Dia Mundial contra o Câncer: últimos avanços

O Dia Mundial contra o Câncer é uma iniciativa de organizações internacionais de saúde para promover a prevenção e a pesquisa sobre essa patologia. Neste artigo, contamos quais são os últimos avanços em oncologia.
Dia Mundial contra o Câncer: últimos avanços
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto.

Última atualização: 14 fevereiro, 2023

Para destacar a presença dessa terrível doença e conscientizar sobre a necessidade de preveni-la e investigá-la, todo dia 4 de fevereiro é declarado o Dia Mundial contra o Câncer. É uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde e da União Internacional para a Luta Contra o Câncer.

Além disso, em 24 de setembro, em alguns países foi instituído o Dia Mundial da Pesquisa do Câncer, com o objetivo de promover projetos de estudos científicos ligados às neoplasias. As pesquisas nessa área do conhecimento são constantes, e os avanços são muito perceptíveis.

De qualquer forma, um dos grandes obstáculos é a desigualdade. Nem todos os países estão em condições de arcar com as despesas exigidas pela pesquisa. Também nesse sentido, o Dia Mundial contra o Câncer vem colocar em alerta para promover a solidariedade internacional.

Consideremos que o câncer é uma das principais causas de mortalidade. Todos os anos, cerca de dezoito milhões de pessoas são diagnosticadas com uma neoplasia, chegando a quase nove milhões que morrem pelo mesmo motivo. A mortalidade é maior entre os homens do que entre as mulheres.

Os três principais cânceres do mundo são mama, pulmão e cólon. Entre os três representam um terço do número de casos de câncer no mundo. E o tabaco – causador do câncer de pulmão – é causa de mais de 20% das mortes por câncer.

Comemorando o Dia Mundial contra o Câncer, vamos contar neste artigo os três avanços mais relevantes em suas pesquisas.

1. A origem das metástases

Embora o Dia Mundial contra o Câncer não fale especificamente sobre metástases, sabemos que elas são uma grave consequência das neoplasias. Nas metástases, algumas células do tumor primário viajam para se fixar em outra área do corpo e criar um novo foco.

De todas as células neoplásicas, apenas 1% é capaz de se desprender, viajar e se fixar em outro lugar com sucesso. Isso sempre surpreendeu os pesquisadores. É por isso que estudos foram desenvolvidos para descobrir como a metástase realmente funciona.

Se seu mecanismo pudesse ser entendido, estaríamos mais perto de preveni-las em pacientes que já têm diagnóstico de câncer. A prevenção nesse nível limitaria a mortalidade em casos que se qualificam como terminais.

É assim que chegamos ao mais recente desenvolvimento nesse sentido, liderado por Joan Massagué, pesquisador espanhol que trabalha em Nova York. Os artigos de sua equipe na revista Nature tem dado o que falar pelo promissor das descobertas.

A equipe de pesquisa descobriu que as células metastáticas expressam a proteína L1CAM para se fixar. Essa proteína é a mesma que o corpo usa naturalmente para fechar feridas.

Em outras palavras, as neoplasias copiam o sistema de reparo epitelial que o ser humano possui intrinsecamente. Isso permite que viajem para um lugar diferente e sejam aceitas pelo órgão receptor.

metástase
O câncer metastático é potencialmente muito mortal, e avanços nesse sentido são necessários para reduzir a mortalidade

2. Biópsia líquida como opção

O Dia Mundial contra o Câncer também nos traz novas lembranças de avanços que melhoram o diagnóstico precoce. Ser capaz de detectar rapidamente a presença de células tumorais melhora notavelmente o prognóstico.

A biópsia de órgãos é tradicionalmente usada como mecanismo de confirmação do câncer. Na suspeita, o médico faz uma incisão no órgão afetado e tira uma amostra para analisar no laboratório.

Esse procedimento é preciso, mas tem seus obstáculos. Nem todos os órgãos são de fácil acesso, nem todas as condições do paciente permitem a evolução de um procedimento desse tipo.

Assim chegamos à biópsia líquida. Consiste em detectar células tumorais, ou substâncias produzidas por tumores, diretamente em fluidos acessíveis, sem afetar órgãos sólidos. Podemos realizar biópsia líquida do sangue, por exemplo, com uma simples extração.

Em comparação com a biópsia tradicional, a biópsia líquida tem vantagens marcantes:

  • Invade o corpo em muito menor grau.
  • Pode ser indicada em pacientes nos quais o órgão tumoral primário é inacessível ou que não podem ser submetidos a uma biópsia comum.
  • Pode ser repetida com mais facilidade e rapidez.
biópsia líquida
A biópsia líquida permite que as células tumorais sejam detectadas diretamente de uma amostra de sangue

3. A relação entre microbiota e câncer

A microbiota intestinal é um tema relativamente novo na medicina. Embora a existência desse grupo de microorganismos que habitam constantemente o intestino seja conhecida há muito tempo, não faz muito tempo que eles receberam a importância que têm.

Já foi associada a doenças como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer. Claro, sua influência também foi detectada nos distúrbios digestivos mais comuns, como o intestino irritável.

O melhor conhecimento da microbiota traz consigo uma série de recomendações dietéticas que podem ser preventivas. Devemos entender que os microrganismos que a formam estão sujeitos a alterações internas causadas pelos alimentos.

Isso abre uma ligação entre a microbiota, a dieta e o câncer. Existe até uma relação entre a microbiota e a resposta de um organismo à quimioterapia. Um passo a mais no tratamento de neoplasias seria considerar o aprimoramento desse minúsculo mundo de bactérias intestinais em favor da recuperação.

Esperança no Dia Mundial contra o Câncer

A pesquisa em oncologia é esperança para os pacientes e para toda a população mundial. Por ser uma doença tão frequente e com tanta mortalidade, devemos considerar que os avanços nos beneficiam globalmente.

O Dia Mundial contra o Câncer nos permite saber que muito conhecimento foi acumulado sobre patologias oncológicas. E há muito mais caminho pela frente. O processo pelo qual os tumores se formam é melhor compreendido e, em comparação com uma década atrás, as chances de sobrevivência aumentaram significativamente.


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