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Para apoiar filho com deficiência, mãe entra na faculdade com ele e os dois se formam em Psicologia

4 minutos
“É uma superação. Eu fiz a faculdade com ele para dar apoio, mas foi iniciativa dele”, conta a mãe.
Para apoiar filho com deficiência, mãe entra na faculdade com ele e os dois se formam em Psicologia
Última atualização: 20 setembro, 2022

Uma mãe está sempre disposta a tudo pelos seus filhos. Para apoiar o filho com deficiência, Eliana Fátima Souza resolveu entrar na faculdade de Psicologia para estudar junto com Hiury Ariel, que é deficiente físico e visual.

Fazer um curso de graduação é o sonho de muita gente. E sem importar as barreiras, os contratempos, as limitações e as dificuldades, algumas pessoas fazem de tudo para ter o tão desejado diploma.

Eliana, 46 anos, já havia feito três períodos do curso de Psicologia em 2010, mas precisou trancar para se dedicar à criação dos três filhos. 

O sonho de ser psicóloga veio à tona quando, no terceiro ano do ensino médio, Hiury decidiu que também queria estudar Psicologia.Se você for fazer Psicologia, eu faço com você”, disse na época.

Eliana procurou a faculdade, em Anápolis (GO), e decidiu fazer um teste de 15 dias para ver se o filho, hoje com 24 anos, se adaptaria, devido às suas limitações.

Distância e pandemia

O maior desafio enfrentado por ambos foi a rotina de estudos. Eliana e Hiury moram em Vianópolis (GO) e precisavam viajar por quatro horas todos os dias (duas de ida e duas de volta) para chegar até a faculdade. Eles até cogitaram se mudar para Anápolis, mas desistiram, já que a família não queria ficar separada.

“O obstáculo maior era a ida e volta, eram muitas horas, às vezes o ônibus quebrava na estrada ou, quando chovia, alagava na porta da faculdade e eu não conseguia descer com o Hiury”, relatou.

Foram três anos de aulas presenciais e mais dois anos de aulas online. A dupla ainda teve que fazer estágio. Eles entravam na clínica às 13h e saíam às 17h. Depois, iam para a faculdade.

“O Hiury ficava muito tempo sentado, por isso eu levava um colchonete para ele ficar deitado pra descansar um pouco”, lembra.

Hiury sempre foi guerreiro

Hiury nasceu com hidrocefalia e mielomeningocele, condições que provocam acúmulo de líquido nas cavidades internas do cérebro e acabam gerando defeitos na medula espinhal e na coluna vertebral.

Logo após o nascimento, ele precisou fazer duas cirurgias e ficou 14 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) lutando pela vida. Depois, teve que fazer mais oito cirurgias. Aos 8 anos, por causa de um erro médico, perdeu a visão. “Ele estava evoluindo bem e já tinha sido alfabetizado”, recorda.

Um aluno aplicado desde pequeno, o agora psicólogo sempre foi aquele tipo de estudante que só aceitava notas 9 ou 10.

“Tinha dias que eu não queria ir pra aula e ele me questionava dizendo: ‘Está morrendo? Se não está morrendo, nós vamos.’ Ele não gostava quando tinha feriado e quando chegava fim de semana”, diz a mãe.

Hiury amava tanto as aulas que acabou entrando em depressão quando veio a pandemia e ele não podia mais ir à faculdade. Ele quase desistiu do curso, mas Eliana não permitiu. “Vai passar, vai passar. Nós já fizemos três anos”, dizia para Hiury.

E realmente passou! Agora, os dois comemoram a conclusão do curso e já fazem planos para o futuro. Hiury quer fazer uma pós em Psicologia do Esporte e Eliana planeja montar sua clínica para atendimento.

Todo esforço valeu a pena

Algumas histórias de perseverança inspiram e nos fazem ver que o estudo é capaz de transformar vidas. Distância, pandemia, limitações: foram muitos os obstáculos para conquistar o diploma, mas valeu a pena!

A formatura, no dia 31 de agosto, deixou toda a família orgulhosa, além de inspirar outras pessoas para que não desistam dos seus sonhos.

“Foi muito bom fazer a faculdade porque eu sabia que ia contribuir para a minha cidade. A formatura foi uma vitória de um período que não foi fácil, com pandemia e a distância. Foi uma luta”, desabafou.

Ainda emocionada com a conquista do filho, Eliana não deixa de agradecer todo o apoio que recebeu ao longo dos anos. “Eu destaco o apoio da família, principalmente meu marido e minha filha que cuidou do caçula porque na época eu ainda amamentava. Os motoristas de ônibus e os colegas da turma também ajudavam”, finalizou.

É uma história linda e inspiradora. Desejamos muito sucesso a essa dupla de psicólogos.

Fonte: O Popular

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.