Você conhece a síndrome da imersão?
A síndrome da imersão é um processo típico do verão que pode causar um leve desconforto, mas que também pode levar à morte.
A hidrocussão, ou síndrome da imersão, é uma eventualidade que envolve o sistema digestivo, a irrigação do cérebro e o ritmo cardíaco. Neste artigo, vamos explicar por que ela ocorre.
Embora tenha sido associada ao processo digestivo, suas principais causas estão relacionadas à correta perfusão do cérebro, uma consequência do chamado reflexo de imersão, que é condicionado pela diferença de temperatura entre o corpo e a água na qual vamos mergulhar.
É um processo mais comum no verão e está diretamente relacionado à mudança abrupta de temperatura que ocorre quando entramos na água. Os vasos sanguíneos ficam dilatados como resultado do calor e do sol por um mecanismo que tenta manter a temperatura corporal dentro dos limites normais.
A vasodilatação dissipa o calor do corpo e, juntamente com a transpiração, mantém a temperatura em sua faixa normal. Ao entrar abruptamente na água, que é mais fria do que o corpo, ocorre uma súbita vasoconstrição que provoca a chamada síndrome da imersão.
Por que a síndrome da imersão acontece?
Durante o processo de digestão, os alimentos se misturam com os sucos gástricos graças aos movimentos peristálticos. Esse processo requer um grande suprimento sanguíneo, o que força a redistribuição do fluxo sanguíneo, favorecendo a seção digestiva em detrimento de outros órgãos ou sistemas.
Cabe destacar que o processo digestivo não é o elemento mais importante no surgimento da hidrocussão, mas sim o chamado “reflexo de imersão”.
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O reflexo de imersão
O reflexo de imersão ocorre quando o corpo, e especialmente a cabeça, é introduzido na água. É mais intenso quanto maior for a diferença de temperatura entre o corpo e a água e quanto mais abrupto for o mergulho.
No reflexo de imersão, há uma diminuição da frequência cardíaca e uma redistribuição de sangue, contraindo os vasos sanguíneos, especialmente os da pele, para garantir um suprimento suficiente de sangue e oxigênio ao cérebro e evitar a perda repentina de temperatura do corpo.
O reflexo de imersão é muito evidente em crianças. Em pessoas com uma sensibilidade especial, causa síncope que pode provocar desde uma leve tontura até morte súbita devido a parada cardíaca.
Nosso corpo, tentando preservar a chegada de sangue e oxigênio ao cérebro, diminui a contribuição destes para outros órgãos e tecidos. Quando a diminuição do suprimento de sangue e oxigênio para o coração é significativa e repentina, pode ocorrer uma parada cardíaca, que pode causar morte súbita ou afogamento.
O processo de digestão
A digestão no estômago é um processo que permite que os componentes dos alimentos sejam separados em moléculas menores e mais digeríveis. Essas moléculas, em uma primeira instância, passam para o intestino delgado para a reabsorção de nutrientes.
A duração da digestão no estômago varia de um indivíduo para outro e é influenciada pela quantidade de comida ingerida e pela dificuldade de digestão. Por exemplo:
- Refeições exageradas com alto teor de gordura aumentam o tempo de digestão.
- Comer vegetais, frutas e carboidratos simples acelera a digestão.
O tempo de permanência dos alimentos no estômago causa uma redistribuição do fluxo sanguíneo e pode variar de alguns minutos a várias horas. Ela é responsável pela sensação de sonolência que experimentamos depois de comer devido à diminuição da quantidade de oxigênio que chega ao cérebro.
Podemos dizer que a síndrome da imersão ocorre quando ainda não terminamos a digestão e mergulhamos com uma grande diferença de temperatura entre o corpo e a água. Assim, o reflexo de imersão ocorre e pode causar desde um leve desconforto até a morte por parada cardíaca.
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Sintomas da síndrome da imersão
- Zumbido nos ouvidos
- Visão turva
- Calafrios
- Náuseas
- Vômito
- Perda de consciência
Medidas para impedir a síndrome da imersão
- Respeite o tempo de digestão antes de entrar na água. Esse tempo é variável, dependendo da quantidade e composição dos alimentos ingeridos.
- Evite exercícios físicos intensos que aumentem a temperatura do corpo e a tornem muito diferente da temperatura da água.
- Evite mergulhos repentinos. É conveniente molhar os antebraços, ombros, rosto, pescoço e abdômen com uma pequena quantidade de água para equilibrar a temperatura do corpo com a da água antes de mergulhar nela.
- Evite beber bebidas muito frias após exercícios intensos, pois elas podem causar sintomas semelhantes aos da hidrocussão.
Tratamento da hidrocussão
Como sempre, diante da síndrome da imersão e sabendo por que ela ocorre, o mais importante a fazer é a prevenção. Portanto, devemos evitar os fatores de risco que discutimos.
Porém, se a síndrome da imersão já ocorreu, devemos tirar a pessoa da água e secá-la para que ela normalize sua temperatura corporal. Em caso de síncope ou parada cardiorrespiratória, inicie as manobras de ressuscitação até a chegada dos serviços de saúde.
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