A história da mulher que ficou famosa pelos glúteos
Essa história aconteceu no século XIX, época em que a escravidão deixou relatos lamentáveis. O que contaremos agora fala sobre Saartjie Baartman, uma jovem que foi usada como exibição por sofrer de uma anormalidade genética nos glúteos.
Sequestro e escravidão
Saartjie Baartman tinha vinte anos e uma vida normal em seu povoado. Pertencia à etnia africana dos Khoisan; povo acostumado a tirar seu sustento da terra, de seus animais e com arraigados costumes religiosos.
Essa jovem não conhecia nada do que existia além do horizonte de sua tribo naquela bela terra africana; um continente amplamente atacado e humilhado pelos europeus.
Mas sua vida mudou radicalmente no dia em que foi levada por Hendrik Cezar e Alexander Dunlop; dois franceses que viram no corpo de Saartjie uma particularidade que lhes renderia muito dinheiro.
A jovem sofria o que hoje se conhece como esteatopigia, uma doença muito comum dentre tribos africanas como bosquímanos e hotentotes; e que não é mais do que uma acumulação anormal de gordura nos glúteos. Também é algo normal em todas as pessoas que sofrem de obesidade mórbida.
Mas o caso de Saartjie era, pelo visto, muito chamativo e esses homens viram na jovem uma forma de se enriquecer; exibindo-a em teatros e feiras de Londres.
Leia mais: A incrível história de Mbah Gotho, o homem que diz ter 145 anos
A “Vênus negra” dos glúteos gigantes
Ela foi chamada de Vênus negra ou “A Vênus Hotentote”; que fazia referência ao povo e à etnia da qual era proveniente.
Sem saber muito bem como ou porquê, Saartjie percebeu como, em poucos dias, estava sobre os palcos de vários teatros de Londres. O espetáculo era tanto vulgar quanto humilhante.
A jovem tinha que ficar nua diante de um público e, simplesmente, exibir suas formas diante de todos aqueles olhos cheios de maldade.
A maior parte do público, como já era de se esperar, estava composta por homens de diferentes classes sociais que não deixavam de pagar altos preços para ver a jovem hotentote com seus grandes glúteos.
O mesmo espetáculo se repetia todas as noites, e assim foi durante quatro longos anos; uma autêntica tortura psicológica infligida a esta mulher que sem querer, nem desejar, se tornou uma atração de feira.
Os homens que a escravizavam enriqueceram tão rápido que não duvidaram em repetir o espetáculo em outra capital.
Dessa forma, depois de quatro anos em Londres eles a levaram até Paris, onde o show também obteve notável sucesso.
Olhares maldosos, curiosos e famintos pelos glúteos particulares da jovem Saartjie pagavam espetáculos em público; mas também a desejavam intimamente, em atos privados. Era dessa forma que seus “proprietários” recebiam mais e mais dinheiro.
Felizmente, a voz dos abolicionistas não demorou em ser ouvida e pediu que esse espetáculo, essa imperdoável humilhação e ato depravado, fosse proibido de imediato.
Hendrik Cezar e Alexander Dunlop tentaram se defender das críticas que receberam alegando que Saartjie atuava de modo voluntário, porque queria; dessa maneira, apresentavam um contrato assinado por ela, porém, o documento era escrito em holandês, um idioma que a jovem, obviamente, desconhecia por completo.
Saiba mais: Transplante de cabeça: voluntário russo se oferece como primeiro na história
O fim de uma vida de sofrimentos
As críticas ao espetáculo da Vênus Negra se tornaram maiores e mais frequentes. Dessa maneira, os proprietários se viram obrigados a acabar com tudo e vender Saartjie a um comerciante francês; que quis se aproveitar de sua fama de uma forma mais obscura e humilhante.
Assim sendo, ele organizava espetáculos privados em que ela era exibida e prostituída em antros das ruas parisienses. Dessa maneira, o homem que a desejasse podia ter a famosa Vênus Hotentote.
Passaram-se vários anos até que lentamente todo esse mundo de penúria e infelicidade se refletiu em sua saúde.
Não ficou clara a origem de sua morte, mas não é preciso pensar muito a respeito, pois a jovem foi exposta aos riscos de contrair sífilis, tuberculose, pneumonia; além de muita tristeza diante de uma vida que nunca conseguiu compreender.
Talvez muitos pensem que nesse ponto de sua vida ela por fim teve o merecido descanso após a morte, porém não foi assim que as coisas aconteceram.
Depois de morrer seu corpo foi dissecado para ser novamente exibido no Museé de l’Homme de Paris.
Seu cérebro, suas genitálias e seu esqueleto foram exibidos durante setenta anos, quando decidiram finalmente guardar aquele testemunho da crueldade humana e tudo o que representou para nossa sociedade.
O verdadeiro descanso para Saartjie Baartman chegou quando Nelson Mandela, em 1984, pediu que seus restos mortais voltassem à África para que fossem devidamente enterrados; para que ela por fim encontrasse o descanso e a paz que merecia nessa terra que a viu nascer; e de onde ela nunca deveria ter saído.
A mulher de grandes glúteos, ou Vênus Negra, é mais um exemplo de histórias que jamais deveriam ter acontecido; e que, sem sombra de dúvida, não devem jamais se repetir.
Essa história aconteceu no século XIX, época em que a escravidão deixou relatos lamentáveis. O que contaremos agora fala sobre Saartjie Baartman, uma jovem que foi usada como exibição por sofrer de uma anormalidade genética nos glúteos.
Sequestro e escravidão
Saartjie Baartman tinha vinte anos e uma vida normal em seu povoado. Pertencia à etnia africana dos Khoisan; povo acostumado a tirar seu sustento da terra, de seus animais e com arraigados costumes religiosos.
Essa jovem não conhecia nada do que existia além do horizonte de sua tribo naquela bela terra africana; um continente amplamente atacado e humilhado pelos europeus.
Mas sua vida mudou radicalmente no dia em que foi levada por Hendrik Cezar e Alexander Dunlop; dois franceses que viram no corpo de Saartjie uma particularidade que lhes renderia muito dinheiro.
A jovem sofria o que hoje se conhece como esteatopigia, uma doença muito comum dentre tribos africanas como bosquímanos e hotentotes; e que não é mais do que uma acumulação anormal de gordura nos glúteos. Também é algo normal em todas as pessoas que sofrem de obesidade mórbida.
Mas o caso de Saartjie era, pelo visto, muito chamativo e esses homens viram na jovem uma forma de se enriquecer; exibindo-a em teatros e feiras de Londres.
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A “Vênus negra” dos glúteos gigantes
Ela foi chamada de Vênus negra ou “A Vênus Hotentote”; que fazia referência ao povo e à etnia da qual era proveniente.
Sem saber muito bem como ou porquê, Saartjie percebeu como, em poucos dias, estava sobre os palcos de vários teatros de Londres. O espetáculo era tanto vulgar quanto humilhante.
A jovem tinha que ficar nua diante de um público e, simplesmente, exibir suas formas diante de todos aqueles olhos cheios de maldade.
A maior parte do público, como já era de se esperar, estava composta por homens de diferentes classes sociais que não deixavam de pagar altos preços para ver a jovem hotentote com seus grandes glúteos.
O mesmo espetáculo se repetia todas as noites, e assim foi durante quatro longos anos; uma autêntica tortura psicológica infligida a esta mulher que sem querer, nem desejar, se tornou uma atração de feira.
Os homens que a escravizavam enriqueceram tão rápido que não duvidaram em repetir o espetáculo em outra capital.
Dessa forma, depois de quatro anos em Londres eles a levaram até Paris, onde o show também obteve notável sucesso.
Olhares maldosos, curiosos e famintos pelos glúteos particulares da jovem Saartjie pagavam espetáculos em público; mas também a desejavam intimamente, em atos privados. Era dessa forma que seus “proprietários” recebiam mais e mais dinheiro.
Felizmente, a voz dos abolicionistas não demorou em ser ouvida e pediu que esse espetáculo, essa imperdoável humilhação e ato depravado, fosse proibido de imediato.
Hendrik Cezar e Alexander Dunlop tentaram se defender das críticas que receberam alegando que Saartjie atuava de modo voluntário, porque queria; dessa maneira, apresentavam um contrato assinado por ela, porém, o documento era escrito em holandês, um idioma que a jovem, obviamente, desconhecia por completo.
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O fim de uma vida de sofrimentos
As críticas ao espetáculo da Vênus Negra se tornaram maiores e mais frequentes. Dessa maneira, os proprietários se viram obrigados a acabar com tudo e vender Saartjie a um comerciante francês; que quis se aproveitar de sua fama de uma forma mais obscura e humilhante.
Assim sendo, ele organizava espetáculos privados em que ela era exibida e prostituída em antros das ruas parisienses. Dessa maneira, o homem que a desejasse podia ter a famosa Vênus Hotentote.
Passaram-se vários anos até que lentamente todo esse mundo de penúria e infelicidade se refletiu em sua saúde.
Não ficou clara a origem de sua morte, mas não é preciso pensar muito a respeito, pois a jovem foi exposta aos riscos de contrair sífilis, tuberculose, pneumonia; além de muita tristeza diante de uma vida que nunca conseguiu compreender.
Talvez muitos pensem que nesse ponto de sua vida ela por fim teve o merecido descanso após a morte, porém não foi assim que as coisas aconteceram.
Depois de morrer seu corpo foi dissecado para ser novamente exibido no Museé de l’Homme de Paris.
Seu cérebro, suas genitálias e seu esqueleto foram exibidos durante setenta anos, quando decidiram finalmente guardar aquele testemunho da crueldade humana e tudo o que representou para nossa sociedade.
O verdadeiro descanso para Saartjie Baartman chegou quando Nelson Mandela, em 1984, pediu que seus restos mortais voltassem à África para que fossem devidamente enterrados; para que ela por fim encontrasse o descanso e a paz que merecia nessa terra que a viu nascer; e de onde ela nunca deveria ter saído.
A mulher de grandes glúteos, ou Vênus Negra, é mais um exemplo de histórias que jamais deveriam ter acontecido; e que, sem sombra de dúvida, não devem jamais se repetir.
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- Bravo, K. E. (2012). Black Female’Things’ in International Law: A Meditation on Saartjie Baartman and Truganini. BLACK WOMEN AND INTERNATIONAL LAW: NEW THEORY, OLD PRAXIS (Jeremy Levitt, ed., Cambridge University Press)(2013). Available at: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2159002. Accessed 20/03/2020.
- Crais, C., & Scully, P. (2010). Sara Baartman and the Hottentot Venus: A ghost story and a biography. Princeton University Press. Available at: https://books.google.es/books?hl=es&lr=&id=FDpFDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sara+Baartman+and+the+Hottentot+Venus+by+Clifton+C.+Crais&ots=MdthOf8SKg&sig=OXB5o6Tu6xt8xQqjVdzW4FY-HFQ#v=onepage&q=Sara%20Baartman%20and%20the%20Hottentot%20Venus%20by%20Clifton%20C.%20Crais&f=false. Accessed 20/03/2020.
- Moudileno, L. (2009, April). Returning remains: Saartjie Baartman, or the “Hottentot Venus” as transnational postcolonial icon. In Forum for Modern Language Studies (Vol. 45, No. 2, pp. 200-212). Oxford University Press. Available at: https://doi.org/10.1093/fmls/cqp005. Accessed 20/03/2020.
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