Isto é o que acontece quando, por fim, você sai de um relacionamento tóxico

Apesar de essa sensação de sucesso não chegar justamente quando o relacionamento tóxico acaba, a última coisa que devemos fazer é iniciar imediatamente outro relacionamento só para “preencher os vazios”.
Isto é o que acontece quando, por fim, você sai de um relacionamento tóxico
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 11 julho, 2023

Um relacionamento tóxico desgasta, deixa a própria identidade vulnerável, dilui a autoestima e deforma o conceito básico e essencial do que é o amor autêntico, o respeito mais nobre e o sentido de convivência.

Sabemos que a palavra “toxicidade” está na moda. Que muitos usam essa expressão de maneira quase desmedida para designar condutas abusivas, controladoras ou causadoras de mal-estar emocional.

Contudo, precisamos analisar com detalhe cada pessoa antes de utilizar esse termo da psicologia popular – nunca a científica.

É que, em ocasiões, depois de um comportamento pontual pode existir na realidade algum transtorno afetivo ou de personalidade que precisaria de outro tipo de atenção e, portanto, de consideração.

Com tudo isso e antes de mais nada, queremos dizer que devemos ser cautelosos.

Pessoas complexas e relacionamentos complicados existem em abundância.

Entretanto, esses vínculos nos quais uma pessoa específica age como epicentro de mal-estar, abusos e inclusive maus-tratos psicológicos, sem dúvida, dão forma à autêntica arquitetura de um relacionamento tóxico.

Se você passou por isso alguma vez ou conseguiu sair dessa dinâmica, já sabe que o processo não é nada fácil.

Hoje, aqui em nosso espaço, queremos falar mais sobre isso.

Queremos, antes de tudo, deixar claro que o simples fato de cortar esse vínculo nocivo com um parceiro tóxico não significa experimentar uma felicidade e um bem-estar imediato.

O processo não é fácil nem rápido.

Depois de um relacionamento tóxico fica uma ferida

um relacionamento tóxico

Vamos imaginar por um momento uma pessoa que está sendo levada pela mão a um bosque muito espesso, cheio de espinhos.

Essa pessoa se deixa levar porque confia na outra. Mas sabe que essa viagem é cansativa, que lhe falta o ar, que os ramos deixam feridas em sua pele…

Nada do que vê ao seu redor nessa travessia lhe parece bonito nem esperançoso.

No fim, decide se desprender dessa mão, afastar-se para se sentir livre, para recuperar sua felicidade e permitir que a outra pessoa avance sozinha por um caminho diferente.

Quando o faz, experimenta coisas muito intensas e, ao mesmo tempo, contraditórias:

  • Mal se reconhece: como resultado dessa viagem traumática, ficaram muitas cicatrizes e feridas que ainda estão abertas.
  • Sente-se cansada e esgotada. Sente falta ar e parece não haver mais saída além de ficar um tempo quieta para se recuperar.
  • Ficou em um ponto da floresta onde não sabe se orientar. Não sabe que direção tomar agora.

Com esta simples imagem, queremos dar a entender algo muito básico sobre o que refletir:

  • Depois de sair de um relacionamento tóxico, essa mulher ou esse homem encontrará alívio, não há dúvidas. Entretanto, a sensação de bem-estar não será imediata.

O que sentirá é a necessidade de recolhimento, de se encontrar consigo mesmo, de localizar suas feridas, refletir, de pensar em que ponto de sua vida se encontra e o que deve fazer agora.

Tempo para se curar, tempo de recolhimento

um relacionamento tóxico

A última coisa que uma pessoa deve fazer depois de deixar para trás um relacionamento tóxico é encontrar um bálsamo em uma nova relação.

  • Ninguém pode se curar se deixando levar por um relacionamento imediato. Algo assim não é terapêutico nem saudável.
  • Não o é, em primeiro lugar, porque nenhuma pessoa é obrigada a remendar nossas feridas, a ser nossa anestesia, nosso remédio para esquecer.
  • O adequado é nos darmos um tempo para fazer essa viagem interior, para recobrar a autoestima, reparar a identidade, nutrir as ilusões e a confiança em si mesmo.
  • Devemos deixar de lado ódios, medos e frustrações para emergir de nossas conchas de intimidade muito mais fortes.
  • Devemos formalizar um tipo de luto muito específico no qual desafogaremos emoções, canalizaremos a raiva e, pouco a pouco, desenvolveremos essa atitude resiliente com a qual lembramos o que valemos e o que merecemos.

Só quando nos amarmos de novo é que estaremos prontos para nos deixar encontrar outra pessoa.

Minha dignidade não aceita rebaixamentos, nem novos relacionamentos tóxicos

um relacionamento tóxico

Temos certeza de que você conhece mais de uma pessoa que, depois de sair de um relacionamento tóxico, inicia um novo.

Entrar nas mesmas dinâmicas abusivas e desgastantes é mais comum do que pensamos.

  • Algo assim responde a um fato muito específico sobre o qual refletir: devemos reunir uma boa autoestima e lembrar que nossa dignidade não se vende, nem se compra, não se deixa nos bolsos alheios, nem admite rebaixamentos.
  • Poucos princípios de bem-estar psicológico são tão importantes como lembrar que merecemos o melhor, que amar não é sofrer e que, antes de sofrer um amor tóxico, egoísta e prejudicial, sempre será preferível uma solidão em harmonia.

Para concluir, com tudo o que foi assinalado antes, queremos deixar claro que o simples fato de deixar um relacionamento tóxico não vai nos fornecer uma felicidade imediata.

Precisamos nos reparar, curar a autoestima e a dignidade para se lembrar sempre de não cair de novo em dinâmicas afetivas desgastantes.

Façamos com que toda experiência nos permita obter uma aprendizagem adequada para dizer “nunca mais” ao amor tóxico.

Imagem principal oferecida por © wikiHow.com


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  • Amor, Pedro Javier, et al. “Variables psicosociales y riesgo de violencia grave en parejas con abuso de sustancias tóxicas y maltrato previo [Psychosocial variables and risk of severe violence in couples with substance abuse and previous maltreatment].” Acción Psicológica 9.1 (2012): 3-18.
  • Gayá, Verónica. “Acoso y Maltrato: La invisibilidad del origen es el gran problema de las relaciones tóxicas.” El siglo de Europa1145 (2016): 44-45.
  • Glass, Lillian. Relaciones tóxicas: 10 maneras de tratar a las personas que te complican la vida. Paidós, 1997.
  • Ross, Gregorio Armañanzas. Relaciones tóxicas: acoso, malos tratos y mobbing. Ediciones Eunate SL, 2013.

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