A bichectomia apresenta riscos? A cirurgia com a qual as celebridades afinam o rosto
Cada vez mais pessoas procuram métodos para afinar e esculpir o rosto. Em grande parte, porque pretendem ter características semelhantes às aparentemente perfeitas das celebridades.
Assim , a bichectomia apresenta-se como uma das cirurgias estéticas de maior crescimento e procura. O procedimento, que envolve a remoção das bolas de Bichat, é apontado como o segredo por trás das maçãs do rosto salientes e do queixo esculpido das celebridades.
Para tirar dúvidas, conversamos com a Dra. Mar Gonzálvez, médica estética e cirurgiã bucomaxilofacial especialista em harmonização facial. A profissional nos contou todos os detalhes sobre a bichectomia, contou quem se beneficiaria com ela e quais os riscos.
Como é o procedimento de bichectomia?
A cirurgiã Mar Gonzálvez explica que as bolas de Bichat são acúmulos de gordura que todos temos na parte profunda das bochechas. São do tamanho de uma noz e estão presentes desde o nascimento.
Sua função é muito específica quando somos bebês. Estar nesse local evita que a pressão da sucção faça nossas bochechas colapsarem quando mamamos.
“O tamanho e a disposição dessa gordura são constantes ao longo da vida”, explica a especialista. “É independente da aparência do nosso rosto e de se ganhamos ou perdemos peso”.
A bichectomia, então, é um procedimento cirúrgico para retirar as bolas de Bichat. Segundo Mar Gonzálvez, a primeira coisa a fazer é “acessar essa bolsa de gordura que é profunda, localizada entre os músculos do rosto”. Depois, “com muito cuidado, separamos e retiramos”, finaliza a médica.
Ao retirar as bolas de Bichat, as maçãs do rosto ficam mais marcadas e os maxilares definidos. É algo que pode ser observado em muitas celebridades que recorreram à cirurgia.
O procedimento para extraí-las é relativamente rápido; dura entre 30 e 60 minutos. É realizado sob anestesia local com uma pequena incisão no interior da boca, para não deixar cicatrizes externas visíveis.
Quais são os resultados?
O resultado que pode ser alcançado com a bichectomia é a diminuição do volume das bochechas. Acima de tudo, mais perceptível nas pessoas com rostos muito redondos, o que conseguirá um contorno facial mais definido.
O objetivo é uma aparência estilizada, destacando as maçãs do rosto e o maxilar.
Porém, como ressalta o especialista, nem todas as pessoas se beneficiarão com a cirurgia. Em alguns casos, pode até resultar numa aparência envelhecida ou esquelética se o procedimento não for feito com o devido cuidado. É crucial que os pacientes saibam distinguir se são candidatos ideais ou não.
Aliás, a Dra. Gonzálvez nos lembra que ela promove a beleza silenciosa. Trata-se de respeitar a integridade da anatomia facial para realçar a aparência de forma elegante. Por isso, embora a influência das celebridades tenha impulsionado a popularidade da bichectomia, a profissional da harmonização facial ressalta a importância da análise exaustiva de cada paciente para garantir que a essência dos rostos permaneça.
Como é a recuperação?
A bichectomia não é um procedimento doloroso, mas a recuperação pode ser desconfortável. Principalmente porque é uma área que tende a inflamar e a formar hematomas.
Ao comparar, a cirurgiã nos diz que os dias subsequentes “são muito semelhantes aos de um pós-operatório de dentes do siso”. E acrescenta: “Durante alguns dias podemos ficar com cara de hamster, mas esses desconfortos costumam ser muito controláveis com analgésicos e anti-inflamatórios comuns”.
Para uma melhor recuperação, o especialista recomenda o seguinte:
- Siga uma dieta leve.
- Mantenha uma boa higiene bucal.
- Durma um pouco nos primeiros dias.
- Evite atividades físicas muito intensas por uma semana.
Alguns dias após a intervenção, você poderá voltar à vida normal, assim que a inflamação e o desconforto desaparecerem. A cicatriz que fica é pequena e fica dentro da boca, por isso fica invisível.
A bichectomia apresenta riscos?
Como qualquer intervenção cirúrgica, a bichectomia também acarreta certos riscos. “Embora sejam muito raros”, diz a Dra. Mar Gonzálvez.
Um dos riscos é que a mobilidade da face fique alterada por um tempo. Isso pode acontecer porque existem nervos que estão muito próximos dos músculos entre os quais estão localizadas as bolas de Bichat.
Para reduzir ao máximo os riscos, o mais seguro é seguir à risca os conselhos e tratamentos indicados pelo médico. Mas antes disso, para a cirurgiã, “é importante avaliar se o paciente é um bom candidato”, define a especialista, “além, logicamente, de realizar sempre a cirurgia em condições seguras”.
Cuidado extra deve ser tomado com pacientes que possuem uma estrutura facial que pode parecer desproporcional com a remoção das bolas de Bichat. É o caso de pessoas com rosto já fino ou maçãs do rosto proeminentes, explica a cirurgiã. O resultado pode ser uma aparência excessivamente esquelética ou envelhecida.
E estamos acostumados a ver o antes e o depois das celebridades nas fotos. Mas elas aparecem em público maquiadas, com técnicas como o contouring, que destaca muito mais as maçãs do rosto e as bochechas. A especialista conta que a maquiagem esculpe e define os traços, exagerando-os. Os resultados reais em faces arredondadas são geralmente mais sutis.
A moda dos rostos marcados não é ideal para todos
O fato de se espalharem boatos sobre atrizes e celebridades que fizeram bichectomia aumenta a popularidade e a procura pela cirurgia, afirma a Dra. Mar Gonzálvez. “A influência das redes sociais e a tendência para rostos com traços mais marcados também contribuem”, acrescenta.
Porém, é fundamental que o paciente entenda que o fundamental para a cirurgiã é realizar uma análise minuciosa da face. O objetivo será propor tratamentos adequados para realçar a beleza de cada pessoa, sem alterar sua essência, propõe a especialista.
“Isso significa que, embora alguns tipos faciais possam se beneficiar da bichectomia, em outros casos não será a opção mais adequada”, finaliza a cirurgiã. O segredo será a recomendação de uma abordagem ajustada às características, expectativas e necessidades do paciente.
