O que é e o que não é pensamento crítico?

O pensamento crítico nos permite fazer julgamentos mais razoáveis e imparciais. O que exatamente é e como desenvolvê-lo? Aqui detalhamos.
O que é e o que não é pensamento crítico?
Maria Alejandra Morgado Cusati

Revisado e aprovado por a filósofa e psicóloga Maria Alejandra Morgado Cusati.

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 25 abril, 2023

O pensamento crítico é uma qualidade altamente valorizada hoje em dia. Com tanta desinformação no mundo, torna-se necessário questionar tudo o que nos dizem e fundamentar nossos argumentos em bases sólidas e verdadeiras.

Em outras palavras, é a capacidade de “participar de um pensamento reflexivo e independente” e entender a conexão lógica entre as ideias. Como desenvolver esse pensamento? A seguir, detalhamos.

O que é pensamento crítico?

O pensamento crítico envolve a análise da estrutura e consistência dos argumentos, para que se baseiem em fundamentos sólidos e verídicos. Em outras palavras, é uma mentalidade reflexiva e racional, em que a pessoa questiona as informações que recebe para criar uma posição mais razoável e isenta de preconceitos.

Nesse sentido, está ligada ao ceticismo, pois leva as pessoas a não aceitarem as informações que recebem sem questionar sua veracidade e validade. No entanto, deve-se esclarecer que não se trata de não acreditar em nada e contrariar a todos. Em vez disso, é ser capaz de desenvolver seu próprio ponto de vista com base na verificação e contraste dos dados.

O que é pensamento crítico?
O pensamento crítico permite analisar situações de diferentes ângulos e tomar decisões com base na análise racional das informações.

Características do pensamento crítico

Para entender melhor em que consiste o pensamento crítico, mostramos a seguir suas principais características.

  • É um tipo de pensamento consciente e voluntário.
  • Desenvolve-se com a prática.
  • É um procedimento, não uma crença, em que a pessoa analisa as premissas da informação, questiona sua veracidade e tira conclusões bem fundamentadas.
  • Implica deixar de lado falácias e preconceitos para focar na busca de uma verdade o mais justificada e razoável possível, por meio de testes e evidências que substanciam que o que é dito é verdade.
  • As informações assumidas como verdadeiras são apoiadas por fontes confiáveis de dados, informações e evidências.
  • Representa uma forma de interpretar a realidade, baseada em argumentos lógicos.
  • Manifesta-se em comunicação clara com uma ordem lógica de ideias.
  • Procura objetividade. Portanto, deixa de lado elementos subjetivos e persuasivos que outras pessoas – ou mesmo ele próprio – introduzem na análise da informação.
  • Não tenta homogeneizar o conhecimento. Em vez disso, busca coletar informações de uma ampla variedade de fontes confiáveis. Na verdade, quem o pratica ouve quem discorda, para estabelecer um ponto de vista mais abrangente e sólido.

Habilidades necessárias para o pensamento crítico

Agora, quais habilidades precisamos para desenvolver o pensamento crítico? Vamos ver as mais relevantes.

1. Pensamento flexível

Para desenvolver o pensamento crítico é importante poder duvidar das informações que recebemos e apoiamos. Ao mesmo tempo, devemos saber aceitar a possibilidade de que existam outras perspectivas diferentes da que já temos. Portanto, flexibilidade e mente aberta são essenciais para evitar cair no dogma e na ingenuidade.

2. Capacidade de reflexão

Da mesma forma, devemos ter a capacidade de pensar com cuidado e ficar atentos com os argumentos. Para que possamos ter um conhecimento mais profundo da informação, bem como das implicações que pode ter com outros temas ou realidades.

3. Curiosidade e motivação

Por outro lado, se as informações recebidas forem importantes para nós ou forem significativas, teremos maior motivação para questionar sua veracidade e investigar seus fundamentos.

Isso não significa que não podemos criticar um tópico que não nos interessa. No entanto, neste último caso, teremos menos interesse em encontrar a posição mais verdadeira e confiável.

4. Raciocínio lógico

Da mesma forma, a lógica é uma excelente ferramenta para desenvolver o pensamento crítico. Ela nos permite ver com mais clareza as falácias e preconceitos que muitas vezes passam despercebidos nos argumentos. Por esse motivo, muitos cursos tradicionais de pensamento crítico incluem lógica.

5. Metacognição

Outra habilidade que contribui para o pensamento crítico é a capacidade de autoavaliar e autorregular os próprios processos cognitivos que influenciam a aprendizagem.

Por exemplo, na medida em que formos capazes de aumentar nossa capacidade de atenção e concentração, poderemos analisar de maneira mais otimizada as informações que recebemos e, a partir daí, tirar conclusões mais fundamentadas.

Como desenvolver o pensamento crítico?

O desenvolvimento do pensamento crítico é decisivo para muitas áreas da vida. Por exemplo, desempenha um papel relevante na vida académica. Felizmente, existem algumas estratégias para aprimorá-lo. Vamos ver.

Incentive a mente aberta

Nem todos compartilham a mesma perspectiva sobre a realidade. Todos interpretam os fatos e estabelecem julgamentos com base em suas experiências, sua educação, sua cultura, seus traços pessoais, etc. Portanto, não podemos afirmar que nossa versão é a única, muito menos a mais precisa.

Nesse sentido, o ideal é que estejamos abertos a ouvir outras posições e, a partir disso, tirar conclusões mais integradas e condizentes com a realidade. Uma boa maneira de começar é conhecer outras culturas e tentar entender os fundamentos por trás de suas crenças.

Participar de discussões

Os debates são uma excelente forma de promover o pensamento crítico, pois nos permitem confrontar opiniões diferentes sobre um determinado tema, apresentar nosso ponto de vista com bases sólidas e analisar os fundamentos dos argumentos dos outros.

Praticar a empatia

Da mesma forma, é fundamental ter a capacidade de se colocar no lugar do outro para realmente entender o seu ponto de vista, sem julgar ou tentar impor o nosso. Lembremos que lidamos com uma perspectiva que não precisa ser a mesma para todos.

Analisar diferentes conteúdos informativos

Analisar textos, notícias, vídeos, filmes, imagens e outros materiais também nos ajuda a desenvolver esse tipo de pensamento, pois nos permite refletir para além do que nos é apresentado à primeira vista.

Um exercício útil poderia ser comparar notícias de duas fontes diferentes e analisar os argumentos usados por cada uma para apoiar a informação apresentada.

Questionar estereótipos

A sociedade está carregada de estereótipos falaciosos, que muitas vezes assumimos como verdadeiros sem questionar. Por exemplo, a crença de que os idosos são improdutivos, dependentes e doentes é um viés que determina, em grande parte, o tratamento que essas pessoas recebem.

Mas quando analisamos isso, percebemos que não precisa ser verdade. Pelo contrário, muitos idosos demonstraram ser independentes, saudáveis e produtivos. Assim, essa evidência é mais do que suficiente para duvidar da veracidade de tais generalizações sobre os idosos.

Investigar minuciosamente as informações recebidas

Um fenômeno bastante comum é aceitar um discurso como verdadeiro apenas porque a maioria das pessoas acredita nele ou porque o orador é uma figura de autoridade. No entanto, esta é uma atitude muito distante do pensamento crítico, pois não estaríamos analisando a veracidade e validade dos argumentos apresentados.

Por isso, por mais confiável que seja a pessoa que está nos dando a informação —ou por mais que a maioria a apoie— um verdadeiro pensador crítico duvidará dos dados e investigará por conta própria a veracidade das afirmações apresentadas.

homem pensando
Questionar as informações recebidas, investigar e debater são formas de potencializar o pensamento crítico.

O que não é pensamento crítico

Para concluir e evitar confusão em torno do conceito, queremos deixar claro o que o pensamento crítico não é. Pensar criticamente não é raciocinar negativamente ou com predisposição para encontrar falhas ou defeitos.

Pelo contrário, é um processo neutro e imparcial que nos permite avaliar opiniões e reivindicações da forma mais objetiva possível. Não implica substituir ou minimizar sentimentos ou emoções, pois algumas decisões implicam emotividade.

Finalmente, não devemos confundir o pensamento crítico com a capacidade de persuadir. Para falar a verdade, os argumentos persuasivos estão longe de serem objetivos porque apelam à autoridade, emoções e outras táticas falaciosas para que outros acreditem que a informação apresentada é verdadeira, quando na verdade não é.


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