Arritmias
Revisado e aprovado por o médico José Gerardo Rosciano Paganelli
O que são as arritmias?
Em primeiro lugar, uma arritmia é uma alteração que não tem uma justificativa fisiológica, mas que afeta tanto a frequência quanto o ritmo cardíaco.
Lembremos de que a frequência se refere ao número de batidas por minuto e que o ritmo pode ser regular ou irregular. Então, as arritmias são transtornos que afetam a frequência cardíaca ou o ritmo cardíaco.
Se a frequência cardíaca aumentar porque estamos nervosos por alguma razão determinada, não se trata de algo patológico. Trata-se simplesmente de que a frequência aumenta devido à tensão que a situação nos causa. Por exemplo, quando estamos frente a alguma ameaça.
Em contrapartida, se as alterações ocorrem “sem motivo”, ou seja, quando não encontramos uma razão tangível para o aumento da frequência, então se considera algo patológico. Nestes casos é quando deve-se procurar um médico em busca de uma avaliação mais exaustiva.
As arritmias podem ser ou por aumento ou por diminuição da frequência; ou também pela alteração do ritmo normal do coração.
As arritmias se devem a:
- Transtornos na geração das batidas.
- Alterações na condução das batidas.
- Uma combinação de ambos os casos.
Taquiarritmias
Uma taquiarritmia é uma sucessão de pelo menos três batidas a uma frequência superior a 100 batidas por minuto.
Em função do ponto onde se originam se dividem em:
- Supraventriculares: a origem e encontra acima do fascículo de Hiss. No eletrocardiograma aparecem complexos QRS estreitos (<0,12 seg.).
- Ventriculares: a origem se encontra por baixo do fascículo de Hiss. No eletrocardiograma aparecem complexos QRS longos (>0,12 seg.).
EXTRASSÍSTOLES
A extrassístole auricular acontece como consequência da presença de um foco ectópico na aurícula. Ocorre uma despolarização adiantada, com o que se produz um batimento “antes do tempo”.
Depois do batimento ectópico há uma breve pausa, seguida de um batimento normal.
A extrassístole auriculoventricular acontece pelo surgimento de um impulso a nível do nódulo auriculoventricular. Como consequência, as aurículas se ativam de forma retrógrada e os ventrículos pela via normal.
As extrassístoles são muito frequentes, de fato, são o tipo de arritmia mais frequente. Não costumam supor nenhum tipo de problema e não requerem tratamento.
TAQUICARDIAS
- A taquicardia sinusal. Trata-se de uma resposta normal a muitas situações, como o exercício, a ansiedade, a dor, a febre, o consumo de cafeína, dentre outros. Não é necessário tratar especificamente a taquicardia, somente a causa que está produzindo-a. Em uma taquicardia sinusal simplesmente aumenta a frequência em que os batimentos ocorrem. Neste caso, os batimentos se originam no nodo sinusal, nosso “marca-passo real”, mas a uma frequência superior a 100 batimentos por minuto.
- A taquicardia auricular. Isso é o que se conhece como “fenômeno de aquecimento”. Origina-se em um foco ectópico auricular cuja frequência de disparo é superior à normal. Isso faz com que se iniba o foco normal e que o foco ectópico “tome o controle” produzindo os batimentos. Tem um traçado muito característico. A frequência cardíaca aumenta de forma progressiva até alcançar um máximo e diminui progressivamente de novo. É tratada com betabloqueadores ou com calcioantagonistas.
- Taquicardias ventriculares. Sua origem se situa em um foco ectópico localizado debaixo do fascículo de Hiss. A principal causa de aparição de uma taquicardia ventricular é um infarto do miocárdio antigo.
FIBRILAÇÃO AURICULAR
A fibrilação auricular é o tipo de arritmia mais frequente depois das extrassístoles.
Caracteriza-se por um ritmo muito rápido, desorganizado e dessincronizado que causa contrações auriculares ineficazes. Visto que as aurículas não estão como deveriam, o sangue se estanca dentro delas.
- A estase do sangue aumenta o risco de formação de trombos e com isso o risco de embolia. De fato, a fibrilação auricular (FA) é a primeira causa de embolia (embolia pulmonar, íctus cerebral…).
- Quando os ventrículos não se enchem corretamente, a pressão dentro deles aumenta acima do nível normal. Isso pode levar ao surgimento de um edema pulmonar.
O tratamento está focado em:
- Voltar ao ritmo sinusal e frear os ventrículos.
- Prevenir as embolias.
- Prevenir a aparição de novos episódios de arritmias.
O ritmo sinusal é conseguido por cardioversão, que pode ser elétrica ou farmacológica. Controlado o ritmo, são administrados betabloqueadores para controlar a frequência.
A prevenção das embolias é feita administrando anticoagulantes ou antiagregantes. As recorrências são evitadas administrando fármacos antiarrítmicos.
A fibrilação ventricular é resultado, normalmente, de uma taquicardia ventricular rápida e repetida. Aparece então um ritmo desorganizado, rápido e completamente ineficaz que leva à assistolia e à morte em poucos minutos.
O tempo é fundamental. Caso não tenha um desfibrilador disponível é necessário iniciar a RCP manual até tê-lo. Neste vídeo você pode ver como fazer a RCP. Por isso, é necessária a desfibrilação elétrica imediata para poder evitar a morte do paciente.
Bradiarritmias
Bradiarritmia sinusal: síndrome do nodo sinusal doente
Ocorre uma diminuição da frequência cardíaca abaixo de 60, por alteração do nodo sinusal, o “marca-passo cardíaco”. O dano no nodo sinusal pode se dever a:
- Isquemia.
- Dano farmacológico.
- Doença de Chagas.
- Algumas doenças sistêmicas, como o hipotireoidismo.
Atualmente a bradiarritmia sinusal é a segunda causa mais frequente de implantação de marca-passos.
Bloqueio auriculoventricular
Ocorre um atraso na transmissão do impulso elétrico entre as aurículas e os ventrículos.
Estas arritmias se classificam de acordo com o grau de gravidade, desde o primeiro até o terceiro:
- Bloqueio de primeiro grau: diminui a velocidade de transmissão dos impulsos, mas não se bloqueiam.
- Bloqueio de terceiro grau: todos os impulsos elétricos se bloqueiam. Se “desconectam” as aurículas dos ventrículos. Os sintomas dependerão de que o “ritmo de escape” entre em marcha. Consiste na produção de batimentos em um ponto abaixo do bloqueio, que permita continuar com o ciclo cardíaco. É necessária a implantação de um marca-passo.
- Bloqueio de segundo grau: parte dos impulsos se bloqueiam e parte não. Existem dois tipos, o bloqueio tipo 1, Mobitz 1 ou de Wenckebach, e o bloqueio tipo 2 ou Mobitz 2.
- Tipo um: a velocidade de condução diminui de forma progressiva até que se bloqueia a transmissão de um ou vários deles. Depois se recupera o ritmo normal. Considera-se benigno, e é assintomático.
- Tipo dois: o bloqueio aparece subitamente. É menos frequente, mas também é mais grave já que pode derivar em um bloqueio completo. Este bloqueio pode seguir uma sequência determinada ou ser variável. Normalmente, requer a implantação de um marca-passo.
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