O que é o bolo ou globo histérico e como eliminá-lo?
O globo histérico, também conhecido como globo faríngeo, sensação de globo ou simplesmente nó na garganta, é uma condição muito comum. Ele foi descrito por Hipócrates há mais de 2.500 anos e, desde então, centenas de hipóteses surgiram sobre as causas e possíveis tratamentos.
Embora seja popularmente conhecido como globo histérico, a verdade é que esse é um termo equivocado em relação à etiologia. Inicialmente se pensava que ele era provocado pela menopausa, ou estava relacionado à histeria. Apenas em 1968 Malcomson cunhou o termo médico pelo qual o conhecemos atualmente: globo faríngeo. Vejamos ver tudo sobre ele:
Características do bolo ou globo histérico
O globo histérico é uma sensação persistente ou intermitente de estar com um corpo estranho na garganta. Geralmente é indolor, embora seja desconfortável. Ele pode atrapalhar a fala das pessoas, impedi-las de comer e até mesmo condicionar o processo respiratório.
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Apesar dessa ser uma condição reconhecida há mais de dois mil anos, a verdade é que sabemos muito pouco sobre ela. Alguns pesquisadores apontam que até 45% da população apresenta essa sensação em algum momento da vida. Os sintomas podem durar dias, semanas, meses ou anos, e reaparecer de forma intermitente mesmo depois de finalizado o tratamento.
Por antonomásia a condição também é conhecida como nó na garganta, termo que descreve muito bem a sensação dos pacientes. De qualquer forma, o importante é que se trata de uma sensação e não uma manifestação, ou seja, pacientes com globo histérico não apresentam inchaço ou inflamação na garganta, mesmo que eles tenha a sensação contrária.
No entanto, isso não quer dizer que o bolo histérico seja explicado apenas a partir de perspectivas psicológicas. Existem muitas causas para a sensação de nó na garganta que foram relatadas a possíveis responsáveis pelos sintomas.
Causas do bolo ou globo histérico
Antes de apresentar as causas do globo faríngeo é importante entender que não existe consenso entre os especialistas sobre a etiologia da condição. Ela permanece um mistério, e a disparidade dos casos não ajuda a desvendar o que está escondido por trás dela. Seguindo sempre as evidências, podemos destacar as seguintes causas possíveis:
1. Doença do refluxo gastroesofágico
De acordo com os especialistas, até 26,7% dos casos de globo faríngeo são decorrentes de refluxo gastresofágico ou laringofaríngeo. De fato, foi o próprio Malcomson quem relatou primeiro essa associação em seus pacientes (ele encontrou uma relação de 60%).
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Embora não exista unanimidade quanto a isso, está claro que a doença do refluxo gastresofágico desempenha um papel importante no desenvolvimento do nó na garganta. Não se sabe por que isso acontece, embora as hipóteses sugiram a presença de irritação e inflamação diretas provocadas pelo refluxo.
2. Distúrbios motores esofágicos
Alguns especialistas e pesquisadores apontam que alguns casos podem estar relacionados a distúrbios motores do esôfago. Na verdade, as evidências indicam que até 64% dos pacientes com sensação de globo manifestam certas anormalidades na manometria esofágica. Entre eles, 29% correspondem a distúrbios da motilidade esofágica.
Ou seja, algumas disfunções ou alterações no esôfago podem desencadear a sensação do globo faríngeo. A relação é mais evidente quando o paciente desenvolve disfagia e dor torácica, dois sintomas clássicos de distúrbios desse tipo.
3. Função anormal do esfíncter esofágico superior
Por outro lado, também encontramos estudos e pesquisas que associam o globo histérico a uma alta pressão no esfíncter esofágico. Essa condição é rara, embora seja comum em distúrbios do esfíncter esofágico (com uma prevalência de 55%, de acordo com as evidências).
Uma pressão mais alta que o normal nesta área pode simular a sensação de um nó na garganta, bem como todos os sintomas relatados dessa condição. Nesse sentido, existem casos de globo histérico que foram tratados com a aplicação de injeções de toxina botulínica diretamente no esfíncter esofágico superior.
4. Transtornos psicológicos
Como já mencionamos, a presença de distúrbios psicológicos também pode explicar alguns casos de globo histérico. De fato e segundo as evidências, a maioria dos pacientes relata acontecimentos emocionais antes de uma exacerbação ou aparecimento da sensação do globo.
Estresse, ansiedade, depressão, episódios neuróticos e outros problemas psicológicos estão relacionados ao desenvolvimento do nó na garganta. Qualquer coisa que provoque emoções intensas pode desencadear casos desse tipo.
Essas são as causas mais frequentes do globo histérico, embora, é claro, existam muitas mais. Para que você conheça algumas delas, apresentamos a lista a seguir:
- Doenças da tireoide.
- Doenças inflamatórias (faringite, sinusite crônica, amigdalite e outras).
- Hipertrofia da base da língua.
- Tumores laringofaríngeos.
- Câncer de garganta.
- Mucosa gástrica heterotópica no esôfago cervical.
Tratamento para o bolo ou globo histérico
Como você pode imaginar, não existe um tratamento padrão para o globo histérico. Como as causas são desconhecidas, os médicos não podem determinar uma maneira de neutralizar a sensação. É por isso que podem demorar meses e até anos para que o paciente perceba um alívio nos sintomas.
O que você deve fazer nesses casos é consultar um especialista para tentar descartar qualquer uma das condições mencionadas anteriormente. É preciso tempo e muita paciência durante o processo de diagnóstico para que o paciente não perca as esperanças. Assim que um possível gatilho for encontrado, o tratamento pode ser iniciado visando essa condição em específico.
Mesmo que não haja como tratar o globo histérico, não podemos deixar de apontar os resultados da terapia de linguagem. Segundo alguns pesquisadores, os exercícios próprios desta terapia têm sido eficazes para alguns pacientes.
Te convidamos a experimentá-lo, embora sempre com moderação em relação à expectativa de resultados. Hábitos como parar de fumar, abaixar o tom de voz, engolir lentamente e beber muita água podem ajudar a alcançar uma sensação de alívio.
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