Sarna em humanos: causas, sintomas e tratamentos
A escabiose ou sarna em humanos é uma zooparasitose provocada pelo ácaro Sarcoptes scabiei variedade hominis. Este parasita mantém uma relação estreita com o homem, uma vez que os primeiros relatos da sua existência datam do século XII. Esta doença está distribuída em todo o mundo, com surtos de incidência cíclica a cada 15 anos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 milhões de pessoas sofrem de sarna em todo o mundo. Além disso, estima-se que 10% da população em locais de baixa renda apresentem esse parasita.
Quais são os seus sintomas?
O principal sinal da doença é uma coceira intensa na pele, que se torna mais intensa à noite. Por mais desagradável que possa parecer, o ácaro fêmea começa a se infiltrar no estrato córneo do paciente, causando uma reação alérgica do sistema imunológico contra o parasita.
A Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos apresenta os diferentes sinais clínicos da sarna em humanos. Entre eles, podemos citar os seguintes:
- Coceira intensa, mais frequentemente à noite e em épocas de calor. O ácaro fêmea é mais ativo nessas condições, causando desconforto sob a pele.
- Erupção cutânea, mais evidente nas dobras e entre os dedos das mãos e dos pés. As axilas, sob os seios, a parte interna das articulações e ao redor da região genital são os locais de maior incidência.
- Úlceras avermelhadas na pele, causadas pelos arranhões quando o paciente se coça.
- Linhas finas de sulcos na pele. Estas representam os túneis escavados pelo parasita.
Deve-se observar que, em bebês e crianças pequenas, a erupção geralmente se espalha por todo o corpo. Os locais mais afetados são a cabeça, o rosto e o pescoço.
Para saber mais: Sarna: remédios caseiros para aliviá-la de maneira fácil
Quando é necessário ir ao médico?
De acordo com a Clínica Mayo, é necessário consultar um médico diante de qualquer sintoma de escabiose. De qualquer forma, não se preocupe em excesso.
Em muitos casos, dermatite, reações alérgicas locais e irritações de contato podem ser confundidas com a sarna. É necessário conversar com um profissional para que ele diagnostique o seu caso.
O que causa a sarna em humanos?
Como já mencionamos, a sarna em humanos é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, variedade hominis. Esta espécie mede cerca de 300 a 450 micras (no caso das fêmeas) e é um parasita obrigatório, ou seja, precisa de uma célula hospedeira viva para realizar o seu ciclo replicativo. Fora do hospedeiro, não vive mais de 4 dias.
A fêmea e o macho da espécie copulam na pele do hospedeiro e, a partir daí, a primeira começa a cavar túneis no estrato córneo para colocar seus ovos. Como indicam os estudos, o parasita tem predileção por certas áreas da pele, como a face anterior dos punhos, a borda ulnar da mão e os espaços interdigitais.
Deve-se notar que um cão ou gato com sarna não causa doenças graves em humanos se o s infectar. Cada variedade do parasita é específica do seu hospedeiro; portanto, se um ácaro felino entrar em contato com a pele humana, ele começa a se enterrar nela, mas morre. Por esse motivo, os quadros são autolimitados e leves.
Grupos de risco e complicações
Existe uma forma mais séria da doença conhecida como sarna crostosa. Nela, ocorre uma infestação massiva do parasita (quando na maioria dos casos o hospedeiro não armazena mais do que 10 a 15 espécimes). Os grupos de risco afetados são os seguintes:
- Pessoas com doenças crônicas que afetam o sistema imunológico: pacientes com HIV e leucemia crônica são exemplos.
- Pacientes com outras patologias, ou seja, com doenças concomitantes.
- Idosos em casa de repouso.
Nestes casos, também é possível que os pacientes sofram de infecções bacterianas secundárias. Como o ácaro destrói as áreas superficiais da pele e causa lesões, isso facilita a entrada de patógenos que, de outra forma, não poderiam penetrar.
Diagnóstico e tratamento da sarna em humanos
De acordo com o portal Planned Parenthood, a maioria dos casos de sarna em humanos é detectada apenas pela observação dos sintomas cutâneos do paciente. Em certos casos, é possível confirmar o diagnóstico com uma raspagem de pele das áreas afetadas. Com o auxílio de um microscópio, observam-se amostras de ovos e fezes do ácaro.
O tratamento geralmente é baseado em cremes para a pele que se aplicam 1 ou 2 vezes ao dia em todo o corpo. Devido à capacidade de fácil contágio, todos os moradores da casa podem ter que realizar o tratamento de forma preventiva.
Os medicamentos prescritos na maioria dos casos são os seguintes:
- Creme de permetrina: um escabicida usado em adultos e crianças com mais de 2 meses para matar a sarna. É um creme tópico que apresenta poucos riscos.
- Loção de Lindane: adequada apenas para quem não se beneficiou de outros tratamentos aprovados.
- Crotamiton: conforme ilustra o portal Cigna, é outro escabicida presente na forma tópica ou para consumo por meio de comprimidos. Este medicamento relata uma taxa de falha significativa, então a permetrina ainda é a melhor opção.
- Ivermectina: para grupos de risco e pessoas com sarna crostosa.
Dicas e prevenção da sarna em adultos
Existem muitas formas de evitar o contágio e a propagação da sarna em humanos. Algumas dicas muito úteis são as seguintes:
- Todos devem se tratar: uma vez que se identifica a pessoa infectada, todos os membros diretos e familiares devem aplicar o creme tópico prescrito.
- É necessário lavar todo o material em contato com o paciente: essa higienização deve ser feita a 60 graus, pois é a temperatura em que os ovos morrem.
- A higienização extensiva deve ser repetida assim que o tratamento for concluído.
- É melhor evitar as relações sexuais até o término da medicação.
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A sarna em humanos é tratável
A escabiose em humanos é um problema ligado à condição socioeconômica da região. É muito mais comum em países tropicais com poucos recursos, onde até 10% das crianças apresentam sintomas. Quanto mais pobre for a infraestrutura de saúde, maior será a probabilidade de contágio.
Felizmente, o tratamento costuma ser simples e eficaz. Entretanto, o cuidado extremo deve ser com a higienização do ambiente e a medicação de todo o círculo social da pessoa afetada, pois se não forem tomados os cuidados, o parasita pode reaparecer.
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