Estudo indica que estresse deixa os cabelos grisalhos
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
Por muito tempo persistiu a ideia de que o estresse deixa os cabelos grisalhos, mas isso não passava de uma crença popular, sem fundamento na ciência. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Harvard constatou que não se trata de um mito, mas de uma realidade.
Existem várias lendas na história em que o estresse gerou cabelos grisalhos. Uma das mais conhecidas é a de Maria Antonieta, rainha da França guilhotinada durante a revolução naquele país. Diz-se que seu cabelo ficou grisalho em uma única noite.
Outra lenda famosa é a de Thomas More, que teoricamente também sofreu uma mudança significativa na aparência em apenas uma noite. Na verdade, existem muitas pessoas que viram alguém passar por um estágio de crise pessoal e envelhecer repentinamente. Hoje sabemos que isso é verdade: o estresse deixa os cabelos grisalhos.
O estresse deixa os cabelos grisalhos
Um grupo de cientistas da Universidade de Harvard (Estados Unidos), liderado pelo Dr. Ya-Chieh Hsu, publicou uma pesquisa na revista Nature. Após vários testes e estudos, eles concluíram que o estresse deixa os cabelos grisalhos.
O mais interessante é que a equipe de neurologistas não só provou a influência direta do estresse no envelhecimento, mas também conseguiu identificar os mecanismos que geram esse efeito. É um grande avanço.
O estresse é um mal global e, nas últimas décadas, houve inúmeros estudos sobre esse fenômeno. Ele tem sido associado a várias doenças e transtornos. O impacto na aparência física parecia óbvio, mas este estudo em questão vai um pouco além, ligando os pontos.
Um experimento revelador
Para chegar a essas conclusões, os cientistas de Harvard primeiro fizeram um experimento com ratos. Eles procuraram as possíveis influências do estresse no surgimento dos pelos grisalhos e também examinaram as várias alterações fisiológicas originadas em estados de ansiedade.
Os pesquisadores começaram induzindo um estado de estresse nos ratos. Para fazer isso, eles injetaram um composto chamado resiniferatoxina. Essa substância estimula a produção de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse.
Os especialistas partiram da hipótese de que o estresse causava um ataque imunológico ao corpo dos animais, e que isso acabava afetando as células produtoras de pigmentos. Eles acreditavam que era assim que o mecanismo funcionava. No entanto, eles tiveram uma grande surpresa, porque alguns ratos continuaram a manter os tons grisalhos mesmo depois de não terem mais células do sistema imunológico no corpo.
Diante dessa situação, os cientistas decidiram retirar as glândulas suprarrenais de alguns dos camundongos, para que eles não tivessem a capacidade de produzir cortisol. Em seguida, foram submetidos a situações estressantes e o inesperado aconteceu: os cabelos grisalhos continuaram aparecendo.
Por que esse efeito ocorre?
O grupo de neurologistas começou a descartar opções, e chegou finalmente ao sistema nervoso simpático. Este é responsável por regular a resposta de luta ou fuga do corpo. Os nervos que compõem esse sistema se ramificam e estão presentes em cada folículo piloso da pele.
Após várias análises, os cientistas descobriram que, em situações estressantes, esses nervos liberam uma substância química chamada norepinefrina. Essa substância é absorvida pelas células-tronco que geram os pigmentos capilares e que ficam próximas aos nervos.
A norepinefrina causa uma ativação excessiva dessas células. O que acontece a seguir é que elas produzem mais pigmento do que o necessário e esgotam suas reservas. Quando isso acontece, tais células não conseguem mais se regenerar, ou seja, a reserva de pigmento se esgota e cabelos começam a crescer sem ele, ou seja, ficam brancos.
O que esperar
Os cientistas apontaram que essa situação é irreversível, o que significa que uma vez perdidas essas células-tronco, não há como voltar atrás: o efeito é permanente. A pesquisa revelou que o estresse deixa os cabelos grisalhos e especificou como isso ocorre, mas ainda não se sabe por que tudo acontece dessa forma.
No entanto, trata-se de um avanço, que já levou a novos projetos de pesquisa sobre o efeito do estresse em diversos tecidos do corpo. A pesquisa ajuda a abrir caminhos para uma compreensão completa do estresse e seus efeitos.
Tudo isso é um passo à frente para que, no futuro, sejam desenvolvidos métodos que permitam reverter os efeitos do estresse . Por enquanto, o líder da pesquisa recomendou levar a vida com um pouco mais de calma. Vê-se que se preocupar excessivamente só traz efeitos negativos.
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