O que é a hemisferectomia e como é o pós-operatório

A hemisferectomia é realizada, principalmente, em crianças pequenas, já que seus cérebros têm maior plasticidade e, por isso, o hemisfério cerebral saudável pode assumir muitas das tarefas que o hemisfério perdido realizava.
O que é a hemisferectomia e como é o pós-operatório

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 09 agosto, 2022

A hemisferectomia é um procedimento cirúrgico que é realizado para tratar diferentes distúrbios convulsivos. Fundamentalmente, é realizado quando esse tipo de doença não responde adequadamente a outros tratamentos menos radicais.

Tudo indica que a primeira hemisferectomia foi realizada em um cachorro em 1888. A primeira referência desse procedimento realizado em humanos data de 1923. Nos anos 1960 e 1970, foram realizadas várias intervenções desse tipo com resultados pouco animadores.

Atualmente, a hemisferectomia tradicional frequentemente é substituída pela funcional. Sem dúvida alguma, essa constitui uma intervenção mais precisa e um pouco menos invasiva. Felizmente, a taxa de sucesso é muito mais alta do que no passado.

O que é a hemisferectomia?

Sala de cirurgia

A hemisferectomia é um procedimento neurocirúrgico que consiste na extirpação de um dos hemisférios cerebrais. Às vezes, retira-se o hemisfério esquerdo e, em outras ocasiões, o direito. É realizado principalmente em crianças que têm entre 5 e 10 anos de idade.

Em primeiro lugar, esse tipo de intervenção é usado principalmente como tratamento anti-convulsivo. No entanto, também é realizado em determinados pacientes com déficit neurológico e, excepcionalmente, em casos de traumatismo craniano grave.

Embora seja comum que se extirpe todo o hemisfério cerebral, às vezes basta retirar apenas uma parte. Quando isso acontece, fala-se de hemisferectomia funcional. Nesses casos, se restar uma mínima porção do tecido danificado, o transtorno convulsivo pode aparecer novamente.

Indicações

Sinapse

Em termos gerais, a hemisferectomia é indicada para aqueles pacientes que apresentam crises convulsivas contínuas e diárias e que não responderam ao tratamento farmacológico ou a outro tipo de intervenção cirúrgica menos invasiva.

Essa intervenção cirúrgica é indicada nos seguintes casos:

  • Hemiplegia infantil. Apenas para maiores de quatro anos que apresentam distúrbios convulsivos e mentais, e depois de verificar durante os anos que o paciente não responde ao tratamento farmacológico.
  • Síndrome de Sturge-Weber. É um transtorno neurocutâneo que se caracteriza por uma mancha facial na área do nervo trigêmeo. É indicado quando as crises começam quando a criança é muito nova e o transtorno envolve o hemisfério por completo.
  • Síndrome de Rasmussen. É um transtorno cerebral que gera um encefalite crônica e progressiva. Recomenda-se uma intervenção o mais rápido possível.
  • Hemimegalencefalia (HME). É uma doença neurológica inflamatória e rara, caracterizada por convulsões graves. A operação nesses casos ainda é fonte de debate.
  • Anormalidades do desenvolvimento cortical. Apenas quando as malformações hemisféricas são unilaterais.

Características do procedimento

Há quatro modalidades de hemisferectomia, mas em todas elas grande parte do sucesso depende do controle da hemostasia. As quatro modalidades são:

  • Hemisferectomia anatômica.
  • Hemidecorticação.
  • Hemisferectomia funcional.
  • Hemisferectomia funcional modificada.

O procedimento típico é realizado com anestesia geral. Em primeiro lugar, começa com a raspagem da cabeça e a demarcação das linhas de incisão. Logo após, é realizado o corte, deixando a dura-máter exposta. Em seguida, esta é retirada para ver o cérebro.

Com o cérebro à mostra, é marcada a área que será extirpada. Posteriormente, ela é retirada, os vasos sanguíneos são cauterizados e uma drenagem é colocada. Por outro lado, todos os planos que foram retirados são reacomodados, ou seja, a dura-máter, o osso e o couro cabeludo. Finalmente, a incisão é suturada com grampos.

Pós-operatório da hemisferectomia

Esse tipo de pós-operatório é significativamente doloroso. O comum é que o tubo de drenagem seja mantido durante 3 ou 4 dias e que, depois disso, se reavalie se é conveniente retirá-lo. Mas, antes de retirar, é muito importante realizar exames de diagnóstico do caso para estabelecer se há sangramento ou hemorragia.

As principais complicações imediatas no pós-operatório estão relacionadas com a instabilidade hemodinâmica, hipotermia e hipo ou hiperpotassemia. Normalmente, isso é controlado com sucesso na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

A ocorrência de convulsões no período pós-operatório é considerada uma complicação grave. Em torno da metade dos casos, ocorre hidrocefalia e quase todos os pacientes desenvolvem uma meningite asséptica. A taxa de mortalidade oscila entre 4% e 6%.

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Entre 70% e 85% dos pacientes submetidos à hemisferectomia conseguem controlar as crises convulsivas. Por volta de 10-20% melhoram significativamente sua qualidade de vida. Finalmente, há evidências de que algumas complicações podem aparecer tardiamente.


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