Distimia, a melancolia que nos faz prisioneiros

A origem da distimia poderia estar na herança genética e, se algum familiar nosso tem padecido de episódios similares, há a possibilidade de nós também a soframos.
Distimia, a melancolia que nos faz prisioneiros

Última atualização: 19 dezembro, 2018

Os especialistas dizem que a distimia é  o transtorno depressivo mais comum entre a população. Cabe ressaltar além disto que, apesar de ser uma depressão mais leve, o problema principal é que pode evoluir para crônica.

O termo possui suas raízes no grego e tem sua definição como um estado de ânimo onde o cansaço, a apatia, a melancolia e a falta de energia para encarar o dia a dia confirmam uma sensação muito comum em muitas pessoas.

Se este for o seu caso e você se sentir identificado, convidamos você a conhecer mais dados a seguir. Evite que a distimia seja o túnel que aprisiona a sua vida.

Distimia, a melancolia que nos faz prisioneiros

É importante levar em conta que, apesar de ser o transtorno depressivo mais habitual, os psicólogos e psiquiatras não o consideram como uma depressão profunda, mas apenas mais um transtorno do estado de ânimo que, caso não seja tratado, pode acabar alterando nosso dia a dia.

Vejamos agora os pilares básicos que a definem.

1. A origem da distimia

Não está ainda bem claro o que determina a aparição da distimia. Não obstante, existem alguns exemplos que devemos levar muito em conta:

Origem bioquímica

Um dos motivos pelos quais é tão complicado controlar a distimia é porque, por vezes, este tipo de melancolia crônica não se deve a fatores externos, senão internos.

Uma alteração em nossos neurotransmissores como, por exemplo, um déficit na serotonina, desenvolve uma variabilidade de nosso estado de ânimo, fazendo com que o cérebro fique suspenso em uma baixa estimulação e em um estado de abatimento progressivo.

A genética

Devemos conhecer nossos antecedentes familiares. Se nossa mãe ou algum de nossos avós padeceu ou padece de uma depressão leve ou seu caráter é sempre apático, negativo e passam épocas de abatimento, deve-se ficar alerta.

A distimia costuma ser de origem hereditária, e a prevalência é maior de mães para filhas. Não é determinante, mas existe tal probabilidade.

O contexto, os padrões educativos

O fato de viver em um lugar onde os vínculos afetivos foram traumáticos é, em algumas ocasiões, determinante.

Além disto, as experiências negativas, as perdas pessoais ou os fracassos sentimentais também são desencadeantes para este estado anímico  que, sem chegar a ser una depressão severa, sem dúvidas, afeta o nosso dia a dia.

2. Sintomas da distimia

  • Nosso estado de ânimo costuma ter muitos altos e baixos. Há dias em que nos sentimos com mais energia, mas de repente, perdemos a vontade, o ânimo, a esperança.
  • Junto à melancolia podem ser notados o mau humor e a irritabilidade. Se, além disto, contamos com um cenário que não entende o que ocorre conosco, a sensação piora com frases como “você está sempre emburrada” ou  “você nunca tem vontade de nada”.
  • É muito difícil para nós desfrutarmos das coisas positivas do dia a dia, não temos ânimo e é muito improvável que em algum momento digamos a nós mesmas algo como: “me sinto feliz, hoje estou bem”.
  • Transtornos do sono: o sono nunca é suficiente para que levantemos descansadas. Despertar muitas vezes fica difícil e também conciliarmos um sono reparador.
  • Fica difícil nos concentrar, pois temos pequenas falhas de memória e ainda, por vezes, nos custa seguir a trama de um filme ou um livro.
  • É frequente sofrermos com cefaleias, dores musculoesqueléticos e enjoos.

Como podemos enfrentar a distimia?

Sereia

O mais complexo na distimia é que ela aparece em nossa vida quase sem que nos demos conta. Pouco a pouco temos menos vontade de fazer as coisas, o ânimo cai e nossa felicidade e nosso equilíbrio vão se apagando lentamente.

É necessário considerarmos estes aspectos:

  • A distimia tem quase sempre uma origem orgânica e, sendo assim, é necessário que se disponha de um tratamento farmacológico que regule o bom funcionamento de nossos neurotransmissores.
  • Assuma a distimia como uma doença. De fato, o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5) a define como um Transtorno Depressivo Persistente. Desta forma, entende-se que, junto com os fármacos, é necessário também buscar estratégias adequadas de tratamento.
  • Apesar de que a palavra “crônico ou persistente” possa assustar, não deixa de ser uma definição geral. Muitos pacientes têm conseguido superá-la com a força de vontade e o apoio familiar.
  • Entenda que nenhuma dor, tristeza ou melancolia deve ser eterna. A vida flui, muda e se move, e você deve permitir formar parte desse movimento. Um bom modo de consegui-lo é realizando mudanças.
  • Comece por coisas pequenas: mude seu penteado, mude sua alimentação para que seja mais saudável, mude algumas de suas velhas amizades por outras novas.

Conclusão

A razão de tudo está nos estímulos, motivações e novas ilusões. O motor da mudança está em seu interior  e é necessário que o alimente com ilusões renovadas.

Apesar de que a distimia não costume ser superada de um dia para o outro, requer tempo, o uso de medicação e encarar a vida de outra maneira.

Não se amarre às raízes do negativismo. Amarre-se de vez e com força a estas “caudas de cometa” que aparecem todos os dias para despertar você, para desprender novamente suas asas com otimismo e valentia.


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  • Harvard Health Publishing, “Dysthymia”, 2014. https://www.health.harvard.edu/newsweek/Dysthymia.htm
  • Howland RH1, Thase ME, “Biological studies of dysthymia”, Biol Psychiatry. 1991 Aug 1;30(3):283-304.
  • Akiskal HS, “Dysthymia: clinical and external validity”, Acta Psychiatr Scand Suppl. 1994;383:19-23.

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