9 livros de filosofia que você deveria ler
A filosofia é aquela disciplina que questiona e reflete sobre qualquer coisa; desde fenômenos e eventos cotidianos, até temas mais profundos, como as causas e os princípios da realidade. Dessa forma, as obras e livros produzidos dentro desse ramo do conhecimento têm contribuído para a compreensão do ser humano e do mundo que o cerca desde os primórdios da história do pensamento.
A leitura de algumas dessas obras ajudará, sem dúvida, a fomentar um pensamento mais crítico e flexível; uma questão necessária hoje, onde o imediatismo e o “piloto automático” prevalecem como guias de nossas ações.
Por isso, a seguir apresentamos alguns livros essenciais de filosofia, de leitura agradável e digerível, que permitirão refletir e questionar aspectos relevantes da atualidade.
1. Tao Te Ching de Lao Tsé
O Tao Te Ching é um texto clássico cuja autoria é atribuída a Lao-Tse, um dos mais importantes filósofos da civilização chinesa. Estima-se que este grande pensador tenha vivido entre os séculos IV e VI aC; portanto, a data de publicação da obra é desconhecida.
O título do texto se traduz como “Caminho da Virtude” e seu conteúdo consiste em imagens poéticas e aforismos sobre o sistema religioso e filosófico chinês. Seus ensinamentos consistem em viver em harmonia com a lei do universo, deixando as coisas seguirem seu curso natural, sem se apegar a nada.
Este texto é lido, relido e funciona ao longo da vida, pois reflete uma filosofia mais profunda, mais sábia e mais exata do que qualquer outro livro que tenha sido escrito até hoje.
2. Os diálogos de Platão
Platão (c. 427-347 aC) é um dos filósofos clássicos cujos pensamentos transcenderam ao longo da história. Seus diálogos contêm reflexões sobre diversos temas, como: amor, justiça, virtude e vida após a morte. Entre os mais populares encontramos: Meno, Banquete, Fedro e Parmênides.
As obras de Platão representam um bom começo para quem quer começar a ler filosofia. Este autor não apenas representa os primórdios do pensamento ocidental, mas também fez reflexões interessantes sobre temas que ainda atuais.
3. Leviatã de Thomas Hobbes
Publicado em 1651, é uma das obras filosóficas mais importantes para abordar a política ocidental. Nela, o autor inicia com o estudo do ser humano em si para poder, a partir daí, estudá-lo em sociedade.
Para Hobbes, a natureza humana é egoísta, competitiva e sempre temerosa da morte violenta. Portanto, em seu estado natural, os homens vivem em uma condição anárquica, uma guerra de todos contra todos pela sobrevivência, sem distinção clara entre justiça e injustiça.
Mas, o que é que permite ao ser humano sair desse estado? Um soberano poderoso (o Estado). Um Leviatã cujo governo é consentido pela maioria dos indivíduos, que lhe cede parte de seus direitos, com a garantia de receber segurança e proteção.
4. Crítica da Razão Pura de Immanuel Kant
É uma das principais obras de Immanuel Kant, publicada em 1781. Nela, o autor reflete sobre a natureza do conhecimento humano e elabora uma nova teoria, que tenta unir duas posições aparentemente antagônicas: o racionalismo e o empirismo.
O autor conclui que o conhecimento é o resultado da interação entre razão e sensibilidade (sentidos). Desta forma, ele influenciou as ideias de filósofos contemporâneos posteriores. Na verdade, suas propostas ainda estão sendo debatidas e estudadas hoje.
5. Assim Falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche
Publicado em 1885, é um dos livros de filosofia mais famosos de Nietzsche. Contém reflexões sobre a relação da sociedade com Deus, afirmando que “Deus está morto”.
Com essa ideia, Nietzsche despoja o homem moderno da ilusão da existência de um ser superior que dá sentido ao mundo. Agora, o significado deve ser criado pelo homem para si mesmo. Portanto, em seu livro, ele faz com que o eremita Zaratustra (em homenagem a um profeta persa) desça de sua montanha para anunciar seus ensinamentos aos seres humanos.
Esses ensinamentos eram claros: não acredite sem questionar, pense por si mesmo, encontre seu próprio caminho, não me siga. Atrás deles, esconde-se a ideia do super-homem: uma entidade que todos podem usar como referência para superar a mediocridade, a credulidade e a moralidade barata, para crescer acima da própria sombra, criar novos valores e até um novo mundo. Nesse sentido, o super-homem substitui a ideia de Deus.
6. Andróides sonham com ovelhas elétricas? por Philip K Dick
É uma novela de ficção científica, do subgênero cyberpunk, publicado em 1968 pelo escritor Philip K. Dick. Embora não seja um livro que reúna uma teoria filosófica propriamente dita, seu conteúdo nos convida a refletir sobre: o limite entre o artificial e o natural; o declínio da vida e da sociedade; e os problemas éticos sobre Inteligência Artificial.
A relevância deste trabalho foi tal que ele foi adaptado pelo diretor, roteirista e produtor Ridley Scott no filme Blade Runner de 1982. A trama foi até adaptada em quadrinhos e uma peça teatral.
7. O segundo sexo de Simone de Beauvoir
O Segundo Sexo foi escrito e publicado em 1949 pela brilhante Simone de Beauvoir, e é considerado um dos livros mais importantes do século XX. Nele, a filósofa francesa reflete sobre o papel da mulher no mundo contemporâneo e o papel que o gênero feminino desempenhou ao longo da história.
É uma das obras fundamentais do feminismo, e enquadra-se numa filosofia existencialista e ilustrada. Por isso, defende uma concepção igualitária do ser humano, onde a diferença entre os sexos não altera sua radical igualdade de condição.
A principal teoria do trabalho é que “mulher“, ou mais exatamente o que entendemos por mulher, é um produto cultural que foi socialmente construído sobre o corpo sexualizado das mulheres. Portanto, a principal tarefa das mulheres é reconquistar sua própria identidade a partir de seus próprios critérios.
Leia também: René Descartes: por que ele é o pai da filosofia moderna?
8. As consolações da filosofia de Alain de Botton
É um dos livros de filosofia mais contemporâneos, publicado em 2000 pelo filósofo Alain de Botton. Neste trabalho, o autor tenta mostrar que a filosofia é uma excelente ferramenta de conforto e motivação diária. Por isso, é considerado um guia para resolver problemas cotidianos e viver uma vida melhor.
Nesse caso, Alain de Botton usa a filosofia de alguns pensadores ocidentais (Sócrates, Epicuro, Sêneca, Schopenhauer e Nietzsche) para lidar com diferentes circunstâncias da vida. Sem dúvida, esta é uma obra essencial para quem quer aplicar a filosofia no dia a dia.
9. Elogio da Dúvida por Victoria Camps
Terminamos a lista de livros de filosofia com um livro relativamente recente. Publicado em 2016, Elogio da Dúvida é um texto que enfatiza a importância da dúvida hoje, onde a pós-verdade e o imediatismo são os protagonistas em todas as áreas da vida (social, política, pessoal, etc.).
Para isso, a autora revisa as vicissitudes da dúvida ao longo da história do pensamento e ressalta a importância de aprender a duvidar. Isso implica questionar tudo o que é dado, questionar o inquestionável… Bem, em essência, é disso que trata a filosofia.
Uma lista para começar
Fazer uma lista de livros essenciais de filosofia não é uma tarefa fácil. No entanto, se você se sente atraído pela filosofia e ainda não sabe por onde começar, as sugestões que acabamos de apresentar são ideais para cultivar a reflexão filosófica e o pensamento crítico.
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- Lao Tse. Tao Te Ching. España: Editorial Alianza; 2017.
- Hobbes T. Leviatán. España: Editorial Alianza; 2018.
- Kant I. Critica de la Razón Pura. Madrid: Editorial Alfaguara; 2016.
- Nietzsche F. Así habló Zaratustra. España: Editorial Alianza; 2011.
- Dick P. ¿Sueñan los androides con ovejas eléctricas?. España: Minotauro; 2020.
- Beauvoir S. El segundo sexo. España: Editorial Cátedra: 2017.
- Botton A. Las consolaciones de la filosofía. Madrid: Editorial Santillana; 2002.
- Camps V. Elogio de la duda. 6ta Ed. Barcelona: Editorial arpa; 2016.
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