Implante inédito faz paciente de AVC voltar a se comunicar
Viva a ciência! Um implante cerebral fez um paciente de AVC voltar a se comunicar 16 anos depois de ter sofrido um derrame e ter perdido a capacidade de falar e se mover.
Pancho sofreu um AVC aos 20 anos de idade. Seu cérebro continuou funcionando, exceto pela capacidade de falar. Ele é a primeira pessoa a testar o dispositivo inovador, que seus fabricantes esperam poder lançar mais amplamente dentro de uma década.
Como funciona o dispositivo?
O implante capta os sinais elétricos emitidos pelo cérebro em direção às cordas vocais e os traduz em letras. O dispositivo usa um computador para decodificar as informações provenientes do cérebro.
Isso permite que palavras e frases sejam projetadas em uma tela – a uma velocidade de cerca de sete palavras por minuto. O dispositivo – que contém 128 sensores – foi implantado na superfície do cérebro abaixo do crânio de Pancho.
Os cientistas o treinaram para traduzir diferentes ondas cerebrais em letras específicas. O eletrodo foi implantado em 2019 e, para usá-lo, Pancho tenta pronunciar palavras-código do alfabeto fonético da OTAN, como Alpha, Bravo, Charlie e Delta.
Para dizer a palavra gato, por exemplo, o paciente precisaria tentar balbuciar as palavras Charlie-Alpha-Tango. Um computador, então, analisa esses sinais e os traduz na letra específica que eles representam.
Os pesquisadores descobriram que levava cerca de dois segundos, em média, para cada letra ser traduzida. Isso equivale a cerca de 29 caracteres por minuto ou, em média, 7 palavras.
Demora cerca de 30 segundos para ‘dizer’ frases como ‘Como vai você hoje?’ ou cerca de 10 segundos para digitar ‘Olá’.
Um total de 1.000 palavras foram soletradas pelo paciente com o dispositivo, o que representa 85% das palavras usadas no inglês falado todos os dias.
Segundo os pesquisadores, esse número pode ser estendido para 9.000 palavras. E sobre a margem de erro, o computador errou cerca de 1 em cada 16 letras.
Além disso, os estudos revelam que o dispositivo pode ser usado por pessoas com uma série de outras condições que prejudicam a fala, incluindo paralisia cerebral.
Ótimos resultados no tratamento de pacientes de AVC
Pancho era capaz de emitir grunhidos e gemidos, mas não conseguia falar palavras completas. Ele se comunicava anteriormente usando um ponteiro preso ao topo de um boné de beisebol para digitar palavras em uma tela.
Sean Metzger, neurocirurgião envolvido no estudo, disse que o paciente “aprovou o uso do dispositivo porque ele é capaz de se comunicar de forma rápida e fácil com a equipe”.
Na verdade, Pancho ficou muito entusiasmado com o resultado e usou o dispositivo para ser bem ‘sincero’. Ele contou aos pesquisadores que odeia comida de hospital!
O estudo foi publicado na revista Nature Communications.
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