Após 37 anos separadas, mãe reencontra filha trocada na maternidade

A vida de duas famílias de Sertãozinho, no interior de São Paulo, mudou completamente depois que elas descobriram que as filhas, hoje com 37 anos, foram trocadas na maternidade da Santa Casa da cidade.
Após 37 anos separadas, mãe reencontra filha trocada na maternidade

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 16 agosto, 2022

Uma carta da Santa Casa da cidade de Sertãozinho (SP) em abril deste ano fez a vida da mãe Maria Regina Dias do Nascimento Fernandez mudar para sempre.

O texto pedia que ela entrasse em contato com o provedor do hospital para falar de um assunto de interesse dela. O que viria a seguir desestabilizou a família. Em 1985, duas bebês foram trocadas na maternidade e uma delas era a filha de Regina.

“A sensação que eu tive é que um cometa caiu na minha cabeça. Eu liguei para minha advogada na hora e falei para ela ‘Olha, a sensação é que caiu um cometa na minha cabeça e eu preciso da sua ajuda’. Eu não acreditei. Falei ‘Não é possível’, ‘Eles estão loucos, imagina’. Trinta e sete anos. Não é normal, não está certo”, relatou.

Maria Regina disse que demorou uma semana para entrar em contato com a Santa Casa depois de receber a carta.

“Falei ‘Gente, o que eles querem comigo? Santa Casa de Sertãozinho? Não tem porquê’. Pensei na morte dos meus pais, podia ser alguma coisa relacionada. Deixei a carta. Demorei uma semana para entrar em contato e aí disseram que o provedor queria falar comigo e tinha de ser pessoalmente. Eu falei ‘Não posso, estou distante’ e pedi para ser por Zoom. E ainda bem que foi por Zoom, porque se eu tivesse ido pessoalmente, acho que não ia ter condição de sair, porque dentro do meu quarto, no Zoom, eu fiquei paralisada.”

Após 37 anos separadas, mãe reencontra filha trocada na maternidade

Como surgiu a suspeita de que houve troca na maternidade

A suspeita da troca veio à tona quando a filha biológica, Mônica Tatiane Ribeiro, de 37 anos, descobriu quando estava grávida que não era filha do casal que a criou.

“Descobri em setembro de 2021. Foi muito doloroso. Eu estava grávida, então foi um processo bem difícil digerir tudo isso. Esperei a gravidez para ir atrás da Santa Casa e encontrar a minha mãe biológica”, relatou.

Depois, Maria Regina foi orientada a fazer um exame de DNA com Mônica. “Eu estava achando ‘Vai dar negativo e está tudo certo, vou voltar para minha casa e a minha vida vai seguir normal’. Mas não. A hora que cheguei ao laboratório vi uma pessoa sentada com uma criança no colo. Fizemos o teste e não consegui voltar para casa naquele dia”, afirmou Maria Regina.

O teste teve como resultado 99,9% de probabilidade de que Maria Regina era na verdade mãe de Mônica Tatiane, e não de Thaisa, que também realizou o teste com as duas progenitoras e foi provado que, a mulher que a criou, não era sua mãe biológica.

Thaisa tem epilepsia, uma doença que costuma ser genética, mas em sua família não havia casos. Com a descoberta da mãe biológica, ela descobriu que tinha um irmão, que morreu há dois anos, com a mesma doença. “Quando eu soube que fui trocada, fiquei muito triste, comecei a chorar tanto porque fui trocada quanto porque eu tinha perdido um irmão e não sabia da existência dele. Sinto um pouco de raiva ainda. Você mora com uma pessoa que te deu tudo do bom e do melhor, só que não é sua mãe. É um baque”, explicou ela.

Após 37 anos separadas, mãe reencontra filha trocada na maternidade

A união das famílias: uma mãe que ama as suas duas filhas

Depois de toda essa confusão e transtorno, agora mais calmas, as famílias que tiveram as filhas trocadas na maternidade se aproximaram e se uniram.

Maria Regina abraçou a filha biológica, sem deixar de amar a outra filha que criou durante esses 37 anos com todo o carinho.

No final, apesar de não ter como compensar as décadas perdidas longe da filha biológica, ela terá amor em dobro dentro de casa, com Thaisa e Mônica. E assim vão reconstruir a vida daqui para frente, juntas.


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