Dor durante a relação sexual: confira os principais motivos
Dispareunia é uma disfunção caracterizada pela ocorrência de dores durante a relação sexual. Pode acometer homens e mulheres, apesar de ser mais comum entre o público feminino.
“Às vezes, ela não sentia nada e, depois de um tempo, passa a ter dor no sexo. A dispareunia afeta de forma importante a qualidade de vida, gera ansiedade e depressão, compromete a atividade sexual e prejudica os relacionamentos”, afirma Telma Regina Mariotto Zakka, ginecologista responsável pelo ambulatório de Dor Abdominal, Pélvica e Perineal do Centro Interdisciplinar da Dor do HC-FMUSP e membro da SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor).
Telma e Neila Speck, ginecologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mostram alguns dos motivos que podem ser a causa das dores sexuais das mulheres:
Vaginismo
O vaginismo é uma disfunção sexual na mulher que ocasiona dor na penetração vaginal. Pode influenciar na saúde física e mental resultando em dificuldades pessoais e interpessoais e até conjugais, levando à diminuição da qualidade de vida.
O vaginismo nada mais é do que uma contração involuntária na região perineal, que faz com que ocorra um estreitamento no canal vaginal, tornando a penetração muito dolorida. A mulher não consegue controlar essa contração e sofre até na hora do exame ginecológico com o médico.
Normalmente, mulheres que apresentam essa contração têm um histórico emocional de abuso e de violência física ou desenvolvem o vaginismo por alguma questão emocional. O tratamento não é medicamentoso, e sim psicológico e fisioterápico.
“Existem algumas terapias sexuais que ajudam a aprender a controlar a musculatura perineal, mas nós também encaminhamos o caso para um psicólogo ou psiquiatra”, explica Neila.
Síndrome do intestino irritável
Outro motivo que pode levar a mulher a ter dor durante a relação sexual é ser portadora da síndrome do intestino irritável, um distúrbio intestinal que causa dor na barriga, gases, diarreia e constipação.
A dor não está relacionada com os órgãos sexuais diretamente. Nesse distúrbio, há uma grande produção de gases, distensão abdominal e constipação. Por afetar órgãos que estão próximos ao canal vaginal, pode causar dispareunia.
“Essa obstrução das fezes pode fazer com o que sexo seja doloroso para a mulher. Esse diagnóstico é mais difícil de ser feito, pois muitos médicos não associam essa síndrome a sentir dor na hora de manter a relação”, explica Telma. A síndrome não tem cura, mas alguns tratamentos paliativos, como mudança na alimentação e auxílio de terapia cognitivo-comportamental ajudam a deixar a doença estabilizada.
Endometriose
Uma das causas mais comuns de dor durante a relação sexual é a endometriose.
A endometriose é uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.
Os sacos de endometriose sangram e essa aderência na cavidade abdominal pode provocar dor, principalmente se a penetração for profunda e atingir a região do fundo da vagina.
Os principais sintomas da endometriose são as cólicas menstruais dolorosas e sangramento em excesso. “A mulher tem cólica a ponto de desmaiar e até chega a vomitar durante a menstruação… Também descobrimos a endometriose quando a mulher está tentando engravidar há muito tempo e não consegue”, explica Neila.
O tratamento da doença vai depender de cada caso e varia se a endometriose está em estágio inicial ou avançado. “Talvez a mulher tenha que passar por uma cirurgia para fazer a retirada dos focos de endometriose e aí fazer o tratamento hormonal com anticoncepcional”, diz Neila.
Atrofia vaginal
Causada pela menopausa, essa atrofia causa desconforto na relação. Com a menopausa, ocorre um afinamento da mucosa vaginal e o sexo pode provocar fissuras que deixam a região machucada e com uma sensação de ardência.
Geralmente, o sintoma ocorre após a menopausa, quando há deficiência na produção de estrogênio. Porém, é possível que se desenvolva durante a amamentação ou quando o corpo feminino produzir pouco hormônio.
O tratamento também varia de caso a caso, mas pode precisar de reposição hormonal e até lasers que estimulam o colágeno e rejuvenescem o canal vaginal.
Herpes
O herpes genital é uma doença sexualmente transmissível, de alta prevalência e causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos.
“A doença pode provocar uma neuropatia (dor nos nervos) na região vulvar e resultar em dor na hora do sexo”, explica Telma. O ginecologista poderá prescrever a medicação adequada para o tratamento que, normalmente, envolve remédio via oral, banho de assento e pomadas locais.
Candidíase
A candidíase vaginal é uma infecção que acomete a vagina e é causada por um fungo, o Candida, com seus diferentes subtipos.
A candidíase é uma infecção na vagina ocasionada por fungos e causa um corrimento espesso e uma irritação local.
Ela não é persistente e acontece só em determinado período, mas enquanto a mulher está com essa inflamação, ela fica com dor na hora da relação sexual. O ideal é que ela procure um ginecologista para fazer o tratamento de forma adequada e não se automedique.
Vulvovaginites
Vulvovaginite é um tipo de inflamação que afeta, ao mesmo tempo, a vagina e a vulva (a parte externa da região genital feminina), causando inchaço, coceira, corrimento e dor ao urinar.
A mucosa fica sensível, pois, por conta das coceiras, criam-se algumas fissuras e assaduras. Nesse caso, se a mulher fizer sexo com essa doença, sentirá dor por causa da inflamação. O ideal é buscar o tratamento e só depois retomar a vida sexual.
Informações: VivaBem.
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