7 dicas para prevenir a periodontite

A doença periodontal pode ter consequências graves para a saúde oral e geral. Descubra algumas estratégias para prevenir que ela apareça.
7 dicas para prevenir a periodontite
Vanesa Evangelina Buffa

Escrito e verificado por o dentista Vanesa Evangelina Buffa.

Última atualização: 27 maio, 2022

A saúde bucodental vai além de não ter cáries e exibir um sorriso brilhante e alinhado. As gengivas também merecem alguns cuidados; por isso, hoje vamos falar sobre as formas de prevenção da periodontite.

A doença periodontal é uma patologia muito comum; sua prevalência aumenta à medida em que envelhecemos. Muitas vezes o desenvolvimento é progressivo, lento e silencioso, de forma que as pessoas não conseguem identificar a sua presença.

No entanto, se não tratada a tempo ela pode levar à perda dos dentes, com consequências negativas para a fala, nutrição, aparência e saúde geral.

De fato, essa infecção oral aumenta o risco de outras doenças sistêmicas, como diabetes e doenças cardíacas. Ela também está associada a complicações durante a gravidez. Mas como preveni-la?

O que é a periodontite?

A periodontite, também conhecida como “doença periodontal” ou “piorreia”, é uma infecção bacteriana dos tecidos de suporte dos dentes. Em particular, ela compromete estruturas como a gengiva, o cimento que reveste as raízes dentárias, o ligamento periodontal e o osso alveolar, responsáveis por manter os elementos dentários fixos.

No início da doença ocorre uma inflamação nas gengivas (ou gengivite). Isso acontece como uma resposta de defesa do organismo à presença e acúmulo de placa bacteriana e tártaro, que irritam essa estrutura. O tecido gengival fica profundamente vermelho, inchado, dolorido e sangra facilmente.

Se a gengivite não for tratada, a inflamação aumenta e as bactérias atingem áreas mais profundas, levando a uma infecção das estruturas de suporte dentário.

A união da gengiva com o dente fica cada vez mais profunda e bolsas periodontais são geradas. Além disso, a destruição do ligamento periodontal e do osso provoca o afrouxamento dos dentes e até mesmo a perda dos mesmos.

Isso gera problemas de mastigação, alimentação e fala. Aliás, acontece uma deterioração na aparência do sorriso, que provoca uma baixa autoestima e o abandono de algumas atividades sociais.

Outras complicações associadas são as seguintes:

  • Diabetes.
  • Problemas cardíacos.
  • Risco de doenças neurodegenerativas.
  • Problemas durante a gravidez, como partos prematuros e nascimento de bebês com baixo peso.
O que é a periodontite?
O acúmulo de placa bacteriana e tártaro provoca complicações como a doença periodontal.

Sintomas da periodontite

A detecção precoce das manifestações próprias da periodontite facilita o diagnóstico e tratamento dela. Portanto, é fundamental estar atento aos sinais. Alguns dos principais sintomas são os seguintes:

  • Gengivas vermelhas e inchadas.
  • Sangramento gengival ao escovar os dentes ou de forma espontânea.
  • Mau hálito permanente.
  • Sensação de gosto desagradável.
  • Sensibilidade na boca.
  • Dor ao mastigar.
  • Mobilidade dentária ou dentes separados ou soltos.
  • Retração das gengivas ou dentes com coroas mais longas.

O aparecimento desses sintomas não acontece de uma hora para outra, mas sim progride gradualmente. É necessário procurar tratamento odontológico para evitar as consequências mais graves desse transtorno.

Causas da periodontite

A periodontite é provocada pelo acúmulo de placa bacteriana ao longo e abaixo da linha gengival. Esta película de bactérias e restos de comida adere às superfícies orais e, se não for removida com uma higiene adequada, pode calcificar, gerando tártaro (também chamado de cálculo dentário).

O tártaro tem a aparência de um grão duro e áspero que pode ser esbranquiçado, amarelado ou marrom. Esse cálculo se acumula cada vez mais profundamente, originando bolsas periodontais e afetando os tecidos de suporte do dente.

É importante saber que, ao contrário da placa bacteriana, o tártaro não pode ser removido com a escovação dos dentes. É necessária uma limpeza profissional no consultório para remover todos os depósitos de cálculo.

Alguns fatores que predispõem a esta condição são os seguintes:

  • Higiene dental deficiente ou inadequada.
  • Ausência de controles e limpezas dentais regulares.
  • Tabagismo.
  • Doenças sistêmicas que potencializam os danos aos tecidos de sustentação, como diabetes e osteoporose, por exemplo.
  • Alterações hormonais, como as que ocorrem durante a gravidez e a menopausa.
  • Problemas nutricionais como obesidade e deficiência de vitamina C.
  • Uso de certos medicamentos, principalmente os que provocam o sintoma de boca seca.
  • Fatores genéticos.
  • Problemas de imunidade como leucemia, HIV/AIDS ou tratamentos contra o câncer.

Também pode te interessar:  Quais são as bactérias da boca

Medidas para prevenir a periodontite

Por mais agressiva que essa patologia possa ser, existem algumas medidas simples que contribuem para a prevenção desse problema. A seguir apresentamos 7 recomendações principais:

1. Escove os dentes de forma eficiente

A escovação adequada e frequente dos dentes é uma das maneiras mais fáceis e eficazes de prevenir a periodontite. Com essa simples atitude é possível eliminar o acúmulo de placa bacteriana, responsável pela patologia.

A escovação dos dentes deve ser feita pelo menos duas vezes ao dia e, se possível, após cada refeição. Uma escova com cerdas macias deve ser usada para realizar os movimentos de limpeza da gengiva até o dente.

É fundamental dedicar um bom tempo para realizar a técnica corretamente. Deve-se cuidar para higienizar todas as faces e laterais dos dentes presentes na boca. Além disso também é necessário limpar a língua, pois bactérias se acumulam nesse local.

Para que a escova de dentes atenda a seu propósito, ela precisa estar em boas condições. Por este motivo, é aconselhável trocá-la a cada 3 meses ou quando as cerdas estiverem abertas ou danificadas. Para alguns pacientes, o uso de uma escova de dentes elétrica pode ajudar muito no controle da placa bacteriana.

2. Use fio dental

Para prevenir a periodontite é necessário incorporar o uso de fio dental à rotina de higiene bucal, pelo menos uma vez ao dia. Passar fio dental entre os dentes ajuda a eliminar a placa bacteriana e os restos de comida que ficam presos nas áreas onde as cerdas da escova não alcançam.

Irrigadores dentais e escovas interdentais também podem ser utilizadas para higienizar essas áreas de difícil acesso, pois, apesar de realizar uma escovação correta de dentes e gengivas, se a limpeza não for complementada com esses acessórios, a higiene fica incompleta.

Desta forma as bactérias entre os dentes proliferam, formam tártaro e a periodontite começa a ser uma possibilidade.

3. Escolha um creme dental adequado

Atualmente existe uma grande variedade de cremes dentais no mercado. Encontrar a opção adequada às necessidades particulares de cada boca pode se tornar um desafio.

Para escolher o creme dental correto e prevenir a periodontite, é aconselhável pedir um direcionamento ao seu dentista. Esse profissional poderá recomendar o produto que considerar mais adequado para cada caso.

Se não houver nenhuma necessidade específica, é importante escolher um creme dental que contenha flúor. Além disso, é importante procurar um produto que tenha o selo de aprovação de uma entidade odontológica reconhecida, como a ADA.

Em casos particulares o dentista pode recomendar produtos com ingredientes específicos para reduzir a formação de tártaro, tratar a sensibilidade, diminuir a quantidade de bactérias ou limitar a inflamação. Nestes casos é fundamental seguir as recomendações de tempo e frequência de uso indicadas pelo profissional.

4. Use enxaguante bucal

Embora o uso de enxaguantes bucais esteja associado a uma sensação de boca limpa e hálito fresco, a função deles vai além desses agradáveis efeitos. Os enxaguantes bucais ajudam a reduzir a placa bacteriana e a formação de tártaro, portanto, eles são capazes de prevenir a periodontite.

Esse é um método que complementa a higiene dental. Em nenhum caso substitui o uso de escova e fio dental, mas melhora os resultados.

Cabe ressaltar que existem enxaguantes  bucais com ingredientes específicos, usados para reduzir os sintomas da doença periodontal. De fato, eles são usados como parte do tratamento. No entanto, devem ser utilizados de acordo com as considerações do profissional.

5. Visite o dentista regularmente

Os controles regulares com o dentista e limpezas profissionais são outra forma de prevenir a periodontite. O dentista é a melhor pessoa para detectar os primeiros sintomas de gengivite e doença periodontal.

Por isso, visitar este profissional regularmente ajuda a controlar o estado geral da boca e a detectar precocemente qualquer problema. Como na maioria das doenças, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciados os cuidados necessários, mais simples será o tratamento e melhor será o prognóstico.

Visitar o dentista a cada 6 meses – ou com mais frequência se o profissional recomendar – permitirá a solução de qualquer inconveniente que possa surgir. Além disso, é pertinente antecipar a consulta caso apareça algum sintoma que te faça suspeitar de algum problema na boca.

Quando necessário o dentista fará uma limpeza ou profilaxia profissional para remover os depósitos de placa bacteriana e cálculo dentário que se acumularam. Em geral elas são realizados a cada 6 ou 12 meses, dependendo das condições da boca de cada paciente.

Visite o dentista regularmente.
Visitas regulares ao dentista são essenciais para cuidar da saúde bucal e prevenir doenças.

6. Pare de fumar

Livrar-se do hábito de fumar traz múltiplos benefícios à saúde. A nível oral essa é uma forma de reduzir o risco de câncer de boca, melhorar o hálito, evitar o ressecamento da boca e, claro, prevenir a periodontite.

O cigarro enfraquece o sistema imunológico, de forma que as bactérias podem desenvolver infecções gengivais com mais facilidade. Além disso, depois que ocorre um dano ao tecido, a cura é mais lenta e difícil.

7. Cuide da saúde geral

Como antecipamos, muitas patologias sistêmicas estão relacionadas à saúde bucal. Assim, doenças como diabetes, osteoporose ou distúrbios neurodegenerativos, por exemplo, podem agravar a periodontite.

As revisões regulares são uma forma de cuidar da saúde em geral. Em caso de doença crônica, tomar a medicação prescrita ajudará a evitar as complicações que os distúrbios sistêmicos provocam.

Prevenir a periodontite é possível

A doença periodontal é uma condição bucal muito comum. Suas consequências afetam não apenas a boca e suas funções, mas também a saúde, autoestima e qualidade de vida de quem a sofre.

Ninguém quer lidar com sangramento nas gengivas, mau hálito ou dentes soltos. Por isso prevenir a periodontite é de extrema importância. Portanto, vale a pena aplicar essas dicas para manter seus dentes e gengivas saudáveis.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Sahni, V., & Gupta, S. (2020). COVID-19 & Periodontitis: The cytokine connection. Medical hypotheses144, 109908.
  • Gupta, S., Mohindra, R., Singla, M., Khera, S., Sahni, V., Kanta, P., … & Räisänen, I. (2021). The clinical association between Periodontitis and COVID-19. Clinical Oral Investigations, 1-14.
  • Hernández-Vigueras, S., & Aquino-Martínez, R. (2021). Potencial Rol de la Periodontitis en la Severidad de COVID-19. Revisión. International journal of odontostomatology15(2), 335-341.
  • Corria, E. N. R., Zamora, S. L. C., Aguilera, A. M. C., Rodríguez, R. S., Milán, L. P., & Cabrera, R. E. N. (2019). Prevención de enfermedades periodontales. Métodos mecánicos de control de placa dentobacteriana. Multimed23(2), 386-400.
  • Quiñonez Cuero, V. P. (2018). Incidencia de periodontitis entre pacientes adultos y adultos mayores (Bachelor’s thesis, Universidad de Guayaquil. Facultad Piloto de Odontología).
  • Martínez, A. C. M., Llerena, M. E., & Peñaherrera, M. S. (2017). Prevalencia de enfermedad periodontal y factores de riesgo asociados. Dominio de las Ciencias3(1), 99-108.
  • Janakiram, C., & Dye, B. A. (2020). A public health approach for prevention of periodontal disease. Periodontology 200084(1), 202-214.
  • Corria, E. N. R., Zamora, S. L. C., Aguilera, A. M. C., Rodríguez, R. S., Milán, L. P., & Cabrera, R. E. N. (2019). Prevención de enfermedades periodontales. Métodos mecánicos de control de placa dentobacteriana. Multimed23(2), 386-400.
  • García, R. C., Culqui, S. F., Benalcázar, R. Q., Raymi, A. C., Navarro, M. P., & Vásquez, Ó. T. (2019). Enfermedad periodontal asociada al embarazo. Revista Científica Odontológica7(1), 132-139.
  • Preshaw, P. M., & Bissett, S. M. (2019). Periodontitis and diabetes. British dental journal227(7), 577-584.
  • Genco, R. J., & Borgnakke, W. S. (2020). Diabetes as a potential risk for periodontitis: association studies. Periodontology 200083(1), 40-45.
  • Penoni, D. C., Vettore, M. V., Torres, S. R., Farias, M. L. F., & Leão, A. T. T. (2019). An investigation of the bidirectional link between osteoporosis and periodontitis. Archives of osteoporosis14(1), 1-10.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.