Gastrosquise: entenda o diagnóstico da filha de Cintia Dicker e Pedro Scooby

Aurora, filha da modelo e do surfista, recebeu o diagnóstico durante um exame morfológico, quando ela estava na 12ª semana de gestação. Conheça mais sobre a gastrosquise.
Gastrosquise: entenda o diagnóstico da filha de Cintia Dicker e Pedro Scooby

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 08 março, 2023

A modelo Cintia Dicker revelou detalhes sobre o diagnóstico de Aurora, sua filha recém-nascida, fruto do casamento com Pedro Scooby. Em entrevista, ela afirmou que a pequena foi diagnosticada com gastrosquise, uma malformação gastrointestinal congênita que levou a bebê a passar por uma cirurgia e dois procedimentos médicos.

A malformação chamada gastrosquise foi descoberta ainda na gestação, quando Cintia estava com 12 semanas de gravidez.

A menina nasceu em um parto cesáreo no último mês de dezembro, quando Cintia estava na 37ª semana de gestação. Tão logo veio à luz, a menina imediatamente teve de ser operada para que seu intestino fosse recolocado dentro da cavidade abdominal.

“Descobrimos a gastrosquise no exame morfológico. […] Não conhecíamos essa condição e tive muito medo por não saber como seria a cirurgia e também a recuperação dela. Eram muitas dúvidas e inseguranças que martelavam na minha cabeça: como seria o parto? Eu veria o intestino dela para fora? Como seria a UTI? A cirurgia daria certo?”, compartilhou a modelo.

O que é a gastrosquise?

Considerada uma doença rara, ela atinge cerca de 1 criança a cada 10 mil nascimentos, sendo mais comum em mães jovens, menores de 20 anos, conforme explica Vitor Fitaroni Neves da Cunha, Cirurgião Pediátrico da Rede Meridional/Kora Saúde.

“A gastrosquise é uma malformação congênita localizada na parede abdominal do bebê ainda na barriga da mãe. O bebê apresenta um defeito à direita do cordão umbilical que pode expor o estômago, intestinos delgado e grosso, fígado, ovário e outros órgãos abdominais”, afirma.

O cirurgião pediátrico conta que, apesar de não causar nenhum risco à gestante, a condição merece atenção, já que pode provocar desidratação, infecções, necrose e perda de parte do intestino. “Se não tratada de forma adequada, pode levar ao óbito”, alerta.

A prevenção deve ser feita no pré-natal

A prevenção pode ser feita de forma simples, por meio do pré-natal. No exame de ultrassonografia morfológica já é possível fazer o diagnóstico e preparar o tratamento do bebê.

“Algumas vezes, principalmente em mães que não fazem o pré-natal, a família só descobre no nascimento. Por isso, é recomendado que as mães façam o pré-natal completo, o que permite uma programação do parto em locais especializados, para melhorar o prognóstico do recém-nascido”, diz Cunha.

De fato, essa condição não tem uma causa definida, mas há alguns estudos que relacionam o tabagismo e o uso de drogas ilícitas durante a gestação a uma maior chance de gastrosquise. No entanto, o fator mais comum relacionado à doença é a baixa idade materna (menor que 20 anos).

Tratamento cirúrgico

O tratamento da malformação é sempre cirúrgico, feito assim que o bebê nasce, por isso a importância de ter o diagnóstico antes. “É necessária a redução do conteúdo exteriorizado para dentro da cavidade abdominal. Às vezes essa redução é realizada em etapas”, explica Cunha.

A maior parte das ocorrências é considerada “simples” e possível de ser resolvida com uma só cirurgia. Contudo, conforme a Fiocruz, 17% dos casos registrados são complexos e podem estar associados a atresia, necrose ou perfuração do órgão, o que pode provocar consequências mais graves ao bebê.

No caso de Aurora, assim que conheceram do diagnóstico dela, os pais decidiram que o parto seria no Brasil, onde se sentiriam mais seguros e teriam uma equipe médica disponível para cuidar da mãe e bebê.

O tratamento da gastrosquise é cirúrgico e é feito assim que o bebê nasce por uma equipe médica multidisciplinar.

Em alguns hospitais, o procedimento é realizado através do método Simile-Exit, como aconteceu com Adriana Takata e Bruno Freitas, pais de um bebê com gastrosquise. “Pouco antes do parto a mãe recebeu um sedativo venoso que chegou a circulação fetal. Nós retiramos o feto e mantivemos sua oxigenação pelo cordão umbilical, que foi mantido ligado à placenta e pulsando durante todo o procedimento”, explica o especialista em medicina fetal Gregório Lorenzo Acácio, um dos coordenadores da Linha de Cuidados da Medicina Fetal do Sabará Hospital Infantil.

Assim, foi possível manter o bebê com leve sedação, diminuir a resistência abdominal e facilitar a reposição das alças intestinais. O parto teve duração habitual e o procedimento de correção demorou 25 minutos, além de contar com uma equipe completa de profissionais, como cirurgiões pediátricos, obstetras, neonatologistas, anestesistas, etc.

Essa técnica traz benefícios para o bebê como o aleitamento materno mais precoce, menor tempo de internação e redução do uso de dieta parenteral”, explicam as cirurgiãs pediátricas do Sabará Hospital Infantil, Natália Pagan e Fernanda Leão, responsáveis pelo procedimento.

Depois da cirurgia, é preciso um acompanhamento médico do bebê, já que a inserção dos órgãos pode causar repercussões fisiológicas importantes, afetando o funcionamento do intestino. Sendo assim, não é raro que bebês com gastrosquise tenham que ficar internados por semanas ou até meses para que os órgãos possam voltar a funcionar perfeitamente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.