Oligúria: causas, sintomas e tratamento

A oligúria é definida como a produção reduzida de urina no paciente. Isso pode ocorrer devido a muitas disfunções fisiológicas, não apenas ao mau funcionamento dos rins.
Oligúria: causas, sintomas e tratamento
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 08 outubro, 2022

Define-se a insuficiência renal crônica (IRC) como a perda progressiva, permanente e irreversível da taxa de filtração glomerular dos rins durante um período de tempo variável. A oligúria é um dos sintomas da IRC.

De acordo com dados epidemiológicos, 17,8% da população adulta pode ter essa condição. O número sobe para 45% em idosos. Basicamente, a oligúria se define como uma diminuição da produção de urina (diurese).

Além da insuficiência renal crônica, também pode ser um sinal de doença renal aguda, desidratação, necrose tubular aguda e muitos outros agentes etiológicos. Se você quiser saber tudo sobre este sintoma, continue conosco.

O que é a oligúria?

Uma pessoa que bebe 2 litros de água por dia deve ir ao banheiro, em média, a cada 4 horas para urinar. Os rins trabalham continuamente para purificar o sangue, por isso produzimos cerca de 800 a 2.000 mililitros de urina por dia.

Conforme define a Clínica Universidad Navarra (CUN), a oligúria é a redução do volume urinário abaixo do nível necessário. O valor padronizado a partir do qual o evento passa a ser considerado patológico é de 0,3 mililitros/minuto, ou menos de 400 mililitros de urina a cada 24 horas.

Claro, esta quantidade de 400 a 2000 mililitros de urina produzidos é estabelecida para uma pessoa “normal”; ou seja, com cerca de 70 quilos de peso, com uma pressão arterial equilibrada e com a função renal ótima. De acordo com o portal MSDmanuals, podemos classificar a oligúria em 3 tipos diferentes:

  • Pré-renal: relacionada ao fluxo sanguíneo.
  • Renal: devido a condições intrínsecas aos glomérulos e outras estruturas dos rins.
  • Pós-renal: obstrução das vias de saída de urina.

O estágio posterior à oligúria é a anúria; ou seja, a ausência total de produção de urina. O sinal clínico é considerado anúria quando o paciente produz menos de 100 mililitros de urina em 24 horas. É a forma mais séria.

Tabela geral

Com base nas informações coletadas até o momento e de acordo com os parâmetros da Revista Electrónica de los Portales Médicos, estas são as fases clínicas que se concebem em termos de micção:

  • Produção normal de urina: 1,5 a 2 litros por dia.
  • Oligúria: produção de 100 a 400 mililitros por dia.
  • Anúria: produção inferior a 100 mililitros por dia.
  • Anúria absoluta: produção nula de urina. Salvo prova em contrário, presume-se que seja devido a um bloqueio no trato urinário.

Quais são os sintomas que acompanham a oligúria?

Náuseas podem ser ocasionados pela oligúria
Náusea, fraqueza e oligúria são três dos sintomas da doença renal aguda.

Como já dissemos, a oligúria não é uma doença em si, e sim um sinal clínico. Dependendo da doença subjacente, os sintomas podem ser muito diferentes e a oligúria pode ou não estar presente. A seguir, apresentamos os sintomas da doença renal aguda:

  • Oligúria: diminuição do volume de urina excretada, embora em alguns casos ele possa permanecer estável.
  • Retenção de líquidos derivada da falta de micção que resulta em inchaço das pernas, tornozelos e pés.
  • Falta de ar, fadiga e desorientação.
  • Náusea e fraqueza.
  • Arritmia cardíaca.
  • Dor ou pressão no peito.
  • Coma e perda de consciência nos casos mais graves.

Todos esses sinais clínicos indicam que algo está errado com os rins. Quando esses órgãos não funcionam bem, substâncias tóxicas e prejudiciais se acumulam na corrente sanguínea e isso desequilibra a composição do sangue. Nestes casos, o paciente perde o equilíbrio homeostático.

Possíveis complicações

Se os rins não filtrarem bem, pode haver acúmulo de líquido nos alvéolos pulmonares. Isso resulta em sensação de opressão, falta de ar e possível morte do paciente se não for atendido rapidamente.

Além disso, devido a processos subjacentes, pode ocorrer inflamação do pericárdio, causando dor no peito e alteração da frequência cardíaca. Todos esses eventos colocam o paciente em risco de morte, por isso é fundamental consultar um médico se houver qualquer indicação de insuficiência renal.

Principais causas

Como já dissemos, a oligúria pode ser pré-renal, renal e pós-renal. Dependendo dos órgãos e estruturas afetadas, podemos identificar diferentes causas, tais como as seguintes:

Desidratação

Se não houver líquidos no corpo, os rins não podem produzir urina. Uma diarreia grave prolongada ou a presença de vômitos repetidos devido a uma doença infecciosa pode causar a perda de fluidos e eletrólitos no corpo do paciente. Portanto, a oligúria é um sinal claro de desidratação.

Obstrução das vias urinárias

Estaríamos diante de um agente etiológico pós-renal. Conforme indica o portal MSDmanuals, as causas da obstrução do trato urinário em adultos são cálculos renais, hiperplasia benigna da próstata e, nos casos mais graves, câncer de próstata.

Doença renal

Se os rins não filtrarem o sangue adequadamente, o paciente pode padecer de oligúria. A doença renal crônica (DRC), doença renal aguda (DRA), glomerulonefrite ou síndrome hemolítico-urêmica são condições clínicas que podem reduzir drasticamente o ritmo de micção do indivíduo.

Baixo débito cardíaco

O débito cardíaco é a diminuição do volume de sangue ejetado por um ventrículo em um minuto. Se o coração não bombeia sangue suficiente, os rins podem filtrar menos e produzir menos urina. As anemias, hemorragias e a hipertensão podem promover esse tipo de oligúria pré-renal.

Como se diagnostica a oligúria?

A oligúria não é uma doença, portanto o diagnóstico deve ser feito no nível do agente etiológico que a causa. Em primeiro lugar está a anamnese; ou seja, a entrevista com o paciente. Se o paciente tiver uma necessidade urgente de urinar, mas não consegue, a oligúria será provavelmente o resultado de uma obstrução do trato urinário.

Por outro lado, se o indivíduo está com muita sede, mas não deseja urinar, suspeita-se de falta de volume de líquido em seu corpo. Além disso, uma diminuição gradual no volume de urina produzida ao longo de dias (ou meses) pode indicar necrose tubular aguda ou uma causa pré-renal.

Após essas distinções iniciais, o médico decidirá que tipos de exames deverá solicitar ao paciente. É claro que um o câncer de próstata não é o mesmo que uma redução do débito cardíaco devido à hipertensão. Cada condição clínica requer uma série de exames específicos para o diagnóstico.

Quando procurar ajuda médica

Às vezes é normal urinar menos do que o normal, talvez porque a taxa de hidratação tenha sido negligenciada em um dia de trabalho agitado. Em qualquer caso, se essa falta de micção for acompanhada por alguns dos sintoma mencionados, é imprescindível consultar um médico. Entre os sintomas que levam à consulta médica:

  • A pessoa não urina o suficiente e seus membros estão inchados.
  • Sensação de cansaço, desorientação e dificuldade para recuperar o fôlego.
  • Náuseas e dor ou pressão no peito.

Tratamentos disponíveis

Médico orientando paciente
Conversar com o paciente é fundamental para determinar as possíveis causas da diminuição da micção.

Segundo os portais médicos já citados, a abordagem depende inteiramente da causa da oligúria. Antes de decidir sobre qualquer tratamento médico, o profissional de saúde deve fazer as seguintes perguntas:

  • O paciente tem pressão arterial normal?
  • Existem evidências de doença renal?
  • Há evidência de obstrução do trato urinário?

Com base nessas 3 perguntas e em suas respostas, inicia-se o tratamento da maneira adequada ao caso. Aqui estão algumas das abordagens mais comuns, dependendo do tipo de oligúria que o paciente apresenta.

1. Se a causa da oligúria for pré-renal

Se a oligúria for ocasionada por uma disfunção na pressão arterial (e, portanto, no débito cardíaco), ela é potencialmente reversível com tratamento adequado e reconhecimento precoce da condição. A abordagem inicial é a fluidoterapia intravenosa, seguida dos medicamentos pertinentes para estabilizar a situação.

2. Se a causa for renal

De acordo com a Kidney Foundation, as lesões renais serão tratadas com base no problema que as causou. Para estabilizar o paciente, podem ser necessários hemodiálise, medicamentos para controlar a quantidade de vitaminas e minerais no sangue e drogas que estabilizem o volume de líquidos no corpo.

3. Se a causa for pós-renal

Se a causa da obstrução do trato urinário forem pedras minerais, a litotripsia por ondas de choque geralmente é a opção a seguir. Essas ondas quebram o sedimento em pequenos pedaços para que o paciente possa eliminá-los com mais facilidade, liberando o “tampão” que impedia a saída da urina.

Se a causa for um tumor na próstata, é necessário recorrer à cirurgia e abordagens posteriores, dependendo se for neoplásico ou não. A radioterapia e as terapias focais são os tratamentos mais comuns para o câncer de próstata.

Oligúria, sintoma de uma doença subjacente

Em conclusão, a oligúria não é uma doença em si, mas sim um sinal clínico que indica uma insuficiência a nível vascular, renal ou do trato urinário. Seu tratamento depende inteiramente da causa subjacente.


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