aparecerão tanto em você quanto no bebê. No caso deste último, os mais comuns são os seguintes:

No bebe:

  • Durante a amamentação ele tosse e se engasga. Isso pode acontecer porque ele não consegue controlar a rapidez e a abundância do suprimento de leite.
  • Ele mostra padrões de pega inadequados. Por exemplo, empurra o peito como se estivesse brigando com ele, morde o mamilo ou engole e devora a comida com uma atitude ansiosa. Outras crianças, ao contrário, mamam com a boca solta agarrando muito mal o mamilo, dando a impressão de serem preguiçosas.
  • O bebê fica inquieto, angustiado ou irritado durante as mamadas e pode até chorar.
  • As regurgitações são frequentes, assim como a necessidade de arrotar. Isso acontece porque a criança engole muito ar ao mamar. As cólicas ocorrem com frequência e podem aparecer fezes verdes e explosivas.
  • O bebê está constantemente com fome e pede o peito com bastante frequência. Além disso ele ganha peso mais rápido do que o esperado.

Na mãe:

Você como mãe também sofrerá uma série de sintomas e consequências que podem te ajudar a identificar o que está acontecendo:

  • Você percebe que os seus seios estão constantemente cheios, ingurgitados e tensos.
  • Você sente dor na mama com frequência, e a descida do leite é dolorosa.
  • Você sofre perdas de leite durante o dia que te incomodam.
  • Devido à pega equivocada os mamilos podem ficar rachados, além de um risco aumentado de mastite recorrente e obstruções no ducto.

Consequências da superprodução de leite materno

Amamentação e mudanças na cor do leite.
Se você suspeitar que está hiperlactando, consulte o seu médico.

A hiperlactação pode tornar a amamentação incômoda e desagradável para ambos, além de provocar os sintomas já mencionados. No entanto, além disso podem ser geradas outras consequências importantes.

Por exemplo, o seu bebê pode não estar recebendo nutrientes suficientes, já que o leite materno no início das mamadas é composto principalmente por lactose. Se o bebê fica saciado antes de chegar ao leite com alto teor de gordura (que é produzido posteriormente), ele apresentará uma deficiência nesse aspecto.

Por outro lado, é comum que algumas mães confundam a hiperlactação com uma produção insuficiente de leite, pois os bebês estão sempre com fome. Desta forma elas podem tomar suplementos para aumentar a produção e agravar o problema já existente.

Como lidar com a hiperlactação?

Se você atualmente está apresentando uma produção excessiva de leite materno, existem algumas diretrizes que você pode aplicar para reverter esse problema:

  • Amamente o seu filho estando reclinada ou deitada. Isso permitirá que a criança tenha mais controle e não sufoque ou fique sobrecarregada.
  • Evite bombear leite com frequência. Com essa prática você envia para o seu corpo um sinal de que a demanda é maior e que ele precisa produzir ainda mais.
  • A cada amamentação, ofereça ao seu filho apenas uma mama em vez de alterná-las. Desta forma você permite que ela se esvazie adequadamente.
  • Se isso não for suficiente, continue oferecendo o mesmo seio ao bebê em todas as mamadas por um período de tempo; por exemplo, quatro ou seis horas.
  • Para os casos mais graves existe um procedimento que se mostrou eficaz. Ele consiste em esvaziar completamente as mamas e, em seguida, proceder com a amamentação unilateral explicada anteriormente. Ou seja, todo o leite deve ser retirado de forma manual ou mecânica de ambas mamas e, a seguir, cada mama deve ser ofertada em blocos de tempo estabelecidos.

Consulte um profissional

Se a superprodução de leite materno for confirmada, é imprescindível se consultar com um profissional. Ele te ajudará a determinar se isso é realmente o que está acontecendo e mostrará como proceder em seguida. Buscar o aconselhamento de um consultor de amamentação pode ser uma excelente decisão.

Por outro lado, lembre-se de que a situação pode demorar um pouco para ser totalmente resolvida. Não se desespere e siga as orientações do especialista que está te acompanhando. Quando esta fase terminar você ficará feliz por não ter desistido de amamentar.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Woolridge, M. W., & Fisher, C. (1988). Colic,” overfeeding”, and symptoms of lactose malabsorption in the breast-fed baby: a possible artifact of feed management?. The Lancet332(8607), 382-384.
  • van Veldhuizen-Staas, C. G. (2007). Overabundant milk supply: an alternative way to intervene by full drainage and block feeding. International Breastfeeding Journal2(1), 1-5.
  • Amamantar Asturias. (s. f.). Hiperlactancia: cómo las reglas del hemisferio izquierdo para la lactancia pueden causar estragos en un proceso natural. Amamantarasturias.org. Recuperado diciembre de 2021, de https://amamantarasturias.org/wp-content/uploads/2019/11/17esp-Hiperlactancia.pdf

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.