Amigos passam 30 anos casados para esconder homossexualidade dos pais e amigos
O processo de assumir a homossexualidade nunca é fácil. Exige coragem e resiliência, especialmente para aqueles que passam a vida inteira escondendo os seus sentimentos. Brad e Cyndi Maler cresceram em lares extremamente religiosos, em pequenas comunidades de Illinois. Por isso, assumir a sexualidade nunca foi uma opção para eles.
Alguns anos após o casamento, eles contaram um ao outro seu segredo. Então, por mais de três décadas, não contaram a mais ninguém.
Em público, eles tinham a certeza de manter os papéis tradicionais de gênero: Cyndi mantinha o cabelo comprido e eles nunca mencionaram que Brad era quem decorava a casa. “Queríamos uma casa, o cachorro, as duas crianças – e fizemos tudo isso”, explicou Cyndi. “Tomamos a decisão de fazer funcionar. Era isso que íamos fazer.”
Eles viveram três décadas de “uma vida tipicamente americana”, casando-se e tendo dois filhos, mesmo ambos sendo homossexuais. Atualmente, ambos com 50 anos, resolveram contar tudo para seus dois filhos adultos – um filho e uma filha – e estão vivendo novas vidas em Chicago.
Mesmo percebendo que os direitos dos homossexuais tiveram consideráveis avanços nos Estados Unidos e no restante do mundo, ainda assim, ambos temiam ser descobertos
Mas a situação chegou a um limite. Brad ficou profundamente deprimido e iniciou acompanhamento psicológico para aprender a trabalhar as suas questões internalizadas.
“Por muito tempo, odiei essa parte de mim… Não entendia por que o que eu tinha com Cyndi não era suficiente”, disse ele.
Eles disseram que nunca teriam conseguido revelar que são homossexuais se os pais ainda estivessem vivos, já que desde muito novos eram advertidos sobre as proibições divinas a respeito da sexualidade.
Outro fator que impulsionou o casal foi que a filha contou que é lésbica. Quando decidiram se aposentar, venderam tudo que tinham construído juntos e compraram apartamentos separados para que pudessem, pela primeira vez, fazer parte da comunidade LGBTQI+.
Mesmo separados, eles se consideram melhores amigos e ainda se veem praticamente todos os dias.
Brad descreve essa nova fase da vida como se estivesse passando por uma segunda adolescência. Tudo é novidade. Cyndi conta que ainda está se concentrando em descobrir a si mesma antes de entrar num relacionamento com outra mulher.
E apesar das lutas, Brad e Cyndi acreditam que as coisas melhoraram para eles. “Toda a nossa dinâmica está melhor agora”, disse Brad.
A intolerância segue vigente em nossos dias, mesmo que a sociedade tenha dado grandes passos para a defesa dos direitos dos homossexuais
Nos Estados Unidos, uma pesquisa de Leis e Políticas Públicas da Escola de Direito da UCLA mostra que essa parcela da sociedade tem se assumido cada vez mais jovem, sempre superando as gerações anteriores. Mas Brad e Cindy fazem parte da parcela que preferiram esperar até mais tarde para revelar a orientação sexual.
Isso não significa que os avanços da minoria LGBTQI+ sanaram todos os problemas existentes. De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o Brasil ocupa o primeiro lugar do continente em homicídio de pessoas LGBT e a liderança mundial em assassinatos de pessoas trans.
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