OMS reúne mais de 300 cientistas para tentar prevenir futuras pandemias
Revisado e aprovado por médico Leonardo Biolatto
A agência de notícias da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou, por meio de comunicado, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou mais de 300 cientistas que vão identificar os patógenos que podem desencadear novas pandemias.
Esses profissionais têm a tarefa de estudar o conhecimento disponível até o momento sobre as mais de 25 famílias de vírus e bactérias potencialmente perigosas. O projeto faz parte da chamada doença X. É a forma de designar, como hipótese, qualquer patologia que chegasse ao mundo em forma de epidemia.
Do que se trata esse projeto científico da OMS?
Conforme divulgado no documento publicado na sexta-feira, 18 de novembro de 2022, a OMS procura esses cientistas para examinar as evidências disponíveis sobre 25 famílias diferentes de vírus e bactérias. A ideia é que, com base nas descobertas, eles possam relatar novas informações úteis para lidar com futuras pandemias.
O projeto de classe mundial visa atualizar a lista de patógenos prioritários que podem causar surtos. Dentro dessa lista existe um item que causa muita preocupação, mas é apenas um nome: doença X. Seria qualquer patógeno prioritário que requer rápida investigação devido ao seu grau de desconhecimento em meio a uma epidemia internacional.
A pequena lista de patógenos perigosos foi publicada pela primeira vez em 2017. Incluía coronavírus. Além disso, Ebola, febre de Lassa, Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), entre outros, estavam presentes.
É essencial focar nos patógenos e famílias de vírus prioritários para que possam ser investigados e as contramedidas necessárias desenvolvidas para uma resposta rápida e eficaz aos epidemias e pandemias. Sem os investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento feitos antes da pandemia do COVID-19, não teria sido possível desenvolver vacinas seguras e eficazes em tempo recorde
Este será o roteiro que os mais de 300 cientistas seguirão
O processo de atualização da lista de patógenos prioritários inclui critérios científicos e de saúde pública. Da mesma forma, considera outros relacionados ao impacto socioeconômico, acesso e equidade.
Com base nesses critérios, serão traçados roteiros de pesquisa e desenvolvimento de micro-organismos identificados como perigosos a curto prazo. Lá, serão expostas as lacunas atuais do conhecimento e as áreas de pesquisa que não devem ser ignoradas.
Algo muito valioso é que, com base nos resultados entregues pela equipe de cientistas da OMS, serão determinadas as especificações desejadas para vacinas, tratamentos e testes diagnósticos.
Este projeto de P&D (pesquisa e desenvolvimento) epidêmico da OMS também tentará catalogar, resumir e facilitar os ensaios clínicos necessários para obter esses produtos. Ao mesmo tempo, estuda-se a possibilidade de expandir as atividades para questões éticas e regulatórias.
De acordo com o que foi anunciado, a lista deverá ser publicada após uma revisão criteriosa, ao longo do primeiro trimestre de 2023. A primeira versão será entregue em inglês.
O tratado pandêmico da OMS está em andamento
Por outro lado, foi anunciado que uma terceira reunião será realizada nos dias 5 e 7 de dezembro deste ano para redigir e negociar a convenção da OMS ou outro tipo de acordo internacional em busca de preparar e dar uma resposta unificada diante das pandemias.
O objetivo é que no âmbito deste tratado se estabeleçam a rota e os regulamentos para que as nações possam se preparar e responder a futuras ameaças. O relatório de progresso sobre este processo será entregue aos Estados Membros da OMS no próximo ano. Quanto ao documento final, será submetido à apreciação em 2024.
A esse respeito, o Painel para uma Convenção Global de Saúde Pública (uma coalizão independente de estadistas e líderes) observou que, para prevenir pandemias, o mundo precisa de uma nova convenção sobre Preparação e Resposta a Pandemias com disposições vinculativas.
A natureza vinculativa visa conceder autoridade para a coordenação de uma resposta global às pandemias. Por sua vez, seriam propostos mecanismos de verificação unânime e cumprimento das normas.
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Especialistas indicam que a proteção da vida selvagem é fundamental
Embora a OMS não tenha anunciado nada sobre a influência da vida selvagem, os especialistas apontam que sua proteção é um imperativo para prevenir futuras pandemias. Por exemplo, um estudo recente descobriu que o desmatamento na Austrália fez com que um vírus respiratório mortal passasse de morcegos frugívoros para humanos.
De acordo com o documento, o contato entre pessoas e animais selvagens, devido à invasão dos seus habitats naturais, está na origem de várias epidemias. A escassez de alimentos que causou o fenômeno El Niño na mesma área também é considerada um gatilho.
Especialistas envolvidos na descoberta indicaram que os morcegos raposas voadoras são o reservatório natural do vírus hendra. Este patógeno passou para os cavalos e depois para os humanos. O vírus hendra causa uma infecção respiratória grave que relatou uma taxa de mortalidade de 75% em cavalos e 57% em humanos.
Esses achados demonstram que a ligação entre ambiente, sociedade humana e micro-organismos é estreita. Um pequeno desequilíbrio pode ser suficiente para causar uma epidemia.
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