Conheça a história de Oxana Malaya, a menina que foi criada por cães
A história de Oxana Malaya é um indicador bastante claro de que a criação desempenha um papel muito importante. Filha de pais alcoólatras, Oxana, nascida em 1983, passou grande parte da sua infância, dos 3 até os 8 anos, vivendo em um canil no quintal da casa da família em Novaya Blagoveschenka, na Ucrânia.
Quando foi resgatada, ela havia perdido toda a capacidade de falar e estava correndo em quatro apoios como um cachorro. Os especialistas dizem que, se a criança não aprender a falar até os 5 anos, o próprio cérebro cria um bloqueio e ela não aprende mais.
Sem atenção e acolhimento dos pais, a menina encontrou abrigo entre os cães e se refugiou num barracão habitado por eles nos fundos da casa.
Dessa forma, Oxana aprendeu a se comportar como os cães. Ela rosnava, latia, andava por todos os lados como um cão selvagem, cheirava a comida antes de comer e foram encontrados nela sentidos extremamente aguçados de audição, olfato e visão. Se tinha uma coceira atrás da orelha, por exemplo, ela coçava com o pé.
O seu vínculo com a matilha era tão forte que as autoridades que vieram para salvá-la foram expulsas pelos cães na primeira tentativa.
O comportamento de Oxana Malaya
Como não tinha interação com humanos, a falta de contato fez com que ela se esquecesse que era humana. Os humanos não eram mais a sua espécie: toda a sua vida significativa estava contida num canil.
Quando foi descoberta, em 1991, Oxana achou difícil adquirir habilidades sociais e emocionais humanas. Ela só sabia dizer “sim” e “não” e tinha sido privada de estimulação intelectual e social. Seu único apoio emocional vinha dos cães com os quais ela vivia.
Oxana só conseguiu aprender a falar novamente porque tinha fala infantil antes de ser abandonada.
Lyn Fry, especialista em crianças selvagens
Em 2006, Oxana recebeu a visita da psicóloga Lyn Fry, especialista em crianças selvagens. Cinco anos após um documentário na Discovery Channel sobre ela, Lyn e uma equipe do Channel 4 queriam saber se ela havia se integrado na comunidade.
“Eu esperava alguém muito menos humano,” disse Fry, a primeira especialista não-ucraniana a conhecer Oxana. “Eu tinha ouvido histórias de que ela perdia o controle, que não cooperava, que era socialmente inepta, mas fez tudo que eu pedi para ela fazer”.
“A linguagem dela é estranha. Oxana fala de maneira direta como se fosse uma ordem. Não há cadência, ritmo ou música na fala dela, nenhuma inflexão ou tom, mas ela tem senso de humor. Ela gosta de ser o centro das atenções, de fazer as pessoas rirem. Exibir-se é uma habilidade surpreendente quando você considera as origens dela”.
“Ela me impressionou muito. Quando eu fiz um presente para ela com alguns brinquedos de animais de madeira que usamos em alguns testes, ela me agradeceu. Superficialmente, você nunca saberia que essa era uma jovem mulher criada por cachorros”.
Depois de uma série de testes cognitivos, Fry concluiu que Oxana tem a capacidade mental de uma criança de seis anos e um baixíssimo limite de tédio (se entedia facilmente). Ela pode contar, mas não somar. Não lê nem soletra o nome dela corretamente.
Oxana tem dificuldades de aprendizado, mas não é autista, como geralmente as crianças criadas por animais são. Ela tem orgulho do seu grande relógio de pulso com os seus vários toques musicais – mas não sabe dizer as horas.
As imagens são impactantes
No vídeo abaixo é possível ver claramente seu comportamento canino enquanto anda “de quatro” na grama espessa, arquejando para a água com a língua para fora. Quando ela chega na torneira bate com a frente do pé no chão, bebe a água com a boca aberta e deixa a água escorrer sobre sua cabeça.
Até este ponto, você pensaria que a garota está atuando – mas no momento que ela balança a cabeça e pescoço para se livrar das gotas de água, exatamente como um cachorro faz quando está molhado, você tem um sentimento estranho de que isto é algo além da imitação. Então, ela late.
O som furioso que ela faz não é como um ser humano fingindo ser um cachorro. É uma exata e assustadora explosão de raiva canina e está vindo da boca de uma jovem mulher, vestida com short e camiseta.
Vida em sociedade
Hoje, Oxana Malaya consegue falar, andar ereta, comer com as mãos e, o mais importante, a se comunicar como um ser humano. No entanto, especialistas acreditam que não irá se desenvolver intelectualmente, diante dos anos perdidos enquanto vivia com os cachorros.
Malaya já mostrou a um namorado quais eram seus costumes diários, como ela andava e comia, enfim, como era sua vida como uma criança selvagem. Ele se assustou e esse relacionamento não durou muito.
Tendo em mente outros casos de crianças selvagens, o saldo da vida da ucraniana pode ser considerado positivo. Desde 2010, Oxana reside em um lar para deficientes mentais e cuida de vacas na fazenda da clínica que a acolheu de verdade. No entanto, ela afirma que é mais feliz quando está entre os cães.