Vítima de relacionamento abusivo publica texto que deve ser lido por todas as mulheres

Veja o emocionante relato de Eliane, que superou um relacionamento abusivo e decidiu contar sua experiência para encorajar outras mulheres a se libertarem.
Vítima de relacionamento abusivo publica texto que deve ser lido por todas as mulheres

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 24 março, 2022

Eliane Mastrodomenico, de 23 anos, decidiu usar seu perfil no Facebook para relatar sua experiência vivendo um relacionamento abusivo por quase um ano. São palavras que, além de terem a capacidade de tocar profundamente a nossa alma, oferecem conforto e apoio a quem está vivendo uma situação parecida.

Com o aumento da discussão sobre esse importante assunto através de acontecimentos recentes, como o caso do participante do Big Brother Brasil Marcos Harter, que foi expulso após algumas situações em que agrediu física e psicologicamente a participante Emily Araújo, que namorava dentro do reality, Eliane decidiu se pronunciar sobre a experiência vivida por ela.

O relato de Elaine sobre seu relacionamento abusivo

“Meu nome é Elaine e tenho 23 anos. Eu gostaria muito de ainda ter 22 para poder apagar da minha vida o que vivi durante quase 1 ano. Pensei muito sobre se deveria escrever sobre a minha vida ou não e decidi que sim. Decido que devo colocar para fora o que tanto me atormentava e decido, de alguma forma, ajudar mulheres que passam pelo o que passeiEstou falando de relacionamento abusivo e violência contra a mulher.

Menina, não se culpe nunca! Tenho certeza que, assim como eu me culpava, você guarda muita culpa e angústia no seu coração. Tem coisas que não conseguimos encontrar razões, tem coisas que não entendemos o motivo de estar acontecendo em nossas vidas… Mas esteja certa de uma coisa: só VOCÊ pode sair dessa. Só VOCÊ pode fazer esse sofrimento acabar! Seja forte!

Completou 2 meses que consegui sair de algo que nunca imaginei entrar um dia. Hoje me sinto bem e confortável para compartilhar e falar sobre isso. Me envolvi com uma pessoa aparentemente encantadora, algo típico de um agressor. Eu tinha acabado de sair de um relacionamento de 3 anos e meio. Um relacionamento de verdade… Mas só hoje percebi essa verdade e quão bem tratada e respeitada como mulher eu era.

Eu era.

Eu era uma menina feliz, eu era uma menina vaidosa, eu era uma menina esforçada e dedicada no trabalho, eu era uma menina alto astral, eu era uma menina que hoje me espelho e me trato na psicoterapia para voltar a ser ela… E graças a Deus estou conseguindo.

Me desculpa, mãe, por ter sido fraca. Mas eu apanhei. Eu apanhei, eu fui humilhada, eu fui maltratada, eu magoei pessoas que queriam o meu bem, eu estava cega e acreditava no amor. Acreditava nas promessas e arrependimentos do agressor.

Acreditava realmente que eu seria burra se não o perdoasse. Eu iria perder um cara carinhoso que cuidava de mim e que me dizia: ‘VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA’.

Como pude entrar num círculo tão vicioso? Infelizmente entramos. E entramos de cabeça! O agressor te olha nos olhos e te convence de que quer te dar tanto amor que você seria burra se fosse embora. Ele está arrependido, e a culpa da coisa acabar não vai ser dele porque te machucou, vai ser sua porque não foi capaz de perdoar e tentar de novo. Não importa quantas vezes isso se repita.

E isso se repetiu quatro vezes. Eu apanhei quatro vezes. Apertões, sacudidas, chute na barriga, soco na nuca, soco no braço, tapa na cara, fui jogada no chão e levei cuspe no rosto… Por ciúmes. Por paranoias que ele causava. Eu apanhei por ele imaginar coisas. A ordem era sempre a mesma: CARINHO – EXPLOSÃO – ARREPENDIMENTO/DESCULPAS – CARINHO – EXPLOSÃO – ARREPENDIMENTO/DESCULPAS – CARINHO – EXPLOSÃO…

O agressor te faz sentir pena dele por ser descontrolado, antes que você sequer tenha tempo de sentir algo por si mesma. Eu me sentia culpada. Achava também que realmente merecia ouvir palavras e xingamentos tão sujos. Da boca dele, escutei muitas coisas que tinha vergonha de contar para alguém. E então sofria calada. Eu o amava. Era vista como tonta.

‘Vadia’, ‘Vagabunda’, ‘Maldita’, ‘Desgraçada’, ‘Filha da Puta’, ‘Biscate’, ‘Mentirosa de merda’, ‘Você tá fodida na minha mão’, ‘Que vontade de quebrar você no meio’, ‘Você tá morta’. Eu realmente estava morta. Tinha morrido por dentro. Não saia para lugar nenhum, não conversava com mais ninguém. Vivia em função de uma pessoa que me maltratava. Meus novos amigos eram os amigos dele.

Eu tinha medo do agressor e do que ele pensaria mais ainda de mim se eu saísse, por exemplo, para ir ao shopping com minhas amigas. Ficava em casa para evitar briga, para ver se podia tranquilizar o meu coração. Para ver se eu poderia ser chamada de ‘amor’ mais um dia e não de ‘vagabunda’. Eu era ‘vadia’ por ir até a padaria, eu era uma ‘puta’ por ir buscar a minha irmã no metrô 23h, eu era uma ‘vaca’ por dormir e esquecer de avisá-lo, eu era uma “desgraçada” por ver um filme e esquecer do meu celular por algumas horas….

Eu me esforçava para agradá-lo. Não conseguia!

O agressor psicológico te convence de que a culpa é sua! Mesmo quando diz que ‘você não tem culpa de nada’, a culpa é sua por não ser boa o suficiente pra ele, não ser exatamente o que ele queria. E você se frustra. Me frustrava muito! Mesmo fazendo de tudo, ainda ser errada. O que mais eu poderia fazer?

Nada! A culpa é dele! Ele é assim e nunca irá mudar.

É por isso que resolvi escrever! Pois hoje entendo e sei que milhares de mulheres passam pelo que nunca queriam ter passado. Eu tentei até me matar. Pois doía muito ouvir coisas que eu não era. Hoje me sinto ótima e leve! Eu superei. Eu quis superar! Eu abri os meus olhos de uma vez. E sim, tomei a coragem que faltava e dei queixa na delegacia da mulher. Seja forte menina! Se você passa por algo parecido, não tenha medo! Erga a sua cabeça e não esqueça da mulher maravilhosa que é!

*Alguns trechos retirei do texto da minha amiga Isabella Cêpa isabellacepa.tumblr.com. Foi o texto dela que me deu forças para acabar de uma vez com o que estava vivendo”.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.