Tratamento da doença de Crohn
Revisado e aprovado por o médico Gilberto Adaulfo Sánchez Abreu
O tratamento da doença de Crohn tem como finalidade evitar novos surtos e controlar os que forem surgindo. Por ser uma doença de origem desconhecida, não existe cura definitiva, mas é possível aliviar os sintomas.
Os tratamentos para essa doença se dividem em:
- Farmacológico
- Dietético
- Cirúrgico
- Outros
Tratamento farmacológico
O tratamento da doença de Crohn baseado nos medicamentos é o mais importante dentre as diferentes alternativas.
Os grupos farmacológicos mais comuns para o tratamento da doença de Crohn são:
- Antibióticos
- 5-ASA
- Glucocorticoides
- Imunossupressores
- Terapias biológicas
Antibióticos
Esse grupo de remédios são indicados para tratar um crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado. Esta proliferação incomum é causada por complicações da doença de Crohn (estreitamentos, fístulas ou cirurgia anterior), ou quando há alguma complicação anal ou perianal.
Dentre os antibióticos, os mais utilizados para o tratamento da doença de Crohn são:
- Metronidazol
- Ciprofloxacino
- Ampicilina
- Sulfamidas
Apresentam efeitos colaterais, tais como:
- Náuseas
- Sabor metálico
- Interações com o álcool
5-Aminosalicilatos
Os 5-ASA ou 5-aminossalicílicos constituem um grupo de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) utilizados para diminuir a inflamação dentro do cólon.
A cirurgia não cura definitivamente a doença, mas é necessária no caso de perfuração, abcesso, hemorragia, fracasso do tratamento médico, obstrução intestinal ou fístulas.
Os mais comuns são a sulfassalazina e a mesalazina. Ambos os remédios são administrados por via oral, ainda que também sejam vendidos na forma de supositório e enemas. São uma boa alternativa para pacientes que não respondem bem aos esteroides.
Os efeitos colaterais mais característicos são:
- Náuseas
- Diarreia
- Dor de cabeça
Glucocorticoides
É um tratamento hormonal que ajuda a diminuir a inflamação. São utilizados em fases agudas da doença, mas, uma vez controlada, não são mais administrados, por seus possíveis efeitos adversos.
Os mais utilizados são:
- Bubdesonida: utilizada para tratar complicações do íleo terminal, devido a sua ação mais específica.
- Prednisona: indicada em casos mais graves.
Os efeitos adversos que este grupo de remédios apresentam são:
- Retenção de líquidos
- Osteoporose
- Gastrite
- Acne
- Catarata
É preciso levar em conta que os esteroides apresentam o efeito rebote, portanto, a dose tem que ser reduzida gradualmente, e não se deve interromper o tratamento subitamente.
Imunossupressores
Esses medicamentos suprimem o sistema imunológico, evitando a reação inflamatória, ajudando a diminuir a inflamação a longo prazo. São usados no caso dos corticoides não fazerem efeito e para evitar novos surtos.
Os remédios mais usados dentro desse grupo são:
- Azatioprina
- 6-mercaptopurina: este medicamento, apesar de seu uso principal ser para o tratamento da leucemia, age como imunossupressor na doença de Crohn. Como inconveniente, apresenta alguns efeitos adversos característicos, entre os quais destacamos:
– Náuseas
– Fadiga
– Infertilidade - Metrotexato: se esta medicação for administrada, o tratamento deve ser interrompido 3 meses antes em pessoas que querem a concepção de um bebê, tanto em homens quanto em mulheres, já que pode causar defeitos genéticos no embrião (é teratogênico).
O efeito adverso desse grupo de medicamentos é que, ao inibir o sistema imunológico, pode levar a uma maior vulnerabilidade diante de infecções.
Terapias biológicas
Trata-se de anticorpos monoclonais antiTNF α que eliminam o TNF (Fator de Necrose Tumoral, molécula que potencializa a inflamação).
São utilizados em combinação com os imunossupressores, se eles não forem suficientes, ou em casos em que não tenham respondido ao tratamento ou à cirurgia.
Os remédios biológicos para o tratamento da doença de Crohn mais utilizados são:
- Infliximab: administrado como chá. Pode causar reações alérgicas.
- Adalimumab: vendido como um pó para infusão, uma vez a cada duas semanas.
- Certolizumab
Tratamento através da dieta
A dieta é um fator importante para os pacientes de Crohn, já que eles podem sofrer com falta de apetite e má absorção.
A alimentação desses pacientes tem que ser especialmente equilibrada devido às complicações associadas à doença.
Uma dieta equilibrada consiste em obter entre 50-55% do total de nutrientes em carboidratos, uns 30-35% de lipídios ou gorduras, uns 12-15% de proteínas e certas quantidades de fibra (pouca quantidade), vitaminas e minerais, dependendo da situação do paciente. Devem ser realizadas várias refeições por dia e a pessoa deve beber bastante água.
Esses pacientes devem evitar alimentos ricos em fibra e picantes, assim como os refrigerantes, cafeína ou bebidas alcoólicas.
Apesar de seguir as indicações de uma dieta equilibrada, essas pessoas podem chegar a desenvolver uma deficiência nutricional grave, requerendo alimentos especiais ou nutrição por via endovenosa, em um hospital.
“Deixe que os alimentos sejam seu remédio
e que o remédio seja seu alimento.”
-Hipócrates-
Há uma série de alimentos que causam efeitos adversos com maior frequência, portanto, deve-se evitar seu consumo. Entre eles, estão:
- Caseína: proteína presente nos laticínios
- Glúten
- Trigo
- Milho
- Levedura
- Algumas frutas e vegetais
Assim, as dietas que demonstraram ter uma melhor eficácia no controle dos sintomas foram a dieta sem glúten e a dieta com baixo teor de FODMAP (carboidratos de cadeia curta e álcoois relacionados que são mal absorvidos no intestino delgado).
Podem ser tomados suplementos vitamínicos para aliviar os sintomas, durante os surtos da doença, ou induzir sua remissão. Em especial, da vitamina D, que parece estar muito relacionada à doença de Crohn.
A suplementação de cálcio está sendo questionada, por causa da relação que apresenta com calcificações arteriais e infartos do miocárdio.
Tratamento cirúrgico
O principal objetivo da cirurgia como tratamento da doença de Crohn é recuperar o estado de saúde e bem-estar quando a doença apresenta complicações.
A cirurgia não cura definitivamente a doença, mas é necessária no caso de perfuração, abcessos, hemorragia, fracasso do tratamento médico, obstrução intestinal ou fístulas.
Esta operação consiste na retirada da parte inflamada do sistema digestivo e posterior religação entre as partes restantes.
Outras alternativas no tratamento da doença de Crohn
Não é que existam mais tratamentos dirigidos a aliviar os sintomas da doença, mas sim alguns hábitos saudáveis que podem ser adotados por esses pacientes. Dentre eles, encontramos:
- Parar de fumar
- Repouso: diminuir a tensão emocional com repouso ajuda na remissão de surtos leves com a mesma eficácia que o tratamento farmacológico.
Apesar de se tratar de uma doença crônica, com episódios graves, os pacientes podem realizar as atividades da vida diária normalmente.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Gevers, D., Kugathasan, S., Denson, L. A., Vázquez-Baeza, Y., Van Treuren, W., Ren, B., … Xavier, R. J. (2014). The treatment-naive microbiome in new-onset Crohn’s disease. Cell Host and Microbe. https://doi.org/10.1016/j.chom.2014.02.005
- University of Cumbria – Presentations. (2016). Crohn ’ s disease. UoC Medical. https://doi.org/10.1111/apt.12102
- Lichtenstein, G. R., Hanauer, S. B., Sandborn, W. J., Inadomi, J., Baroni, D., Bernstein, D., … Zuckerman, M. J. (2009). Management of Crohn’s disease in adults. American Journal of Gastroenterology. https://doi.org/10.1038/ajg.2008.168
- Bandzar, S., Gupta, S., & Platt, M. O. (2013). Crohn’s disease: A review of treatment options and current research. Cellular Immunology. https://doi.org/10.1016/j.cellimm.2013.11.003
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.