Menina de 12 anos cria aplicativo para se comunicar com sua avó com Alzheimer
Escrito e verificado por o psicólogo Bernardo Peña
Emma Yang é uma menina especial. Aos 12 anos viveu uma realidade muito delicada, conhecida por algumas pessoas: ter um familiar próximo com Alzheimer.
No seu caso é sua avó que recebeu o diagnóstico faz quase 5 anos e que reside atualmente em Hong Kong.
Emma foi vendo à distância, ou quando tinha a possibilidade de visitar, como sua avó foi esquecendo de coisas importantes.
Começou esquecendo sua idade, não compreendia algumas vezes porque não comia e porque estava tão longe.
Mais tarde, talvez tenha começado o momento mais doloroso para a jovem adolescente: sua própria avó a confundia com outros familiares.
Não é fácil viver esse tipo de realidade. O fator emocional fica muito corroído nesse tipo de dinâmica que rodeia uma pessoa afetada pelo Alzheimer.
É duro para quem o sofre, para a família e, em especial, para uma parte dessa família da qual nem sempre se fala: as crianças.
Emma Yang é notícia por algo muito especial. Algo que não apenas ajudará sua própria avó, como também muitas outras pessoas com Alzheimer.
A seguir, explicaremos do que se trata.
“Timeless”: o aplicativo móvel para pessoas com Alzheimer
O principal medo de Emma Yang era que sua avó deixasse de reconhecê-la e que um belo dia a neta favorita não existisse mais na mente dessa senhora de rosto amável.
- Cedo ou tarde isso aconteceria. Chegaria um momento em que seus instantes de lucidez seriam como pequenos convites ao mundo real para se conectar com os seus.
- No entanto, e isso não podemos esquecer nunca, as pessoas com Alzheimer reagem maravilhosamente bem a algo muito específico: o amor, as demonstrações de carinho, o afeto.
- Agora bem, que fique claro que para uma menina de 12 anos isso não foi suficiente. Ela se negou a deixar ir para sempre sua avó. Ela se negou a permitir que seu cérebro apagasse quem é sua neta e esse vínculo de cumplicidade que tinham.
Para lutar contra o avanço do esquecimento, Emma criou um aplicativo móvel chamado “Timeless” para evitar que as coisas importantes fossem esquecidas. Para fazer com que o mais bonito e significante da vida da avó fosse “eterno”.
A tecnologia à disposição do doente de Alzheimer
Emma Yang criou em colaboração com a doutora Melissa Kramps, especialista em Alzheimer, um aplicativo de celular que têm duas finalidades muito específicas.
A primeira função chama-se “atualizações” e tem como finalidade conseguir que as pessoas diagnosticadas com Alzheimer estejam sempre em contato com seus familiares.
Filhos, netos, amigos e outras pessoas próximas interagem com eles através de fotografias e mensagens. O aplicativo indicará ao paciente, a todo o momento, quem está se comunicando com ele e o lembrará do vínculo parentesco.
A outra função chama-se “identificar”. Nela, a pessoa pode repassar a qualquer momento seu círculo familiar, lembrar-se de fatos, detalhes, fotos ou momentos.
Por sua vez, e graças à câmera, o paciente tem apenas que apontar a câmera do celular para a pessoa que se encontra no local para que o telefone lembre a ela quem é.
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Outro detalhe tão útil quanto interessante é que o aplicativo se conecta à agenda do celular. A pessoa com Alzheimer receberá um aviso caso tente ligar mais de duas vezes em um mesmo dia para um mesmo familiar. Assim, pode se lembrar de que já fez isso.
Avisará também de datas importantes que deva lembrar e eventos especiais como a Páscoa e o Natal.
Uma menina prodígio com um sonho muito claro
Emma Yang contou com uma ajuda valiosa para criar esse aplicativo de celular. Além da ajuda da doutora em neurologia Melissa Kramps, Emma conseguiu uma bolsa de estudos para financiar o projeto.
- Os pais de Emma são cientistas da computação e trabalham em uma empresa especializada em criar tecnologia baseada em reconhecimento facial.
- Sua paixão pela tecnologia vem de família. No entanto, com apenas 8 anos Emma já era especialista em desenvolvimento com HTML e CSS web, segredos do Java e aplicações de MIT App Inventor.
- Seu futuro profissional apenas começou. Contudo, Emma só tem um propósito: usar a tecnologia e, inclusive, a realidade virtual para ajudar pessoas com Alzheimer a guardarem suas memórias.
Talvez no futuro essas estratégias se combinem com outras para concluir seu objetivo. Entretanto, nos dias de hoje sabemos que esse aplicativo só será útil para pacientes que ainda tenham certa autonomia para usar o celular.
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Certamente será um modo de frear um pouco a perda das faculdades cognitivas. Entretanto, em fases mais avançadas da doença, só o apoio cotidiano da família e de profissionais especialistas podem oferecer uma adequada resposta aos pacientes.
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