Câncer de intestino: os casos estão aumentando entre os mais jovens

Os casos de pessoas com menos de 50 anos que desenvolveram câncer de intestino, o câncer colorretal, têm gerado preocupação. De fato, esse tipo de câncer vem crescendo entre os mais jovens no mundo todo.
Câncer de intestino: os casos estão aumentando entre os mais jovens

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 04 maio, 2023

O câncer de intestino, também chamado de colorretal ou do cólon e reto, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus.

Os sinais e sintomas mais comuns são: presença de sangue nas fezes, dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração, alteração no ritmo intestinal como diarreia ou constipação, emagrecimento rápido e não intencional, além de anemia, cansaço e fraqueza.

Nos últimos meses, a mídia tem noticiado vários casos de pessoas famosas com menos de 50 anos que desenvolveram câncer de intestino, o câncer colorretal.

Embora não tenhamos muitos dados sobre o aumento da incidência do câncer colorretal entre pessoas mais jovens no Brasil, em um levantamento feito pelo A. C. Camargo Câncer Center com 1.167 pacientes, 20% das pessoas que receberam o diagnóstico entre 2008 e 2015 tinham menos de 50 anos.

Inclusive, dados dos Estados Unidos também mostram um aumento de casos entre os mais jovens no país.

Um estudo publicado pela American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer) estima que, em 2023, 153 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer colorretal no país norte-americano. Destas, cerca de 13% ocorrerão em indivíduos com menos de 50 anos, o que representa um aumento de 9% nos diagnósticos nessa faixa etária de 2020 para cá.

Na Europa, por exemplo a tendência parece ser a mesma: um estudo mostrou que a incidência do câncer colorretal em pessoas mais jovens, incluindo aquelas com menos de 40 anos, aumentou muito no continente entre 1990 e 2016.

Em contrapartida, desde 1985 os casos desse tipo de câncer têm diminuído entre as pessoas com mais de 50 anos, principalmente graças ao avanço na prevenção da doença entre os mais velhos. Segundo autores de vários estudos, incluindo o da Sociedade Americana do Câncer, os cânceres diagnosticados nos mais jovens tendem a ser mais agressivos.

Nos Estados Unidos e no Brasil, esse câncer é o terceiro mais comum, perdendo apenas para o câncer de mama e o de próstata.

Motivos para esse aumento entre os mais jovens

Apesar de estar aumentando, o risco de alguém com menos de 50 apresentar a doença ainda é baixo. Especialistas alertam para o fato de que a idade ainda é um importante fator de risco.

Pesquisadores e médicos ainda não têm certeza dos motivos exatos para o aumento do câncer colorretal entre os mais jovens, mas há alguns indícios.

Entre eles, o crescimento da obesidade entre crianças e adultos jovens é um dos fatores. Estudos mostram que a obesidade em fase precoce pode chegar a dobrar o risco da doença.

O uso episódico e excessivo de álcool – definido, em geral, como cinco ou mais doses em cerca de duas horas para homens e quatro ou mais para mulheres – também parece ser um fator de risco, já que a prática vem aumentando em adultos com menos de 30 anos nas últimas décadas.

O Brasil deve registrar 44 mil novos casos da doença por ano no próximo triênio, entre 2023 e 2025, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca)

O fato de jovens terem menos consciência do risco da doença pode ajudar a explicar o motivo para o câncer colorretal ser mais agressivo em quem tem menos de 50 anos: eles demoram mais a procurar o médico e iniciam o tratamento com a doença em fase mais avançada.

O fator alimentação

O desenvolvimento do câncer de intestino tem forte impacto da alimentação. Dietas pobres em fibras e o excesso no consumo de alimentos ultraprocessados, sem dúvida, contribuem para o surgimento da doença.

Segundo o Inca, os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação não saudável.

“O principal vilão é o grupo dos alimentos ultraprocessados. Esses alimentos predispõem o sobrepeso e a obesidade, estando diretamente associados a um aumento do risco de câncer colorretal”, explica a médica endoscopista Crislei Casamali.

Carnes vermelhas como de boi, porco, cordeiro e bode, entre outras, quando consumidas em excesso, podem facilitar o desenvolvimento de câncer no intestino.

“A carne muito quente libera mais ainda essas substâncias que podem levar ao aparecimento do câncer. Quanto mais torrada, frita e bem passada for, pior”, explica Antônio Lacerda Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

Prevenção do câncer de intestino

A melhor forma de prevenir esse tipo de câncer é manter uma alimentação saudável que inclua o consumo de vegetais, frutas e grãos integrais e pouca carne vermelha ou processada.

Além disso, deve-se evitar fumar, pois há várias substâncias químicas no cigarro que aumentam o risco para a doença.

Ademais, recomenda-se:

  • Praticar atividade física de forma regular.
  • Reduzir o consumo de álcool.
  • Evitar o excesso de peso.
  • Realizar exames de colonoscopia a partir dos 45 ou 50 anos (se a pessoa tiver histórico familiar, síndrome de Lynch ou qualquer doença intestinal inflamatória, os exames de rastreamento devem começar antes dessa idade, conforme orientação médica).

Além do estilo não saudável da vida, outro fator de risco para o desenvolvimento do câncer de intestino é ter histórico familiar da doença. Nesse caso, o mais recomendado é fazer a prevenção por meio de exames, como a pesquisa de sangue oculto, feita com a coleta das fezes, e a colonoscopia, indicada para todos, mesmo sem histórico, a partir dos 45 anos de idade. Já para quem tem casos de câncer de intestino na família, o ideal é começar o rastreamento a partir dos 40.

Lembre-se de que os principais sintomas do câncer de intestino são: alteração do hábito intestinal, cólicas, sangramento no vaso sanitário, nas fezes ou no papel, eliminação de catarro nas fezes, emagrecimento, anemia e sensação de evacuação incompleta. Ao perceber esses sintomas, procure atendimento médico.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.